quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sapatinho de Cristal

Chegamos em Torino de trem, após 6 horas de viagem lá estávamos nós. Torino foi meu destino por dois propósitos, ver meu primo Lucas e também o Santo-sudário, a mortalha que envolveu Cristo.
O Lucas foi na estação nos buscar e fiquei muito feliz ao vê-lo. Ele está jogando futebol de salão no time da cidade e divide um apartamento com mais um jogador brasileiro, de fato, a maioria dos jogadores são brasileiros com passaporte italiano, sendo assim, podem disputar o campeonato sem problemas, como um cidadão italiano, e este é o caso do meu primo Lucas.
Falar em primo pode parecer distante, porém minha família é diferente, primo é mais ou menos como irmão, crescemos juntos e mais do que isto, creio que a maioria de nós se encontram em quase todos os finais de semana, onde uma chácara em Mairiporã é o ponto de encontro principal, em especial o Lucas que sempre foi tão ligado a mim, pois tentava de todo o jeito ajudá-lo a arrumar um time bom para jogar, quando seu pai não podia mais fazer este papel. Portanto, foi muito emocionante e gratificante para mim ver que ele estava em um time sério e se dando bem, porém muito longe da realidade imaginada de um super-star no futebol, ninguém o reconhece e na verdade o futebol de salão não é tão difundido quanto o futebol de campo e neste time conheci diversos garotos que sacrificaram sua infância e parte de sua adolescência para realizar um sonho, porém um sonho em uma quadra menor e sem platéia para te aplaudir.
Fomos também no clássico Juventus x Torino, foi muito bacana e a Juve saiu vitoriosa por 1x0 gol do são-paulino Amauri, que por sinal não me lembro dele de nenhum time brasileiro.
Torino é uma cidade bem ao norte da Itália, está tem um culto a moda e vi muitos homens andando pela rua vestidos de um jeito que se fosse no Brasil juraria que eram gays, porém não era, todos fazem sobrancelhas, cabelo cortado de acordo com passarelas, óculos enormes e sempre de grife, sapatos estilosos e etc. De repente me senti desfalcado em usar calça jeans, camisa sem estampa e tênis, mas o que posso fazer, este é o uniforme do mochilão. As ruas ao centro é lotada de lojas de roupas, a Giorgio Armani, possui um shopping nesta região, ternos e blazers que sempre sonhei estavam ali, porém a etiqueta do preço me dizia que poderia aplicar melhor este investimento.
Partimos de Torino para Milão, a fim de pegar o outro trem para Veneza, resultado dormimos na estação do trem, e além do frio, foi uma experiência a parte, de repente de pessoas super-bem-vestidas estávamos ao lado de imigrantes mal-trapilhos, loucos, pessoas descriminadas pela sociedade e etc. a estação não possuía um local de espera para pegar o outro trem e o vento gelado que nos cortava a pele foi ficando mais intenso, sendo assim, procuramos refúgio no interior dos trens ali parados, que fique claro que não poderíamos estar ali, mas era uma questão de sobrevivência, depois de uma hora e meia onde eu não consegui pregar meus olhos de tensão resolvemos procurar outro abrigo, desta vez nos encontramos em um banco de granito, que nos dava a sensação de estarmos sentados em cubos de gelo. Após uma hora de sono leve, um senhor se aproximou da gente e nos disse algo que entendemos que haveria sim uma sala de espera para a gente, saímos em busca desta e achamos um local lotado de pessoas mal encaradas, marroquinos, e outros que tinham a aparência de italianos, porém falavam outro dialeto, creio que eram napolitanos. Como eu poderia deixar minha namorada dormir em uma situação destas¿ bom na verdade não importava mais, esta sala estava quentinha. Conseguimos pegar o trem logo pela manhã com direção a Veneza.
Em Torino ninguém falava inglês, a sorte é que meu primo fala um bom italiano, então não precisamos ficar brincando de imagem e ação, para comprar alguma coisa e baladas, diversas baladas marcam esta cidade de aparência onde você é o que você veste. De repente me senti o Sebastian da C&A.

