quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Último Passo


Eu e a Clara não conseguimos pegar o mesmo vôo, ela foi doze horas depois de mim, fazendo escala por Frankfurt e eu fazendo escala em Amsterdam. Meu vôo foi super tranqüilo, e senti a diferença em poder me comunicar em inglês, pois fiquei nove horas conversando com um gringo sentado a meu lado.
Duas filas estavam formadas para o controle imigratório, e para minha surpresa a fila para brasileiros era muito menor, não tem como esconder, pela primeira vez senti um sorriso de vingança moldando meus lábios. Estava distraído quando ouço: - Próximo! Nossa fazia tempo que eu não ouvia português e este foi meu primeiro contato com o idioma, logo após suspirei e pensei: - Estou em casa.
O governo brasileiro nos manda uma ficha a ser preenchida ainda dentro do avião dizendo que você não possui nada a declarar, o máximo de mercadoria autorizado a entrar no Brasil é no valor de quinhentos dólares, ou seja, nada.
Passando pelo controle alfandegário, me dirigi a uma porta de vidro que de repente se abre e ouço um grito de comemoração, reconheço as vozes e vejo um punhado de pessoas familiares que minha lembrança ainda se recordava, fiquei anestesiado, sem reação, mas foi muito legal.
O carro era outro, algumas pessoas foram pegas por determinadas rugas nos cantos dos olhos, uns mais magros, outros mais gordos, e reparei que não foi só eu que havia mudado, o mundo ainda continuava girando do lado de cá do planeta.
Fui para casa, e ao entrar chorei muito, pois só quando pisei em casa é que me dei conta que havia voltado, o sonho acabou, agora eu tenho que ser forte. Comi pizza paulistana, dormi cerca de seis horas e me dirigi ao aeroporto para buscar a Clara, eu, minha mãe e o Marcelo fomos dar as primeiras boas vindas.
No sábado um churrasco já estava organizado para nossa recepção e este foi muito especial, costela de boi, picanha, contra-filé, frango, alcatra e claro muita cerveja. Uma roda de pagode “Simplisamba” dava um toque de Brasil a nossa festinha, farofa, arroz, feijão, capricho e muito amor, também fazia parte do cardápio. ( veja vídeo no youtube)
Assisti a vitória do São Paulo na casa do meu amigo Cleber como nos tempos de antes, e depois tratei de colocar material no carro e ir para o Rio de Janeiro.
Pouca coisa mudou por aqui, chegamos por volta das 3 da manhã domingo e o som do funk no morro do Turano ainda estava bem alto, ecoando como uma bomba, uma bomba de mal gosto e desrespeito, uma vez que as letras, bom você sabe. Passado alguns minutos o tiroteio começou e pronto, senti muita falta da Irlanda, onde o perigo é apenas tomar alguns bofetões de adolescentes vagabundos, mas que em qualquer favela do Rio não passa de uma moça indefesa.
A loja do Rio está muito bem, minha mãe muito feliz com seu namorado, meu pai aparentemente se estabilizou com a nova família dele, mas não esqueceu de nós, minha irmã indo bem de vida de casada com o Leco, minha sobrinha super linda e engraçada, ela não tem mais cara de neném, já possui cara de criança, meu irmão na faculdade e eu vendo o que perdi e o que ganhei com esta saída. Um passo muito importante da minha vida, cresci muito nestes últimos dez meses, vi paisagens fantásticas, aprendi um idioma, aprendi a me virar e aprendi a gostar de mim, de forma natural, nestas 77 postagens, que me esforcei para escrever e a transmitir para todos minhas dificuldades, sentimentos e etc. me serve de marca página, pois se algum dia eu estiver confuso com o próximo passo de minha vida, me lembrarei sempre do passo irlandês, me lembrarei sempre de vocês, me lembrarei de cada semana que passei do outro lado do Atlântico, me lembrarei de mim.
E este sim é um ponto final, pois toda história tem um começo, um meio e chegamos agora a um fim.
E esta foi minha declaração para o passoirlandes.blogspot, agora deixe a sua.
Vejo vocês em minha próxima aventura, até lá guardarei meu casaco.
Obrigado pela companhia
Tchau

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Do lado esquerdo do peito

Este é meu ultimo post em Dublin, dentro de poucas horas estarei dentro de um avião com escala em Amsterdam e me dirigindo para Sao Paulo. Chegarei em Sampa por volta das seis da tarde, e lá eu sei que encontrarei minha família e amigos, que há muito tempo não vejo, por falar em família, tive ao todo 6 festas de despedida aqui em Dublin, desde que chegamos do mochilão, ainda não conseguimos parar e descançar, nossas malas estavam enormes, e muito mal distribuídas, não encontrava meu passaporte, e passei por um surto psicológico, mas enfim, acabou.
Será que eu quero mesmo que acabe. E impossivel escrever este texto sem lembrar de meus amigos e não me emocionar, como nós, estudantes, estamos longe de nossas famílias, nos apoiamos em pessoas que nem conhecemos, mas em um curto período de tempo se tornam fundamentais em nossa vida. Com uma certa frequencia não tinha lugar para dormir, e me sentia muito feliz ao ser convidado a dormir na casa de um dos meus novos irmãos e irmãs, ao sentir saudades de seus pais, ou de seu país, não há nenhum lugar mais confortável do que o ombro destes.
Recebemos um quadro, um troféu, neste continha a frase de adeus de alguns eternos amigos, a frase “SEE YOU” é súbitamente substituida pela palavra “Good Bye” e esta como é pesada.
Cruzei o oceano para aprender ingles, e o que eu aprendi na verdade é o valor de uma amizade, quanto custa um amigo?
E agora me sinto feliz, na verdade, me sinto aliviado, pois consegui chorar, consegui colocar pra fora tudo que eu sentia a cada adeus acumulado, consegui chorar, mas acima de tudo consegui pensar que este passo irlandes, foi o passo mais importante de minha vida.
Um lugar fantástico, de tradições fortes, de lendas e mitos, mas de pessoas acolhedoras.
Como dói voltar, e como dói ficar, deixo aqui a certeza que arranquei diversos sorrisos com meu senso de humor, portanto, não irei mais chorar, resta agora apenas, rezar para meus irmãos de Dublin.
Fábio, Bianca, Bruno, Tiago Baiano, Paulo, Tanira, Erick, Tarsila, Murilo, Juliana, Tiago, Maira, Vitor, Rafael, Ana, Elton, Marcelo, Deise, Michael, Joao, Sushi, Paula, Bruna
A lista é grande, portanto me recuso a exercer o poder do ponto final.
Devo partir o taxi chegou.

Ps. Espero que um dia minha familia do Brasil possa conhecer minha família de Dublin.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