Um abraço a todos

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Na cova do Leão

Em nosso segundo dia, dia 20 de outubro fomos ao Coliseu. Ao passarmos pelas colunas de sustentação e contemplarmos como poderiam ter tecnologia para construir um estádio daquele tamanho à dois mil anos, foi algo bárbaro, não, usarei outro adjetivo, pois os bárbaros que derrotaram Roma, deixe-me ver, esplêndido.
No subterrâneo do Coliseu ficavam as jaulas e prisões, para abrigar respectivamente as feras e os gladiadores. Estes últimos por sinal tratava-se de escravos que eram confinados a morrer em batalhas, contra outros gladiadores ou contra leões e tigres, porém, muitas vezes eles encenavam batalhas onde os romanos saíram vitoriosos contra outros povos, neste caso se você fosse um romano teria uma chance grande de sair vivo da arena, agora se estivesse representando o povo inimigo já era, pois além de morrer ainda teria que encenar como foi o acontecido.
Como entramos no Coliseu pelo térreo, fomos direto a arena e olhar para cima, ainda provoca calafrios, agora imagina as arquibancadas totalmente lotadas e um outro sujeito com uma espada na mão te esperando do outro lado da arena.
Durante o império de César Augusto, nasce uma pessoa que muda a história de Roma, e esta começa a caçar os seus seguidores cada vez mais fiéis, com a ida de Paulo e Pedro para Roma, surge nesta uma realidade underground dos primeiros cristãos, onde estes não podiam exercer sua fé, mas foi no ano de 65 d.c. que a perseguição contra os cristãos se intensificou, pois atribuíram aos cristãos a culpa sobre um tremendo incêndio na cidade. Estava aberta a temporada, leões contra cristãos no Coliseu.
Depois da aceitação de Roma pelo cristianismo, o Coliseu já não mostrava jogos de morte e um terremoto devasta Roma, comprometendo também as estruturas do Coliseu. Após a queda de Roma o Coliseu, passou a ser usado como prisão e como forte-militar e logo após como de outro terremoto, como depósito de lixo, até ficar 400 anos abandonado e servindo de matéria prima para construção de casas na cidade, com isto foram retirados todos os mármores que cobriam a arena, e também as arquibancadas, as estátuas dos antigos deuses romanos foram saqueadas e assim por diante. Até que o Papa, da época tomasse posse do Coliseu, e colocaria uma cruz em uma das extremidades de sua arena, em homenagem aos cristãos que ali morreram. Ainda neste período o coliseu sofre outro terremoto que derruba parte de sua parede e a igreja se encarrega de reformar um pouco, mas sem perder sua originalidade.