No meio da cruz

Já estive em Zurich algumas vezes, porém, cada vez de forma diferente, muito diferente da outra.
Chegamos à cidade de trem, preferimos passar 12 horas dentro da locomotiva a ter que ficar se preocupando com peso de bagagem e com o stress do aeroporto. Uma das grandes vantagens ao chegar de trem é que ao desembarcar nós já estamos no centro da cidade sendo assim o tempo até achar a acomodação é menor, mas neste caso, nossa acomodação era cinco estrelas, pois estávamos em uma casa de família e o que é melhor, da minha família. Já fazia um tempo que eu não sentia cheiro de amaciante, que usava uma toalha real sem ser toalha de camping ou papel toalha, mas foi na cozinha que tivemos nossa forra, pois apreciamos um belo e farto prato de, arroz, feijão e frango.
O Gilbert e a Elisandra são pessoas fantásticas, eles me incentivam bastante com relação a minha profissão e também em aspectos pessoais, sinto que a Elisandra tem muita saudade da sua família, mas realmente já é uma cidadã suíça, não só pelo passaporte, mas também nos trejeitos do dia-a-dia.
Como nós já estamos safos em viagens, resolvemos pegar um dia para fazermos um “tour free-yourself” pelo centro da cidade, este local é magnífico, pois o contraste do avançado com o contemporâneo, nos convida a ficar alguns instantes sentados em um banco, apenas olhando o desenrolar da cidade.
A Banhof strasse, ou a rua da estação de trem em português, no centro de Zurich, é a mais movimentada rua da cidade em trafego pedestre, esta rua é repleta de lojas de todos os tipos de grifes em seu térreo, tais como, Hugo Boss, Louis Vuitton, que sinceramente não sei o que as mulheres vêem nesta loja, Swarovski, várias joalherias e claro bancos, muitos bancos. Já na parte de cima dos edifícios, que não são muito altos por sinal, existem vários escritórios, um mais bonito que o outro, pelo que eu pude ver pela janela. Em seus afluentes, cheios de restaurantes bons, onde uma água é na faixa de 5,00 francos suíços, ou o equivalente a uns 9 reais, mas é melhor não pensar nisto, pois se pensar você não sai de casa. As pessoas que transitam pela rua, são de classe, tanto os homens quanto as mulheres, todos muito bem vestidos, creio que deixaria a Berrini ou a Paulista com inveja, mas enfim, estamos na Suíça, na mera rua da estação do trem.
Continuando a Banhof strasse, sentido o lago, achamos vilarejos, lindos, casinhas super pequenas e aconchegantes, restaurantes mais modestos, porém mais convidativos e em minha opinião mais charmosos, neste dia como estamos já sem grana almoçamos um sanduíche de uma loja de conveniência, próximo a uma igreja no alto de um monte, com vista para o lago, em um dia de sol, acho que Deus deve gostar muito da Suíça, pois foram uma das melhores paisagens que meus olhos já viram.
Todos falam inglês, principalmente jovens, com isto fica muito fácil fazer compras e perguntar quando se tem alguma duvida, as pessoas são bem amistosas, porém a Suíça está sofrendo com os imigrantes, embora aprender a falar alemão não é pra qualquer um, o pais possui quase 20% de imigrantes entre sua população e mais 15% de pessoas que nasceram em outro local e agora possuem passaporte suíço, muitos judeus pela sua cidade até porque a cidade respira dinheiro, e quem entende mais de dinheiro no mundo do que os judeus, estes por sinal possuem um bairro próximo do centro de Zurich e no sábado é proibido entrar de carro por suas intermediações, sendo assim os suíços tem que dar um baita role para chegar em outros bairros, os ex-iugoslávos, também escolheram Zurich como seu local de recomeço e também adotando sua cultura pela cidade, sei lá acho isto meio agressivo, se eu viajar para a China eu tirarei meus sapatos ao entrar em uma casa, e creio que a pessoa visitante ou forasteira deve se enquadrar a cultura local, não ficar impondo seus costumes aos outros, mas isto é apenas a minha opinião.
Agora uma coisa é muito chata na Suíça, no domingo não há nada a fazer, e isto é depressivo, os shoppings não abrem, as lojas todas fechadas e não tem uma partida de futebol passando na tevê, talvez por isto também seja o maior índice de suicídio da Europa, ou talvez os assassinos lá devam ser realmente muito bons.

Estava com saudade de Dublin, acabei de chegar e agora já tenho que partir, sei lá estou estranho, as vezes quero que o tempo passe, mas as vezes quero que demore.
Bom até mais.

domingo, 9 de novembro de 2008

A Terra do Nunca

Chegamos em Amsterdam e nossa amiga Bianca já estava nos esperando, porém como toda a mulher, ela tem um problema com pontos de referência. Mandei uma mensagem a ela dizendo: Ao chegar procure um local de ponto de referencia e nos mande um SMS de onde você está!
Para minha surpresa a próxima mensagem que recebi dizia: Estou comendo pizza no único lugar tem! Fiquei puto, como eu poderia achar um local que vende pizza na estação¿ Todos os restaurantes que perguntei também vendiam pizza, e pra variar, a estação de trem era muito maior que eu havia imaginado, consegui ligar com os 0,32 que ainda me restavam de crédito e dizer: -Vem pro Burger King. Passado alguns minutos lá estava ela.
A Bianca é muito animada, adora uma boa conversa, bom pra falar a verdade um bom ouvido, pois você não precisa falar muito, e o alto-astral dela é contagiante, é impossível ficar mal-humorado ao lado de pessoas assim, mesmo quando se acaba de chegar de viagem e ela não consegue marcar um ponto de referência.
Nos dirigimos até o hostel bem rápido e todos na cidade se mostram bem prestativos a ajudar, sem contar que todos falam inglês e um inglês muito bom.
Resolvemos sair para ver a famosa noite de Amsterdam, mas em uma segunda feira, isto não é uma boa idéia, mesmo assim, o que eu poderia fazer¿
Minha namorada adora conversar, e quando junta com a Bianca eu passo a ser um mero coadjuvante de segunda, as duas conversando sobre perfumes, sapatos, bolsas e eu querendo um revolver para me matar. Imagina estar em uma cidade fanática por futebol, com maconha liberada e com um monte de mulheres em vitrines e só ter sua namorada e a amiga para tecer meus comentários¿ Olha, de repente senti muita saudade do meu amigo Paulo.
Ficamos em um Pub e eu me encarreguei de entender o mapa, enquanto as duas tagarelavam, enfim achei o hostel e dobrei a direita, porém, mais do que depressa a Bianca diz: -Aqui eu já sei como fazer para ir pro hostel! – Como assim Bianca olha o nome da rua, é esta aqui! Exclamei. – Não, eu tenho certeza, vem comigo! Bom na verdade eu tive muitos pontos de dúvida durante o caminho, mas esta não era uma delas, fiquei, porém a Clara resolveu seguir sua amiga. Dei mais uns 20 passos e cheguei até a porta de nosso hostel, então fiquei lá esperando que as duas voltassem e nada, passado um determinado tempo resolvi ver o que acontecera. Ao dobrar a esquina vejo as duas e uma delas sentada ao chão. Já fazia tempo que a Clara não caia, creio que por volta de umas duas semanas, e desta vez ela caiu e torceu o tornozelo, e ainda ela vem me falar que andava de patins, com a coordenação motora que ela possui, precisaria de uma armadura.
Amsterdam é conhecida internacionalmente por sua tolerância. Seu povo é constituído de pessoas que não ligam muito para o que você faz da vida, mais ou menos, como uma idéia de cada um se importando com seu cada um, desta forma, sobra espaço para exercer seja qual for seu hábito. A primeira “tolerância” tomada na cidade foi a liberdade religiosa, portanto, muitos judeus de Portugal e Espanha, ou pessoas que sofriam discriminação religiosa fugiram para a cidade, e estas “tolerâncias” foram ficando cada vez mais intensas.
Todas as cidades que visitei possuem uma praça bem no centro da cidade e uma igreja, normalmente muito grande, esta foi diferente aqui em Amsterdam, as igrejas que conheci são protestantes, e o povo não me parece ter uma religião que realmente exerce, há apenas cinco igrejas católicas na cidade sendo uma delas no terceiro andar de um modesto prediozinho. Acontece que durante um determinado período o catolicismo era proibido na cidade. Por ter sua maioria protestante, e ainda por cima, tolerante a diversos assuntos, que a igreja católica condenava ou ainda condena, eles chegaram a conclusão de proibir a igreja em seu perímetro, claro que não é crime hoje em dia ser católico, mas este deve andar na surdina.
A legalização da prostituição não é plena, existem lugares onde elas podem exercer a profissão, e este virou um ponto turístico da cidade, é muito comum ver turistas andando por seus becos, onde há todo o tipo de mulheres, lindas, feias, gordas, magras, e outras não tão mulheres assim. O preço pra quem tiver interessado é na casa de €40,00 uma mina a pampa, mais ou menos uns R$ 120,00. As mulheres ficam em uma vitrine e chamando sua clientela, este entra, acerta os detalhes e fecha-se a cortina.
Outro tema bem polêmico são os Coffee Shops, estes são pubs que possuem licença para a comercialização de maconha, haxixe e chá de cogumelo, nestes pubs não são vendidas bebidas alcoólicas, até porque duas drogas juntas não dá certo. Este é mais um ponto turístico, do que realmente algo que faz parte do dia-a-dia de seus habitantes, entrei em alguns para saber como é, e tudo que posso dizer é que o rapaz que estava dividindo a mesa conosco era o Marcelo D2 em uma versão australiana, o som preferido destes era o reggae, creio que Bob Marley era como um hino. O fato é que gostando ou não à de se respeitar a coragem deste país, e seu resultado de liberar parcialmente o uso de substâncias tidas como ilegais no resto do mundo, ajudando assim a combater o crime organizado, o número de pessoas que experimentam a droga no país é altíssimo, porém o número de dependentes é muito baixo, reduzindo também o numero de dependentes de outras substâncias tóxicas que normalmente são taxadas da mesma forma.
Portanto, Amsterdam é uma cidade de contraste, e o maior contraste que podemos ver é o interno, onde a noção do certo e errado é vista por um outro ponto de vista, este ponto de vista que legaliza, relações sexuais nos parques, maconha e prostituição, também é o mesmo ponto de vista que proíbe uma religião, por ser contra à coisas que eles legalizaram, Amsterdam é como uma imagem no espelho, é o que é, mas do lado invertido.





quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Do outro lado do muro

Chegamos em Berlin e nunca foi tão fácil se localizar, normalmente o que mais sofremos é para achar o Hotel e não tivemos este problema, pois Berlin possui um metrô do aeroporto até o centro, o que não acontece com freqüência na maioria das cidades.
Recebemos um SMS do hostel dizendo exatamente qual caminho deveríamos fazer para encontrá-los, e em 20 minutos já estávamos em nosso quarto. O quarto era muito bom, em verdade este foi o melhor Hostel que ficamos “Pégasus” para os interessados, o quarto e banheiro era muito limpo, e o melhor, chuveiro quentinho, até porque com um frio de três graus é impossível ficar sem água quente.
Berlin é uma cidade fascinante, muito acessível, onde uma boa refeição em um restaurante bom custa na faixa de €12,00 por pessoa, não possui muito brasileiro, sendo assim, não acho vantagem vir para Berlin sem inglês, ou ao menos noção do idioma.
Nosso primeiro dia tiramos para descanso pois o stress da viagem começa a bater com mais força e eventualmente temos que parar, e ter um tempo para si próprio. Acho totalmente loucura pessoas que fazem mochilão de 20 dias e conhecem 10 países, isto sinceramente não dá, pois nós ficamos cerca de 4 a 5 noites em cada lugar e confesso que me sinto muito cansado, parece que não, mas rotina as vezes é bom, e tenho saudades de muitas coisas como já disse diversas vezes, mas a saudade do meu travesseiro é cruel, e minha nuca que a diga.
No segundo dia saímos para o “city tour”, aqui na Europa uma prática muito comum é o Free-tour, com isto um estudante nos apresenta a parte histórica da cidade e nos passa um pouco da cultura local, particularmente é a melhor introdução que podemos ter sobre a cidade, o nome é Free, mas é claro que você tem que dar um agradinho, pois andar e explicar sobre os monumentos 3h30 é muito, €5,00 por pessoa acho uma caixinha legal.
Berlin como a maioria das cidades européias possui um portão de entrada, e este é um dos principais cartões postais da cidade, mas para tudo. Você consegue imaginar a Alemanha a mais ou menos 70 anos atrás¿
Berlin é especial por isto, pois nós diretamente ou indiretamente presenciamos sua história, sabemos o que ocorreu e que proporção tomou, e isto realmente é fascinante.
Após a quebra da bolsa de Nova York no começo do século passado à Alemanha passou por sérias dificuldades, seu dinheiro inflacionou muito (quando o governo emite mais notas em papel do que o país pode agüentar, por exemplo: imagine que o Brasil duplique a quantidade de notas que ele emite, sendo assim, o que antes você comprava com 0,50 agora você terá que pagar 1,00 é mais ou menos por aí) sendo assim, ela teve duas opções ou apostava na nacionalização ou no socialismo, e neste período um jovem militar que estava cumprindo pena em Munique capital da Bavária, escreveu um livro que foi sucesso de venda e este tinha a receita para que a Alemanha despontasse, seu nome, Adolf Hitler. Hitler foi nomeado então chanceler da Alemanha e começou sua política nacionalista. Para entender o que é o nacionalismo é mais ou menos como um patriotismo extremo, desta forma, todos no país dão preferência a marca nacional deixando de lado as marcas de outros países e isto feito com radicalismo tem um outro nome: Nazismo, então primeiro começaram a catalogar os imigrantes, ou pessoas de outra doutrina, mais tarde a perseguir os formadores de opinião, professores, líderes estudantis, jornalistas e etc. desta forma, Albert Einstein que além de ser pesquisador ainda era judeu seria uma presa fácil, ele então fugiu como tantos outros. Bibliotecas eram esvaziadas e seus livros queimados.
Primeiro queimando livros e depois pessoas, aí o resto vocês já sabem.
Após a queda de Hitler, onde a Alemanha foi derrotada pelos aliados, estes ficaram responsáveis por restabelecer o país, então o território foi dividido entre 4 países, Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e União Soviética. Começa então outro sofrimento do povo Alemão, como os três primeiros países citados acima eram de regime capitalista, eles mantinham sua fronteira aberta, mas como a União Soviética era socialista, eles resolveram marcar seu território, e não há forma melhor de fazer isto do que cercar seu território com um muro. Como Berlin era a capital da Alemanha acreditava-se que quem dominasse Berlin dominaria a Alemanha e quem dominasse a Alemanha conquistaria a Europa, desta maneira, a URSS não abriu mão de seu pedaço, nem que seja pequeno de Berlin, dividindo a cidade entre Oeste e Leste onde o Leste era socialista e o Oeste capitalista.
Muitas pessoas tentavam cruzar o muro, para o lado capitalista, e os soldados soviéticos recebiam promoção por cada um que eles matassem tentando cruzar o muro, mas com a queda da URSS a Alemanha voltou a ser um país unificado, eu ainda me lembro de quando vi está notícia no fantástico, eu tinha apenas 7 anos, não entendia o que aconteceu naquele momento, só agora é que entendo o que isto significou.
Particularmente eu sempre tive um pézinho no socialismo, imaginava algo mais justo, com maior distribuição de renda e etc, mas não sabia que estava vendo apenas o lado bonito da coisa. Conheci em Dublin um polonês, Michel, e este não quer nunca mais ouvir esta palavra, pois pra ele socialista é como escravo do governo, em Londres conheci um alemão da parte comunista e a idéia é a mesma, claro que cada um tem uma interpretação, mas eu prefiro a interpretação de quem viveu este regime.
A Alemanha é curiosa, pois a pessoa que nomeou o capitalismo Adam Smith e o que inventou o comunismo Karl Marx eram alemães, e sempre deixou a opinião das pessoas divididas, tão divididas que precisou de um muro pra isto. 1989 à apenas 18 anos a Alemanha é um país unificado e eu vi isto.
Agora pensando bem, onde você estava no 11 de setembro? Creio que será a próxima data que falaremos a nossos filhos.