Ao sairmos do Coliseu, nos dirigimos a cidade antiga, neste encontramos um mundo subterrâneo, a casa de César Augusto, o Fóro-Roman onde era decidido as leis (daí o nome Fórum em português), o templo de Rômulo, o mercado de César Trajano (este César é curioso, pois ele nasceu na Itálica terra que hoje em dia é a Espanha) e por fim o Circo Mássimo (é com dois ésses mesmo) onde tinha as famosas guerras de bigas (aquelas carroças romanas, puxadas por cavalos e que nas rodas haviam espadas em seus centros).
As ruas de Roma, são bem pixadas, o povo joga lixo em qualquer lugar, na verdade que se acostuma com a Irlanda, Escócia e Inglaterra tem problemas ao chegar na Itália, pois este povo é muito parecido com o nosso, e em uma maneira geral creio que nós, brasileiros estamos a frente em alguns quesitos, por exemplo: educação e trânsito. Aqui entendi o porque os carros italianos são tão famosos, resistentes, rápidos e etc, mas não me lembro de nenhum piloto italiano famoso, o fato é que aqui é pior que o Rio de Janeiro, quando se trata de trânsito, todos correm feito loucos, não andam nas faixas e atravessar a rua aqui é um perigo, porque eles passam no vermelho com freqüência, assim entendo que o carro italiano tem que ser muito resistente, para que um italiano dirija e muito rápido também, para que chegue à frente do outro, e ao sairmos de casa hoje logo pela manhã fomos brindados com uma batida de carro, bem de baixo de nossa sacada, batida idiota, coisa de sair da garagem, mas bem que eu estava estranhando porque já estava em Roma a cinco dias e não havia visto nada.
Outro fator que diferencia Roma de hoje em dia de qualquer outra cidade é a parte gastronômica, aqui come-se muito bem, e de forma barata, se em Dublin temos a opção McDonald’s ou Burger King, estes não fazem sucesso algum, até porque é difícil encontrar uma região da Itália que não tenha dado o nome para alguma comida, por exemplo: Lingüiça Toscana (região da Toscana), Bife a Parmegiana (região de Parma), Presunto de Parma (poxa de novo) Bife a Milanesa (Milão), Espaguete à Bolognesa (região de Bologna) e etc.
Portanto Roma foi o local que mais gostei, até agora, perdi o trauma do sorvete italiano, adorei sua culinária e muita cultura de um lado e do outro da rua, só é preciso tomar cuidado para atravessar a mesma.

Um abraço para todos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Á César o que é de César

Chegamos em Roma, sem a necessidade de passarmos pela imigração, sendo assim não tivemos que responder nenhuma pergunta ou etc. mas foi bem desgastante nossa chegada.
As informações não são corretas e seguir uma placa pode ser um erro, pois de repente a placa acaba e você não está onde gostaria.
O trânsito gerado por uma manifestação nos fez ficar 2h30 dentro de um ônibus, 30minutos a mais que levamos para ir de avião de Paris para Roma. Na estação onde deveríamos pegar um metrô ou ônibus não conseguimos informação e nem um guia para irmos ao Hostel, por este motivo a Clara entrou em desespero e abriu o berreiro, para que as pessoas na estação não pensassem que eu estava batendo nela resolvi pegar um táxi. O motorista era um cara bem simpático e falava ítalo-inglês, e nós nos encarregávamos de compreender. Este tinha um conhecimento completo do campeonato brasileiro e me perguntou que time eu torcia, respondi e ele falou que adorava o São Paulo, ele sabe que o time italiano em Sampa é o Palmeiras, mas ele gosta mesmo é do São Paulo, até aí tudo bem, achei que ele estava sendo simpático, mas depois que ele me falou até mesmo sobre os pontos do Ipatinga, vi que realmente ele gostava do futebol brasileiro.
Chegando em nosso Hostel fomos muito bem recebidos, e o rapaz responsável pelo Hostel foi o primeiro italiano que falou inglês comigo aqui. Nosso quarto era super limpinho e havia uma varanda que nos dava vista para a rua, o problema para variar era no banheiro, mas desta vez não era sujo, até muito limpo viu, o problema era o chuveiro que não esquentava direito, eventualmente, quando esquentava tínhamos apenas 3 minutos até que a água ficasse gelada novamente.
Roma é uma cidade fantástica, creio que o melhor destino que fui até agora e recebemos nele a presença do Paulo e da Tanira, que vieram de Dublin para passar o aniversário comigo e também claro conhecer Roma.
Roma foi fundada pelos irmãos Rômulo e Remo, que segundo a lenda foram criados por uma loba, sendo assim, a loba é o símbolo da cidade, e deles descenderam todo o império romano que conhecemos dos livros e também dos filmes.
A cidade também é dividida por um rio e ao sul deste rio ficam as ruínas da antiga Roma, creio que poucas cidades no mundo tiveram maior derramamento de sangue do que Roma e aqui respira-se história, mas esta de outra época, uma época muito longínqua.
Logo na saída da estação “collosseo” encontramos algo gigante mais ou menos do tamanho do estádio do Morumbi, só que dois mil anos mais velho, porém não conheci ele internamente, não ainda.
Encontramos com nossos amigos no domingo e fomos para o Vaticano. Ao entrarmos na cidade e vermos a praça São Pedro, que em uma de suas extremidades, encontramos a famosa janela do papa sobre a Basílica de São Pedro, não tem como não se emocionar. Pegamos uma fila enorme e ao entramos na basílica não consegui me conter e entendi ali o motivo pelo qual rezei todos os dias da minha vida nos últimos 26 anos, um lugar mágico onde realmente se sente a presença de Deus um lugar sagrado, fomentado por diversos turistas que sem o menor respeito, entram em uma casa e nem se quer cumprimentam seu dono, apenas disparam flashs e vão embora, de que vale a fotografia de uma igreja se você esquecer seu coração do lado de fora¿ Assisti a missa, comunguei e fomos até o sepulcro papal. Lá estão enterrados todos ou pelo menos a maioria dos papas, muitos caixões com ornamentos, símbolos, esculturas e uma placa que dizia o que fez durante seu regime papal, quando de repente avisto um amontoado de pessoas sobre uma cova, está é simples apenas fechada com o mármore da mesma cor do chão, diversas cartas e apenas um nome, sem fotos, sem bibelôs, sem placa dizendo seus atos, e este nome era João Paulo II, o primeiro Papa não italiano dos últimos 400 anos, o Papa que pediu perdão ao mundo pela época da inquisição, o papa que teve e pregou o respeito a outras religiões, o papa que construiu, pois o bem constrói e o mal destrói. Mas foi em outra cova que me emocionei, esta possuía todos os pisos trabalhados e um altarzinhos para que os fiéis pudessem fazer suas preces, este era Pedro, o apóstolo que Cristo confiou e apóstolo que cortou a orelha de um soldado romano e logo após negou Cristo três vezes, porém anos mais tarde em seu martírio pediu para que fosse crucificado de ponta-cabeça, pois se o mestre dele foi crucificado ele não era digno de ser da mesma forma. E ali, a uma parede de distância, entendi mais do que nunca, que minha fé não é em vão.
Espero que um dia, apenas por um dia, todos consigam sentir o que eu senti naquele momento e espero que um dia, apenas por um dia, você consiga transmitir o que sentiu, pois foi isto que Cristo fez, afinal, dê a César o que é de César e ao Pai o que é do Pai.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Escada para o céu