sábado, 1 de novembro de 2008

A ilha de lost

Após nossa aventura no terminal ferroviário, chegamos em Veneza quebrados, como não podia ser de outra forma. A cidade é cara, talvez a mais cara que já tenha visitado, mas uma coisa é certa, a mais confusa.
Ao chegarmos de trem na estação Santa Lucia, já vimos do lado de fora da estação um rio, aquilo mexeu com minha cabeça e pensei: - Caramba, estou aqui mesmo!
Saímos então em busca de um bar ou restaurante que tivesse Internet, mas isto aqui em Veneza é uma iguaria muito rara, então recorremos ao bom e velho Mc Donald’s, pois aqui na Europa todas as lojas já tem a tecnologia, só tinha um problema. Não sabíamos onde procurar e em verdade não sabíamos nem o nome da rua que era nosso Hotel, então apelei, liguei para meu primo e pedi que pegasse o endereço para mim, e logo depois disso, saímos em busca do Hotel.
Os italianos não curtem muito dar informações, e em especial, os habitantes de Veneza, até porque, se eles ficarem dando informações, ficarão o dia todo respondendo os turistas e não irão fazer mais nada, pois Veneza é muito confusa, as ruas do mapa que comprei não correspondiam com os nomes das placas, na verdade, havia tantas placas que eu nem sequer sabia o nome das ruas. Larguei mão do mapa, e resolvi pedir informação, aí foi um mais grosso que o outro comigo, mas na verdade, talvez eu que estava sendo grosso de tão nervoso que estava, e eles só me respondia do mesmo modo. Após muito insistir, resolvi recorrer ao mapa novamente, mas não pelo nome das ruas, mas sim, pelo caminho que as ruas faziam, e reparei então que havia acabado de encontrar a rua do Hotel no mapa, agora seguir até ela foi outros quinhentos, demorou, mas chegamos.
O hotel tudo de bom, banheiro limpinho, um bom chuveiro, quarto limpo e etc, a localização também era muito boa, já que estávamos em Santa Lucia e não precisávamos ir para Mestre (condado próximo) para dormir.
A gastronomia na Itália é algo muito bom, em geral, não é um preço muito alto e para ser cheff de qualquer restaurante aqui precisa ter diploma na área, o problema é que o tratamento geral que se dá aos turistas na Itália é muito parecido com o tratamento que damos aos turistas dentro de nosso país. Tenta-se arrancar dinheiro deles de qualquer forma, seja pedindo esmolas ou gorjetas, até colocando coisas a mais em sua conta no final da refeição, e esta prática é horrível, mas todos os restaurantes em Veneza fazem. Eles cobram uma taxa chamada de “Coperti” que seria relativo ao uso da mesa do restaurante, talheres e etc, e depois ainda cobram 10% relativo ao atendimento, e o que é pior 10% acima do “coperti” então isto toma uma proporção ainda maior.
As ruas da cidade são muito estreitas e cheia de escadas, uma vez que temos que cruzar pontes a todo instante, e isto torna Veneza um lugar temível para alguém que possui dificuldade de locomoção, agora, o mais impressionante é que a maioria de seus visitantes são idosos. No lugar onde em uma cidade normal temos avenidas, nesta são rios tendo o “canal grande” como seu maior rio e rodeado de outros afluentes, toda a água dos rios é salgada, pois Veneza é um conjunto de ilhas, ligadas umas as outras por pontes.
A cidade é muito antiga, creio que não se pode mais construir em Veneza, porém muitas casas estão em reforma, mas nunca foi tão bonito ver casas sem reboco, este combina com o ar da cidade e os rios bem verdes cortando a terra formam um intenso contraste entre o belo e o feio e este resultado é algo único.
Muitas casas tem sua saída somente pelo rio, e as gôndolas que hoje em dia é artigo para turista rico, no passado era usado em massa pela sua população local que vivia da pesca. Hoje em dia um simples passeio de gôndola custa um valor de aproximadamente €60,00 desculpe, mas pra mim isso é muito grana.
Uma festa muito tradicional em Veneza é o baile de máscaras, estas os convidados se caracterizam com uma túnica cobrindo dos pés a cabeça e apenas uma máscara é vista, por este motivo todas as lojas de souvenir vendem estes artigos (que pra falar a verdade é uma coisa que você nunca irá usar em sua casa, ou seja só tem finalidade em veneza).
O turismo é a atividade econômica mais forte em Veneza, algo que acho completamente compreensivo, uma cidade pequena, porém com muito charme, uma cidade que é impossível não se apaixonar por sua simplicidade, de não se perder no brilho de suas águas ou de suas ruas, e minha bússola que a diga, pois ela não se achou até hoje.

Ps. Gostaria de dedicar este post a meu irmão Denis aniversariante do dia, espero que você acerte mais do que erre, mas quando errar saiba olhar pra trás e aprender com ele e reconhecer seu erro, espero que você ganhe mais do que perca, mas quando perder, saiba dar o crédito ao vencedor, espero que você ame mais do que odeie, mas quando odiar saiba perdoar.
Vejo vocês dia 20 de novembro.
para ver o videozinho de Veneza acesse: http://ie.youtube.com/watch?v=F8x6mkZzhHY

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sapatinho de Cristal

Chegamos em Torino de trem, após 6 horas de viagem lá estávamos nós. Torino foi meu destino por dois propósitos, ver meu primo Lucas e também o Santo-sudário, a mortalha que envolveu Cristo.
O Lucas foi na estação nos buscar e fiquei muito feliz ao vê-lo. Ele está jogando futebol de salão no time da cidade e divide um apartamento com mais um jogador brasileiro, de fato, a maioria dos jogadores são brasileiros com passaporte italiano, sendo assim, podem disputar o campeonato sem problemas, como um cidadão italiano, e este é o caso do meu primo Lucas.
Falar em primo pode parecer distante, porém minha família é diferente, primo é mais ou menos como irmão, crescemos juntos e mais do que isto, creio que a maioria de nós se encontram em quase todos os finais de semana, onde uma chácara em Mairiporã é o ponto de encontro principal, em especial o Lucas que sempre foi tão ligado a mim, pois tentava de todo o jeito ajudá-lo a arrumar um time bom para jogar, quando seu pai não podia mais fazer este papel. Portanto, foi muito emocionante e gratificante para mim ver que ele estava em um time sério e se dando bem, porém muito longe da realidade imaginada de um super-star no futebol, ninguém o reconhece e na verdade o futebol de salão não é tão difundido quanto o futebol de campo e neste time conheci diversos garotos que sacrificaram sua infância e parte de sua adolescência para realizar um sonho, porém um sonho em uma quadra menor e sem platéia para te aplaudir.
Fomos também no clássico Juventus x Torino, foi muito bacana e a Juve saiu vitoriosa por 1x0 gol do são-paulino Amauri, que por sinal não me lembro dele de nenhum time brasileiro.
Torino é uma cidade bem ao norte da Itália, está tem um culto a moda e vi muitos homens andando pela rua vestidos de um jeito que se fosse no Brasil juraria que eram gays, porém não era, todos fazem sobrancelhas, cabelo cortado de acordo com passarelas, óculos enormes e sempre de grife, sapatos estilosos e etc. De repente me senti desfalcado em usar calça jeans, camisa sem estampa e tênis, mas o que posso fazer, este é o uniforme do mochilão. As ruas ao centro é lotada de lojas de roupas, a Giorgio Armani, possui um shopping nesta região, ternos e blazers que sempre sonhei estavam ali, porém a etiqueta do preço me dizia que poderia aplicar melhor este investimento.
Partimos de Torino para Milão, a fim de pegar o outro trem para Veneza, resultado dormimos na estação do trem, e além do frio, foi uma experiência a parte, de repente de pessoas super-bem-vestidas estávamos ao lado de imigrantes mal-trapilhos, loucos, pessoas descriminadas pela sociedade e etc. a estação não possuía um local de espera para pegar o outro trem e o vento gelado que nos cortava a pele foi ficando mais intenso, sendo assim, procuramos refúgio no interior dos trens ali parados, que fique claro que não poderíamos estar ali, mas era uma questão de sobrevivência, depois de uma hora e meia onde eu não consegui pregar meus olhos de tensão resolvemos procurar outro abrigo, desta vez nos encontramos em um banco de granito, que nos dava a sensação de estarmos sentados em cubos de gelo. Após uma hora de sono leve, um senhor se aproximou da gente e nos disse algo que entendemos que haveria sim uma sala de espera para a gente, saímos em busca desta e achamos um local lotado de pessoas mal encaradas, marroquinos, e outros que tinham a aparência de italianos, porém falavam outro dialeto, creio que eram napolitanos. Como eu poderia deixar minha namorada dormir em uma situação destas¿ bom na verdade não importava mais, esta sala estava quentinha. Conseguimos pegar o trem logo pela manhã com direção a Veneza.
Em Torino ninguém falava inglês, a sorte é que meu primo fala um bom italiano, então não precisamos ficar brincando de imagem e ação, para comprar alguma coisa e baladas, diversas baladas marcam esta cidade de aparência onde você é o que você veste. De repente me senti o Sebastian da C&A.