Minha primeira impressão de Paris não foi das melhores, ao chegarmos na estação Saint Pancras em Londres com destino a estação Gare du Nord em Paris o oficial responsável pelo controle migratório ao ver nosso passaporte verde já nos chamou de lado e começou a questionar:
- Posso ver sua passagem de volta?
- Na verdade nós iremos de Paris para Roma.
- Posso ver o bilhete do trem?
- Eu tenho este papel aqui que diz o número do vôo, mas não é o bilhete, pois hoje em dia nós compramos pela Internet e só recebemos o ticket na hora.
- Hum, quanto tempo vocês pretendem ficar na França?
- 4 dias senhor.
- Qual o motivo da viagem?
- Terminamos o curso de inglês em Dublin e estou viajando pela Europa, veja está já é minha terceira parada.
Passado este desconforto que ocasionou em fila e muitas pessoas me olhando como se fosse terrorista, fomos até o trem e tivemos uma ótima viagem, particularmente, eu adorei viajar de trem, odeio o clima de aeroporto, pessoas desesperadas correndo e sem contar que não temos muitas paisagens pela janela do avião, coisa totalmente diferente quando o assunto é trem, demora mais, mas você não chega ao destino moído.
Desembarcamos na estação Gare du Nord, e se o metro de Londres era super simples de entender, o de Paris era difícil pelos dois, a estação creio que seja a maior da cidade. Comprar bilhete para ficar quatro dias é complicado, pois a cidade é dividido em áreas e cada área com seu respectivo valor e como turista que acabara de chegar, não sabíamos em que área ficava qual ponto turístico, portanto, pedi ajuda a atendente e está me indicou a forma mais barata, trata-se do bilhete laranja. Após muito ler, finalmente achei o caminho para o hotel que ficaríamos em Paris.
Compramos o pacote de hotéis e hostels pelo site,
www.hostelword.com e lá encontrei a opção “budget hotel” que seria como hotel econômico, e escolhi um quarto sem ter a necessidade de dividi-lo com algum estranho.
Chegamos ao Hotel e a moça que me atendeu (muito grossa por sinal) me falou que o banho era cobrado €2,00, e nos perguntou:
-Vocês vão querer com banho?
-Claro!
Aí fiquei pensando: Será que tem gente que escolhe ficar sem tomar banho? O quarto possuía um cheiro de mofo desgraçado, mas o banheiro era limpinho e o chuveiro é excelente.
Paris possui muito entretenimento, mas não são todas as pessoas que falam inglês, porém não encontrei aqui o mito: “Francês odeia falar inglês” não vi isto, muitos até ficavam feliz pois viam em nós a possibilidade de treinar seu inglês, apesar que treinar inglês comigo é complicado, creio que acabávamos treinando mímicas, apesar que agora acho que engano bem.
Paris é conhecido por sua gastronomia, e a França conhecida pelo vinho, especialmente das regiões de Bordeaux e Borgonha, quando se junta os dois então, é algo fantástico. Barraquinhas vendem crepe na rua como vendem cachorro quente no Brasil e este é muito bom, mas você tem que desencanar da higiene, pois eles pegam no dinheiro e logo em seguida na sua comida sem nenhum problema, alguns cínicos ainda usam luvas, mas fazem a mesma coisa, pegam dinheiro com a luva.
Aqui eu vi algo que nem sabia que existia, uma loja de queijo, esta tem diversos tipos de queijo com sabores e aromas diferentes, e vinhos, muitos rótulos que no Brasil custariam na faixa de R$ 40,00 aqui se encontra por €4,00, reparei que Dublin realmente é mais caro que Paris neste sentido.
A torre Eiffel é linda e enorme, fizemos uns videozinhos para que vocês possam entender, porque é muito complicado explicar o que vi.
Realizei um sonho, creio que, muitas pessoas têm o mesmo, mas quando se está aqui, consegui entender o porque Paris sempre atraiu artistas e inventores, por exemplo: a primeira fotografia tirada na história foi dos telhados de Paris, e esta demorou 8h para sua revelação, Van Gogh passou boa parte de sua vida trabalhando na cidade, pois para ele a cidade o inspirava, o mesmo aconteceu com Monet, que deu a idéia do impressionismo, e foi aqui em Paris que conseguiu levantar vôo em frente uma platéia que homologou sua invenção e também que consagrou Alberto Santos Dumont.
Ouvir o nome Paris, não tem como não me lembrar da minha Vó, ela sempre deixou claro que o sonho dela era vir para cá, foi ela quem me deu meu primeiro livro, e foi também ela que me deu meu primeiro livro bom, “O pequeno príncipe” do autor francês Antoine de Saint Exupéry, assim como foi ela quem me contou diversas histórias relacionadas a França, que me impulsionou à vir pra cá, mas não sei algo me diz que ela está comigo neste momento, pois os filhos devem realizar os sonhos dos pais e ser neto é ser filho duas vezes, não é mesmo?