Um abraço a todos

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Na cova do Leão

Em nosso segundo dia, dia 20 de outubro fomos ao Coliseu. Ao passarmos pelas colunas de sustentação e contemplarmos como poderiam ter tecnologia para construir um estádio daquele tamanho à dois mil anos, foi algo bárbaro, não, usarei outro adjetivo, pois os bárbaros que derrotaram Roma, deixe-me ver, esplêndido.
No subterrâneo do Coliseu ficavam as jaulas e prisões, para abrigar respectivamente as feras e os gladiadores. Estes últimos por sinal tratava-se de escravos que eram confinados a morrer em batalhas, contra outros gladiadores ou contra leões e tigres, porém, muitas vezes eles encenavam batalhas onde os romanos saíram vitoriosos contra outros povos, neste caso se você fosse um romano teria uma chance grande de sair vivo da arena, agora se estivesse representando o povo inimigo já era, pois além de morrer ainda teria que encenar como foi o acontecido.
Como entramos no Coliseu pelo térreo, fomos direto a arena e olhar para cima, ainda provoca calafrios, agora imagina as arquibancadas totalmente lotadas e um outro sujeito com uma espada na mão te esperando do outro lado da arena.
Durante o império de César Augusto, nasce uma pessoa que muda a história de Roma, e esta começa a caçar os seus seguidores cada vez mais fiéis, com a ida de Paulo e Pedro para Roma, surge nesta uma realidade underground dos primeiros cristãos, onde estes não podiam exercer sua fé, mas foi no ano de 65 d.c. que a perseguição contra os cristãos se intensificou, pois atribuíram aos cristãos a culpa sobre um tremendo incêndio na cidade. Estava aberta a temporada, leões contra cristãos no Coliseu.
Depois da aceitação de Roma pelo cristianismo, o Coliseu já não mostrava jogos de morte e um terremoto devasta Roma, comprometendo também as estruturas do Coliseu. Após a queda de Roma o Coliseu, passou a ser usado como prisão e como forte-militar e logo após como de outro terremoto, como depósito de lixo, até ficar 400 anos abandonado e servindo de matéria prima para construção de casas na cidade, com isto foram retirados todos os mármores que cobriam a arena, e também as arquibancadas, as estátuas dos antigos deuses romanos foram saqueadas e assim por diante. Até que o Papa, da época tomasse posse do Coliseu, e colocaria uma cruz em uma das extremidades de sua arena, em homenagem aos cristãos que ali morreram. Ainda neste período o coliseu sofre outro terremoto que derruba parte de sua parede e a igreja se encarrega de reformar um pouco, mas sem perder sua originalidade.
Ao sairmos do Coliseu, nos dirigimos a cidade antiga, neste encontramos um mundo subterrâneo, a casa de César Augusto, o Fóro-Roman onde era decidido as leis (daí o nome Fórum em português), o templo de Rômulo, o mercado de César Trajano (este César é curioso, pois ele nasceu na Itálica terra que hoje em dia é a Espanha) e por fim o Circo Mássimo (é com dois ésses mesmo) onde tinha as famosas guerras de bigas (aquelas carroças romanas, puxadas por cavalos e que nas rodas haviam espadas em seus centros).
As ruas de Roma, são bem pixadas, o povo joga lixo em qualquer lugar, na verdade que se acostuma com a Irlanda, Escócia e Inglaterra tem problemas ao chegar na Itália, pois este povo é muito parecido com o nosso, e em uma maneira geral creio que nós, brasileiros estamos a frente em alguns quesitos, por exemplo: educação e trânsito. Aqui entendi o porque os carros italianos são tão famosos, resistentes, rápidos e etc, mas não me lembro de nenhum piloto italiano famoso, o fato é que aqui é pior que o Rio de Janeiro, quando se trata de trânsito, todos correm feito loucos, não andam nas faixas e atravessar a rua aqui é um perigo, porque eles passam no vermelho com freqüência, assim entendo que o carro italiano tem que ser muito resistente, para que um italiano dirija e muito rápido também, para que chegue à frente do outro, e ao sairmos de casa hoje logo pela manhã fomos brindados com uma batida de carro, bem de baixo de nossa sacada, batida idiota, coisa de sair da garagem, mas bem que eu estava estranhando porque já estava em Roma a cinco dias e não havia visto nada.
Outro fator que diferencia Roma de hoje em dia de qualquer outra cidade é a parte gastronômica, aqui come-se muito bem, e de forma barata, se em Dublin temos a opção McDonald’s ou Burger King, estes não fazem sucesso algum, até porque é difícil encontrar uma região da Itália que não tenha dado o nome para alguma comida, por exemplo: Lingüiça Toscana (região da Toscana), Bife a Parmegiana (região de Parma), Presunto de Parma (poxa de novo) Bife a Milanesa (Milão), Espaguete à Bolognesa (região de Bologna) e etc.
Portanto Roma foi o local que mais gostei, até agora, perdi o trauma do sorvete italiano, adorei sua culinária e muita cultura de um lado e do outro da rua, só é preciso tomar cuidado para atravessar a mesma.

Um abraço para todos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Á César o que é de César

Chegamos em Roma, sem a necessidade de passarmos pela imigração, sendo assim não tivemos que responder nenhuma pergunta ou etc. mas foi bem desgastante nossa chegada.
As informações não são corretas e seguir uma placa pode ser um erro, pois de repente a placa acaba e você não está onde gostaria.
O trânsito gerado por uma manifestação nos fez ficar 2h30 dentro de um ônibus, 30minutos a mais que levamos para ir de avião de Paris para Roma. Na estação onde deveríamos pegar um metrô ou ônibus não conseguimos informação e nem um guia para irmos ao Hostel, por este motivo a Clara entrou em desespero e abriu o berreiro, para que as pessoas na estação não pensassem que eu estava batendo nela resolvi pegar um táxi. O motorista era um cara bem simpático e falava ítalo-inglês, e nós nos encarregávamos de compreender. Este tinha um conhecimento completo do campeonato brasileiro e me perguntou que time eu torcia, respondi e ele falou que adorava o São Paulo, ele sabe que o time italiano em Sampa é o Palmeiras, mas ele gosta mesmo é do São Paulo, até aí tudo bem, achei que ele estava sendo simpático, mas depois que ele me falou até mesmo sobre os pontos do Ipatinga, vi que realmente ele gostava do futebol brasileiro.
Chegando em nosso Hostel fomos muito bem recebidos, e o rapaz responsável pelo Hostel foi o primeiro italiano que falou inglês comigo aqui. Nosso quarto era super limpinho e havia uma varanda que nos dava vista para a rua, o problema para variar era no banheiro, mas desta vez não era sujo, até muito limpo viu, o problema era o chuveiro que não esquentava direito, eventualmente, quando esquentava tínhamos apenas 3 minutos até que a água ficasse gelada novamente.
Roma é uma cidade fantástica, creio que o melhor destino que fui até agora e recebemos nele a presença do Paulo e da Tanira, que vieram de Dublin para passar o aniversário comigo e também claro conhecer Roma.
Roma foi fundada pelos irmãos Rômulo e Remo, que segundo a lenda foram criados por uma loba, sendo assim, a loba é o símbolo da cidade, e deles descenderam todo o império romano que conhecemos dos livros e também dos filmes.
A cidade também é dividida por um rio e ao sul deste rio ficam as ruínas da antiga Roma, creio que poucas cidades no mundo tiveram maior derramamento de sangue do que Roma e aqui respira-se história, mas esta de outra época, uma época muito longínqua.
Logo na saída da estação “collosseo” encontramos algo gigante mais ou menos do tamanho do estádio do Morumbi, só que dois mil anos mais velho, porém não conheci ele internamente, não ainda.
Encontramos com nossos amigos no domingo e fomos para o Vaticano. Ao entrarmos na cidade e vermos a praça São Pedro, que em uma de suas extremidades, encontramos a famosa janela do papa sobre a Basílica de São Pedro, não tem como não se emocionar. Pegamos uma fila enorme e ao entramos na basílica não consegui me conter e entendi ali o motivo pelo qual rezei todos os dias da minha vida nos últimos 26 anos, um lugar mágico onde realmente se sente a presença de Deus um lugar sagrado, fomentado por diversos turistas que sem o menor respeito, entram em uma casa e nem se quer cumprimentam seu dono, apenas disparam flashs e vão embora, de que vale a fotografia de uma igreja se você esquecer seu coração do lado de fora¿ Assisti a missa, comunguei e fomos até o sepulcro papal. Lá estão enterrados todos ou pelo menos a maioria dos papas, muitos caixões com ornamentos, símbolos, esculturas e uma placa que dizia o que fez durante seu regime papal, quando de repente avisto um amontoado de pessoas sobre uma cova, está é simples apenas fechada com o mármore da mesma cor do chão, diversas cartas e apenas um nome, sem fotos, sem bibelôs, sem placa dizendo seus atos, e este nome era João Paulo II, o primeiro Papa não italiano dos últimos 400 anos, o Papa que pediu perdão ao mundo pela época da inquisição, o papa que teve e pregou o respeito a outras religiões, o papa que construiu, pois o bem constrói e o mal destrói. Mas foi em outra cova que me emocionei, esta possuía todos os pisos trabalhados e um altarzinhos para que os fiéis pudessem fazer suas preces, este era Pedro, o apóstolo que Cristo confiou e apóstolo que cortou a orelha de um soldado romano e logo após negou Cristo três vezes, porém anos mais tarde em seu martírio pediu para que fosse crucificado de ponta-cabeça, pois se o mestre dele foi crucificado ele não era digno de ser da mesma forma. E ali, a uma parede de distância, entendi mais do que nunca, que minha fé não é em vão.
Espero que um dia, apenas por um dia, todos consigam sentir o que eu senti naquele momento e espero que um dia, apenas por um dia, você consiga transmitir o que sentiu, pois foi isto que Cristo fez, afinal, dê a César o que é de César e ao Pai o que é do Pai.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Escada para o céu

Minha primeira impressão de Paris não foi das melhores, ao chegarmos na estação Saint Pancras em Londres com destino a estação Gare du Nord em Paris o oficial responsável pelo controle migratório ao ver nosso passaporte verde já nos chamou de lado e começou a questionar:
- Posso ver sua passagem de volta?
- Na verdade nós iremos de Paris para Roma.
- Posso ver o bilhete do trem?
- Eu tenho este papel aqui que diz o número do vôo, mas não é o bilhete, pois hoje em dia nós compramos pela Internet e só recebemos o ticket na hora.
- Hum, quanto tempo vocês pretendem ficar na França?
- 4 dias senhor.
- Qual o motivo da viagem?
- Terminamos o curso de inglês em Dublin e estou viajando pela Europa, veja está já é minha terceira parada.
Passado este desconforto que ocasionou em fila e muitas pessoas me olhando como se fosse terrorista, fomos até o trem e tivemos uma ótima viagem, particularmente, eu adorei viajar de trem, odeio o clima de aeroporto, pessoas desesperadas correndo e sem contar que não temos muitas paisagens pela janela do avião, coisa totalmente diferente quando o assunto é trem, demora mais, mas você não chega ao destino moído.
Desembarcamos na estação Gare du Nord, e se o metro de Londres era super simples de entender, o de Paris era difícil pelos dois, a estação creio que seja a maior da cidade. Comprar bilhete para ficar quatro dias é complicado, pois a cidade é dividido em áreas e cada área com seu respectivo valor e como turista que acabara de chegar, não sabíamos em que área ficava qual ponto turístico, portanto, pedi ajuda a atendente e está me indicou a forma mais barata, trata-se do bilhete laranja. Após muito ler, finalmente achei o caminho para o hotel que ficaríamos em Paris.
Compramos o pacote de hotéis e hostels pelo site,
www.hostelword.com e lá encontrei a opção “budget hotel” que seria como hotel econômico, e escolhi um quarto sem ter a necessidade de dividi-lo com algum estranho.
Chegamos ao Hotel e a moça que me atendeu (muito grossa por sinal) me falou que o banho era cobrado €2,00, e nos perguntou:
-Vocês vão querer com banho?
-Claro!
Aí fiquei pensando: Será que tem gente que escolhe ficar sem tomar banho? O quarto possuía um cheiro de mofo desgraçado, mas o banheiro era limpinho e o chuveiro é excelente.
Paris possui muito entretenimento, mas não são todas as pessoas que falam inglês, porém não encontrei aqui o mito: “Francês odeia falar inglês” não vi isto, muitos até ficavam feliz pois viam em nós a possibilidade de treinar seu inglês, apesar que treinar inglês comigo é complicado, creio que acabávamos treinando mímicas, apesar que agora acho que engano bem.
Paris é conhecido por sua gastronomia, e a França conhecida pelo vinho, especialmente das regiões de Bordeaux e Borgonha, quando se junta os dois então, é algo fantástico. Barraquinhas vendem crepe na rua como vendem cachorro quente no Brasil e este é muito bom, mas você tem que desencanar da higiene, pois eles pegam no dinheiro e logo em seguida na sua comida sem nenhum problema, alguns cínicos ainda usam luvas, mas fazem a mesma coisa, pegam dinheiro com a luva.
Aqui eu vi algo que nem sabia que existia, uma loja de queijo, esta tem diversos tipos de queijo com sabores e aromas diferentes, e vinhos, muitos rótulos que no Brasil custariam na faixa de R$ 40,00 aqui se encontra por €4,00, reparei que Dublin realmente é mais caro que Paris neste sentido.
A torre Eiffel é linda e enorme, fizemos uns videozinhos para que vocês possam entender, porque é muito complicado explicar o que vi.
Realizei um sonho, creio que, muitas pessoas têm o mesmo, mas quando se está aqui, consegui entender o porque Paris sempre atraiu artistas e inventores, por exemplo: a primeira fotografia tirada na história foi dos telhados de Paris, e esta demorou 8h para sua revelação, Van Gogh passou boa parte de sua vida trabalhando na cidade, pois para ele a cidade o inspirava, o mesmo aconteceu com Monet, que deu a idéia do impressionismo, e foi aqui em Paris que conseguiu levantar vôo em frente uma platéia que homologou sua invenção e também que consagrou Alberto Santos Dumont.
Ouvir o nome Paris, não tem como não me lembrar da minha Vó, ela sempre deixou claro que o sonho dela era vir para cá, foi ela quem me deu meu primeiro livro, e foi também ela que me deu meu primeiro livro bom, “O pequeno príncipe” do autor francês Antoine de Saint Exupéry, assim como foi ela quem me contou diversas histórias relacionadas a França, que me impulsionou à vir pra cá, mas não sei algo me diz que ela está comigo neste momento, pois os filhos devem realizar os sonhos dos pais e ser neto é ser filho duas vezes, não é mesmo?

Um abraço à todos

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Altos, Baixos e Subterrâneos

Nos dirigimos para Londres às 9h da manhã de trem, após cinco horas de viagem, muito confortável por sinal, chegamos na estação Saint Pancras. Pessoas, muitas pessoas, de fato, me senti de volta a São Paulo, uma cidade multi-cultural com diversos sotaques e idiomas. Os espanhóis são maioria quando se trata de turistas aqui, e como possuímos um traço tanto quanto hispânico, as pessoas geralmente tentam falar comigo em espanhol, o que me causa uma certa revolta, pois fiquei 8 meses estudando inglês, para conseguir me comunicar em inglês, e hoje até esmola me pediram em espanhol.
Chegamos ao Hostel, e este teve uma apresentação muito melhor que o de Edimburgo, até porque, se fosse pior, seria complicado. Bom, agora estamos em um quarto com mais duas pessoas, o clima do hostel é muito legal, pois diversas pessoas e em geral jovens se conhecem e trocam experiência nestes locais, e neste assim, vejo o quão importante é falar inglês, e até sinto que possuo um bom nível.
Londres é uma cidade fantástica, creio que a maior capital da Europa, e com certeza uma das mais fascinantes. O vestígio das guerras na Inglaterra é muito forte, diversas praças e exposições retratam o tema, e claro, as vitórias do império. Uma curiosidade é que todos os países que fui, pertencente á Grã-bretanha (grupo formado por: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) mostravam muito sua bandeira ( no caso da escócia azul com o X em branco, da Irlanda do Norte branca com uma cruz vermelha e um brazão ao meio, e do país de Gales branca e verde com um dragão vermelho ao meio), foi o caso na Irlanda do Norte e também na Escócia, agora aqui na Inglaterra, eu não vejo a bandeira branca com a cruz vermelha, sempre vejo a bandeira da Grã-bretanha, sendo assim, em minha ótica fica claro que a Grã-bretanha na verdade é a Inglaterra.
Em nosso primeiro dia fomos ao famoso Big-Ben, e foi muito emocionante pra mim, uma vez que só via aquele prédio por fotos ou filmes, mas poder vê-lo ao vivo, foi algo marcante. Logo após subimos na London Eye (olhos de Londres) que é uma roda-gigante do outro lado do rio thames, que assim como a maioria das capitais européias, dividem a cidade ao meio.
O museu Madame Tussaud, museu de cera de Londres, foi uma atração a parte, o primeiro setor é dos atores e personagens de Hollywood, e assim vai passando por áreas como música, política, e claro a guerra, nesta, entra a história da Inglaterra contada sobre versão deles, é claro. Ao sair da aula, nos dirigimos ao setor do horror, e este retrata a revolução francesa como carro forte. Vejo também que o único país que a Inglaterra já temeu foi a França em especial na época de Napoleão.
Hoje pela manhã fomos ao Stanford Bridge, estádio do Chelsea Futebol Clube, visitamos todo o estádio e o museu também, este trata os torcedores como clientes, e não como simplesmente torcedores, acho que os clubes brasileiros tem muito a aprender com o Chelsea.
Agora o mais fascinante substantivo de Londres, é o metrô, este vai de todo o lugar a todo o lugar, muita facilidade e diversos itinerários para escolher, só que não aconselho para quem tenha claustrofobia, pois o treco é apertado. Entrando na estação Victoria Station estava me sentindo de volta a praça da Sé nos horários de pico, e nunca pensei que iria dizer isto, mas me senti em casa.