Um abraço à todos

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Altos, Baixos e Subterrâneos

Nos dirigimos para Londres às 9h da manhã de trem, após cinco horas de viagem, muito confortável por sinal, chegamos na estação Saint Pancras. Pessoas, muitas pessoas, de fato, me senti de volta a São Paulo, uma cidade multi-cultural com diversos sotaques e idiomas. Os espanhóis são maioria quando se trata de turistas aqui, e como possuímos um traço tanto quanto hispânico, as pessoas geralmente tentam falar comigo em espanhol, o que me causa uma certa revolta, pois fiquei 8 meses estudando inglês, para conseguir me comunicar em inglês, e hoje até esmola me pediram em espanhol.
Chegamos ao Hostel, e este teve uma apresentação muito melhor que o de Edimburgo, até porque, se fosse pior, seria complicado. Bom, agora estamos em um quarto com mais duas pessoas, o clima do hostel é muito legal, pois diversas pessoas e em geral jovens se conhecem e trocam experiência nestes locais, e neste assim, vejo o quão importante é falar inglês, e até sinto que possuo um bom nível.
Londres é uma cidade fantástica, creio que a maior capital da Europa, e com certeza uma das mais fascinantes. O vestígio das guerras na Inglaterra é muito forte, diversas praças e exposições retratam o tema, e claro, as vitórias do império. Uma curiosidade é que todos os países que fui, pertencente á Grã-bretanha (grupo formado por: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) mostravam muito sua bandeira ( no caso da escócia azul com o X em branco, da Irlanda do Norte branca com uma cruz vermelha e um brazão ao meio, e do país de Gales branca e verde com um dragão vermelho ao meio), foi o caso na Irlanda do Norte e também na Escócia, agora aqui na Inglaterra, eu não vejo a bandeira branca com a cruz vermelha, sempre vejo a bandeira da Grã-bretanha, sendo assim, em minha ótica fica claro que a Grã-bretanha na verdade é a Inglaterra.
Em nosso primeiro dia fomos ao famoso Big-Ben, e foi muito emocionante pra mim, uma vez que só via aquele prédio por fotos ou filmes, mas poder vê-lo ao vivo, foi algo marcante. Logo após subimos na London Eye (olhos de Londres) que é uma roda-gigante do outro lado do rio thames, que assim como a maioria das capitais européias, dividem a cidade ao meio.
O museu Madame Tussaud, museu de cera de Londres, foi uma atração a parte, o primeiro setor é dos atores e personagens de Hollywood, e assim vai passando por áreas como música, política, e claro a guerra, nesta, entra a história da Inglaterra contada sobre versão deles, é claro. Ao sair da aula, nos dirigimos ao setor do horror, e este retrata a revolução francesa como carro forte. Vejo também que o único país que a Inglaterra já temeu foi a França em especial na época de Napoleão.
Hoje pela manhã fomos ao Stanford Bridge, estádio do Chelsea Futebol Clube, visitamos todo o estádio e o museu também, este trata os torcedores como clientes, e não como simplesmente torcedores, acho que os clubes brasileiros tem muito a aprender com o Chelsea.
Agora o mais fascinante substantivo de Londres, é o metrô, este vai de todo o lugar a todo o lugar, muita facilidade e diversos itinerários para escolher, só que não aconselho para quem tenha claustrofobia, pois o treco é apertado. Entrando na estação Victoria Station estava me sentindo de volta a praça da Sé nos horários de pico, e nunca pensei que iria dizer isto, mas me senti em casa.

No woman no cry

Saudades é algo que falo com muita freqüência no blog, mas esta talvez seja de forma diferente, a expressão saudade em português não tem uma tradução clara no inglês, você pode dizer que sente falta, mas não é o mesmo que ter saudades, e não é mesmo.
Como falei no texto anterior, na escócia eles dão muito valor a família, ou ao Clã, e reparei que devo ter vestígios escoceses neste caso, pois a família é algo muito importante pra mim e quando se fala em família, claro, devemos sempre lembrar de nossa mãe. Portanto, estou aqui em um Pub que possui wire-less grátis para escrever este pequeno, e talvez, desapercebido texto para minha mãe. De fato, não iria escrever nada sobre isto, mas as palavras de Bob Marley em uma música tocada de fundo me convenceu do contrário.
Um beijão pra minha mãe e pro meu pai.
Sinto muito falta de vocês, na verdade sinto mais que isto, eu sinto saudades.

domingo, 5 de outubro de 2008

Do outro lado da Ilha

Primeira parada Edimburgo. Que fique claro que foi complicado não ser a única. Uma cidade linda, onde se encontra o moderno e o medieval, de fato se você não gostar de subidas e decidas, é melhor ficar no Hotel, no meu caso o Hostel.
Para quem não sabe o que é um Hostel irei exemplificar, trata-se de um amontoado de tijolos onde é dividido por quartos, de 8 a 16 pessoas por quarto, portanto se vê ou melhor se ouve de tudo, deste a vida sexual de alguns casais até o ronco ensurdecedor do maluco da cama ao lado, peidos e runidos noturnos nem entram na história, porque tanto faz, já que você está com um caminhão Scania de seis marchas parado na sua orelha. O banheiro é comunitário, ao chegar aqui me arrisquei a usá-lo para o número dois, e o que posso dizer é que preferia ter ido no banheiro da rodoviária do Tietê, agora comprei um kit limpeza para minha próxima vez, quem por sinal está demorando um bocado, acho que fiquei tímido.
Na sala de banho que não faz parte do banheiro convencional é parecido com um banheiro de academia segundo minha namorada, porém como academia nunca foi meu forte, para mim parece o banheiro de um presídio, mas neste, eu até posso pegar o sabonete no chão pois tem tapumes que dividem os chuveiros, pisar no chão sem chinelo é atestar suicídio, se bem que dizem que urina faz bem para micose eu prefiro não arriscar, em verdade tive a impressão que a cada banho fico mais sujo. Agora deixando de lado o hostel, vamos para o que interessa: A cidade.
A Prince Street é a avenida central, e esta mesma divide Edimburgo em duas, no lado norte temos a cidade nova e do lado sul a parte antiga, quando digo antiga, digo, antiga mesmo.
Em geral construções de 800 até 1600, ou seja, mais de 800 anos de arquitetura e histórias, muitos contos e histórias que dariam pra encher um livro e que J.K.Rowling, seja minha testemunha, pois foi vendo as paisagens da escola Hogwarts que ela escreveu suas primeiras páginas de Harry Potter. Outra lenda é que no século 17 Edimburgo estava sendo atacada por zumbis, estes levantavam de suas tumbas após morto e aterrorizavam a população local, os criminosos eram enforcados no mercado principal da cidade, diante de platéias enormes, um irlandês que veio para a cidade e matava pessoas para vender seus corpos para pesquisas em universidades teve uma platéia de mais de 25.000 pessoas para ver sua execução.
Assim como os irlandeses os escoceses não gostam dos ingleses e esta concorrência gerou vários conflitos ao longo dos tempos, atualmente a Escócia possui seu próprio parlamento, não sendo mais tão dependente da Inglaterra.
A importância dos Clãs na escócia é algo muito grande, você deve ter sobrenome para se notado aqui, cada família tem um brasão e também um tipo de malha (tecido que é feito o Kilt a saia escocesa), um país muito folclórico e creio que o vestígio Celta seja mais forte aqui em Edimburgo do que em Dublin.
Aqui não vi muitos imigrantes como vi em Dublin, como a Grã-Bretanha não faz parte da União européia as restrições com imigração são mais severas, e os que conseguem preferem ir para Londres, mas sinceramente achei Edimburgo com muita oportunidade e não sei se Londres realmente seria um bom destino, mas em alguns dias poderei afirmar com maior precisão. Portanto estamos apenas em nosso segundo dia de viagem e amanhã viajaremos para os Highlands (terras altas em português) região do monstro do lago Ness e do lendário cavaleiro imortal, que assim como a rainha da Inglaterra e a Derci Gonçalves só morre se cortarem a cabeça, neste caso temos apenas mais dois disputando o título. Bom a gente fez um videozinho que está no youtube, segue o link: http://ie.youtube.com/watch?v=Yts9g3g0iAY