No woman no cry

Saudades é algo que falo com muita freqüência no blog, mas esta talvez seja de forma diferente, a expressão saudade em português não tem uma tradução clara no inglês, você pode dizer que sente falta, mas não é o mesmo que ter saudades, e não é mesmo.
Como falei no texto anterior, na escócia eles dão muito valor a família, ou ao Clã, e reparei que devo ter vestígios escoceses neste caso, pois a família é algo muito importante pra mim e quando se fala em família, claro, devemos sempre lembrar de nossa mãe. Portanto, estou aqui em um Pub que possui wire-less grátis para escrever este pequeno, e talvez, desapercebido texto para minha mãe. De fato, não iria escrever nada sobre isto, mas as palavras de Bob Marley em uma música tocada de fundo me convenceu do contrário.
Um beijão pra minha mãe e pro meu pai.
Sinto muito falta de vocês, na verdade sinto mais que isto, eu sinto saudades.

domingo, 5 de outubro de 2008

Do outro lado da Ilha

Primeira parada Edimburgo. Que fique claro que foi complicado não ser a única. Uma cidade linda, onde se encontra o moderno e o medieval, de fato se você não gostar de subidas e decidas, é melhor ficar no Hotel, no meu caso o Hostel.
Para quem não sabe o que é um Hostel irei exemplificar, trata-se de um amontoado de tijolos onde é dividido por quartos, de 8 a 16 pessoas por quarto, portanto se vê ou melhor se ouve de tudo, deste a vida sexual de alguns casais até o ronco ensurdecedor do maluco da cama ao lado, peidos e runidos noturnos nem entram na história, porque tanto faz, já que você está com um caminhão Scania de seis marchas parado na sua orelha. O banheiro é comunitário, ao chegar aqui me arrisquei a usá-lo para o número dois, e o que posso dizer é que preferia ter ido no banheiro da rodoviária do Tietê, agora comprei um kit limpeza para minha próxima vez, quem por sinal está demorando um bocado, acho que fiquei tímido.
Na sala de banho que não faz parte do banheiro convencional é parecido com um banheiro de academia segundo minha namorada, porém como academia nunca foi meu forte, para mim parece o banheiro de um presídio, mas neste, eu até posso pegar o sabonete no chão pois tem tapumes que dividem os chuveiros, pisar no chão sem chinelo é atestar suicídio, se bem que dizem que urina faz bem para micose eu prefiro não arriscar, em verdade tive a impressão que a cada banho fico mais sujo. Agora deixando de lado o hostel, vamos para o que interessa: A cidade.
A Prince Street é a avenida central, e esta mesma divide Edimburgo em duas, no lado norte temos a cidade nova e do lado sul a parte antiga, quando digo antiga, digo, antiga mesmo.
Em geral construções de 800 até 1600, ou seja, mais de 800 anos de arquitetura e histórias, muitos contos e histórias que dariam pra encher um livro e que J.K.Rowling, seja minha testemunha, pois foi vendo as paisagens da escola Hogwarts que ela escreveu suas primeiras páginas de Harry Potter. Outra lenda é que no século 17 Edimburgo estava sendo atacada por zumbis, estes levantavam de suas tumbas após morto e aterrorizavam a população local, os criminosos eram enforcados no mercado principal da cidade, diante de platéias enormes, um irlandês que veio para a cidade e matava pessoas para vender seus corpos para pesquisas em universidades teve uma platéia de mais de 25.000 pessoas para ver sua execução.
Assim como os irlandeses os escoceses não gostam dos ingleses e esta concorrência gerou vários conflitos ao longo dos tempos, atualmente a Escócia possui seu próprio parlamento, não sendo mais tão dependente da Inglaterra.
A importância dos Clãs na escócia é algo muito grande, você deve ter sobrenome para se notado aqui, cada família tem um brasão e também um tipo de malha (tecido que é feito o Kilt a saia escocesa), um país muito folclórico e creio que o vestígio Celta seja mais forte aqui em Edimburgo do que em Dublin.
Aqui não vi muitos imigrantes como vi em Dublin, como a Grã-Bretanha não faz parte da União européia as restrições com imigração são mais severas, e os que conseguem preferem ir para Londres, mas sinceramente achei Edimburgo com muita oportunidade e não sei se Londres realmente seria um bom destino, mas em alguns dias poderei afirmar com maior precisão. Portanto estamos apenas em nosso segundo dia de viagem e amanhã viajaremos para os Highlands (terras altas em português) região do monstro do lago Ness e do lendário cavaleiro imortal, que assim como a rainha da Inglaterra e a Derci Gonçalves só morre se cortarem a cabeça, neste caso temos apenas mais dois disputando o título. Bom a gente fez um videozinho que está no youtube, segue o link: http://ie.youtube.com/watch?v=Yts9g3g0iAY