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fazendo as malas

Está acabando um ano que certamente será um divisor de água em minha vida. Despedidas e mais despedidas, agora sinto como um adeus dói no peito, pois sei que será complicado de reencontrar esta turma no Brasil. Aqui como existem muitos brasileiros, e muitos na mesma faixa etária e objetivos que você, a cumplicidade toma uma força muito grande e você repara que esta realidade underground em que você vive aqui na Irlanda, que muitas vezes te derrubou por indiferenças, te deixou muito mais forte e fez você conhecer pessoas que provavelmente passariam desapercebidos em qualquer calçada de São Paulo.
Fizemos um mini leilão este final de semana, e a cada lance que meus amigos davam um pedaço da minha casa ia embora, no final de 4 horas vi minha casa se desfazer. Que graças a Deus nos rendeu um valor de €146,00 dinheiro suficiente para pagar as despesas da mini festa. Por falar nisto, não sabia que meu apartamento era tão grande contem comigo: Eu, Clara, Bianca, Bruno, Thiago, Maira, Murilo, Thiago baiano, Eric, Tarsila, Bruna, Paula, Alex, Marilene, Juliana, Rafael, Ana Paula, Marcelo, Fábio, Paulo e Tanira (agora sem acento) no total de 19 pessoas em um quarto e sala, mas que parecia um palacete. Muita cerveja e Hot-Dog fizeram o cardápio dos convidados, mas foi quando a festa terminou, que vimos o que estava pela frente.
Começamos a empacotar as coisas para entregarmos o apartamento no dia 30 e como juntamos bagunça em um curto período de tempo. Para fazer as malas recomendo não dobrar as roupas como é habitual, se colocarmos as roupas mais esticadas possível no meio da mala conseguiremos aproveitar melhor o espaço, e nos vãos que se formaram ao redor da mala, é o espaço suficiente para colocarmos toalhas e miudezas.
Depois da despedida do apartamento resolvemos nos separar de endereço, sendo assim a Clara ficou na casa da Bianca e do Bruno e eu fui para a casa do Fábio.
Fazer a mochila para um mochilão é muito complicado, pois devemos levar só o extremamente necessário e saber quais coisas serão é muito difícil. Despachar a bagagem de um mochilão o fará perder tempo no Aeroporto e sem contar nas chances da bagagem ser extraviada, portanto aconselho comprar uma mochila de no máximo 40L, e esta deve pesar por volta de 10k, para que você consiga levá-la como bagagem de mão e muito mais importante que isto, consiga andar com ela caso não encontre um locker.
Os lockers são tipo armários de rodoviária, onde você pega a chave e paga por dia para deixar suas coisas lá, dando a praticidade de andar com uma mochila menor nas costas durante o dia. Outra dica é comprar toalhas especiais de viagem, encontrada nas lojas de camping e uns elásticos com ganchos na ponta para servir de varal durante as noites, e sei que é complicado para as mulheres, mas apenas um tênis é o ideal. Sobre roupas minha mala possui: 5 camisetas, 7 cuecas, 2 calças jeans, 7 pares de meias, 2 cirolas ( para quem não sabe são calças coladas no corpo que ajudam contra o frio), 3 blusas de frio e 1 casaco pesado para o frio, afinal de contas estar na Alemanha em novembro não é a coisa mais indicada, porém é o que faremos.
Portanto está é minha última postagem de Dublin e estarei levando o laptop apenas para manter nosso blog atualizado, com muitas fotos e histórias curiosas. Portanto até Edimburgo, nossa primeira parada.
Na quinta feira aqui no Pub próximo da casa da Bianca realizei um sonho, cantei U2 One em um videoke e modéstia parte cantei bem, tive que ter muita coragem, pois qualquer erro de pronuncia aqui pode ser vexatório, mas fui e foi muito bacana, todos me aplaudiram.
Um amor, Um sangue, uma vida, você tem que fazer o que deveria, uma vida com alguém, irmãos e irmãs.