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fazendo as malas

Está acabando um ano que certamente será um divisor de água em minha vida. Despedidas e mais despedidas, agora sinto como um adeus dói no peito, pois sei que será complicado de reencontrar esta turma no Brasil. Aqui como existem muitos brasileiros, e muitos na mesma faixa etária e objetivos que você, a cumplicidade toma uma força muito grande e você repara que esta realidade underground em que você vive aqui na Irlanda, que muitas vezes te derrubou por indiferenças, te deixou muito mais forte e fez você conhecer pessoas que provavelmente passariam desapercebidos em qualquer calçada de São Paulo.
Fizemos um mini leilão este final de semana, e a cada lance que meus amigos davam um pedaço da minha casa ia embora, no final de 4 horas vi minha casa se desfazer. Que graças a Deus nos rendeu um valor de €146,00 dinheiro suficiente para pagar as despesas da mini festa. Por falar nisto, não sabia que meu apartamento era tão grande contem comigo: Eu, Clara, Bianca, Bruno, Thiago, Maira, Murilo, Thiago baiano, Eric, Tarsila, Bruna, Paula, Alex, Marilene, Juliana, Rafael, Ana Paula, Marcelo, Fábio, Paulo e Tanira (agora sem acento) no total de 19 pessoas em um quarto e sala, mas que parecia um palacete. Muita cerveja e Hot-Dog fizeram o cardápio dos convidados, mas foi quando a festa terminou, que vimos o que estava pela frente.
Começamos a empacotar as coisas para entregarmos o apartamento no dia 30 e como juntamos bagunça em um curto período de tempo. Para fazer as malas recomendo não dobrar as roupas como é habitual, se colocarmos as roupas mais esticadas possível no meio da mala conseguiremos aproveitar melhor o espaço, e nos vãos que se formaram ao redor da mala, é o espaço suficiente para colocarmos toalhas e miudezas.
Depois da despedida do apartamento resolvemos nos separar de endereço, sendo assim a Clara ficou na casa da Bianca e do Bruno e eu fui para a casa do Fábio.
Fazer a mochila para um mochilão é muito complicado, pois devemos levar só o extremamente necessário e saber quais coisas serão é muito difícil. Despachar a bagagem de um mochilão o fará perder tempo no Aeroporto e sem contar nas chances da bagagem ser extraviada, portanto aconselho comprar uma mochila de no máximo 40L, e esta deve pesar por volta de 10k, para que você consiga levá-la como bagagem de mão e muito mais importante que isto, consiga andar com ela caso não encontre um locker.
Os lockers são tipo armários de rodoviária, onde você pega a chave e paga por dia para deixar suas coisas lá, dando a praticidade de andar com uma mochila menor nas costas durante o dia. Outra dica é comprar toalhas especiais de viagem, encontrada nas lojas de camping e uns elásticos com ganchos na ponta para servir de varal durante as noites, e sei que é complicado para as mulheres, mas apenas um tênis é o ideal. Sobre roupas minha mala possui: 5 camisetas, 7 cuecas, 2 calças jeans, 7 pares de meias, 2 cirolas ( para quem não sabe são calças coladas no corpo que ajudam contra o frio), 3 blusas de frio e 1 casaco pesado para o frio, afinal de contas estar na Alemanha em novembro não é a coisa mais indicada, porém é o que faremos.
Portanto está é minha última postagem de Dublin e estarei levando o laptop apenas para manter nosso blog atualizado, com muitas fotos e histórias curiosas. Portanto até Edimburgo, nossa primeira parada.
Na quinta feira aqui no Pub próximo da casa da Bianca realizei um sonho, cantei U2 One em um videoke e modéstia parte cantei bem, tive que ter muita coragem, pois qualquer erro de pronuncia aqui pode ser vexatório, mas fui e foi muito bacana, todos me aplaudiram.
Um amor, Um sangue, uma vida, você tem que fazer o que deveria, uma vida com alguém, irmãos e irmãs.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sonhos e Vertigens

A forma que se aprende inglês é muito importante, tenho visto muitas escolas de inglês que prometem rios e fundos, tendo um método diferenciado e etc. Tanto que no ramo de franquia não param de pipocar novas escolas, vendendo o nome e o know-how para que seus alunos se sintam confiante na maneira de aprendizado. Eu particularmente reparei na DCI (Dublin Cultural Institute) que cada professor tem sua maneira e seu know-how próprio, desta forma, desde que cheguei aprendi inglês de diversas maneiras. Minha primeira professora tinha um método tão quanto infantil, abusava de jogos, brincadeiras e desafios, para fazer te fazer decorar o texto. Na verdade muito usual, pois ela dá aula no Elementary, e normalmente as pessoas que estão nesta sala não tem muita noção de inglês. Eu ao fazer minha prova aqui, fui classificado neste level. A função da professora é fazer você ter o mínimo de vocabulário necessário para que o aluno comece a se comunicar, além disto, ela ensina os principais verbos e te faz decorar os verbos irregulares. Meu segundo professor foi o John, creio que o melhor professor da escola, ele é PHD em letras, portanto tem muita coisa a ensinar, neste level ele é responsável por fazer o aluno entender o idioma, ensina a usar o pronomes de maneira correta, e a identificar os substantivos, verbos e etc. da frase. Daí em diante o aluno já possui um nível razoável de idioma e portanto o aluno vai mais pra aula pra fazer exercício mesmo.
Farei neste final de semana minha primeira festinha de despedida, nela estarão presentes algumas pessoas de meu cotidiano aqui na Irlanda, com certeza algumas cervejinhas para comemorar e no próximo final de semana faremos uma festinha aqui em nossa casinha mesmo, com o objetivo de leiloarmos algumas coisas (na verdade vamos praticamente dar as coisas, só iremos arrecadar alguma coisinha pro mochilão também).
Vai dando um aperto no coração a cada dia que passa. Estes dois últimos meses, não venho praticando tanto meu inglês, como no começo, mas tenho me divertido muito. Descobri que gosto de cozinhar muito mais do que eu gosto de comer, e após muitos erros na cozinha, começo a fazer meus quitutes com mais qualidade. Tentei fazer alguns pratos irlandeses, mas creio que culinária não seja muito a área deles, temos uma variação de batatas com peixe, que na verdade não sei se é um prato típico irlandês ou inglês.
E por voltar a falar de inglês, a gramática é fácil e entre o falar e o falar bem, há uma diferença gigantesca. Neste momento eu falo inglês, mas ainda há muitos degraus para eu falar bem.
Se você quer aprender, comece de maneira simples, não assista filme dublado.
Agora se você tem o sonho de falar inglês, você precisa passar frio, quem sabe um pouco de necessidade, driblar seu orgulho, sentir saudades e depois de um tempo você irá olhar pra trás e só assim verá se valeu a pena.
Aqui não se aprende inglês, se aprende a viver.

English Version
The way to learn English is very important, I have seem a lot of school with so many promises, like a different way to teach or something like this. For example in franchising business of English school develop very fast, and this promise a different know-how, and this way you can pay for a book and is not guaranteed, honestly, you pay for a brand or a book with pictures. My school I learn with a lot of teacher and honestly, a lot of different meaning. My first teacher she was a little bit stupid, actually, I was feel like a child in her class. The objective of this level is teaching a necessary vocabulary to talk to someone and help you with irregular and regular verbs. The next stage is teach the grammar, this level, you start to understand, what is a noun, what is a subject and something bored things.
Now here in Ireland I discovery a important thing in my life. I love cook, honestly, I prefer cook then eat and I’m a little bit fat to have this impression. The reason is when you don’t have anyone to cook to you, you start to learn how, and because this I have a new passion in my life. I was trying cook a Irish food, but I did not find something interesting and fast as well to cook, because this, I tried the traditional fish & chips, but I am not sure it was a good idea. I don’t know if this food is really Irish or English.
And to comeback to talk about English. The grammar is easy, if you compare with any latin-language, but have a giant bridge between, speak English and speak good English. And I just speak English at the moment.
And if you want to learn any language, you must to rent some movies, but if you have a dream to speak another language, you must have problem with a different culture or weather, you must miss you family and go away to another country, and after some years, you can look to the past and see if was good or not.
Because there, you will not learn just another language, you will learn how you can live.
This was my first text in English I hope you like, and understand me as well.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Insônia

Quando era criança tinha dificuldade de dormir, estranho, pois sinto esta mesma dificuldade hoje, às vezes, no cair da noite aqui na Irlanda me sinto um intruso aqui em minha casa, não posso ler ou escrever no quarto, pois a Clara tem que acordar cedo no outro dia e também não posso ficar na sala, pois o Marcelo reserva este tempo para falar com sua família, portanto muitas vezes fico apenas deitado pensando na vida, mas hoje decidi mudar, por isso, escrevo este texto no banheiro (mas eu não estou fazendo nada relaxa) pois é o terceiro cômodo da minha casa.
Passei minha infância inteira e parte de minha adolescência na Rua A, nesta encontrei meus dois primeiros e grandes amigos. Normalmente nós nos lembramos de quando conhecemos pessoas que se tornaram importantes em nossas vidas, nós nos lembramos de cenas e acho muito importante recordá-las eventualmente, mas estes dois amigos, já estavam lá quando eu consigo obter minha primeira lembrança. A Vila Suissa (eu não sei o por quê mas é escrito com dois ésses) era para ser um condomínio fechado de casas, algo chique, mas por algum motivo que desconheço as casas viraram populares e o valor de venda desceu muito, o que tenho a impressão que tenha favorecido minha ida para esta rua. Portanto muitos jovens casais se mudaram para estas ruas e “nós” crianças, crescemos juntos e muitas vezes brincávamos com fulano ou beltrano, porque nossas mães tinham afinidades. Vai ver por isto eu o Léo e o Cleber sejamos tão próximos.
Outras cenas ainda estão em minha memória, e esta muito a ver com um herói nacional, ou melhor, internacional, Airton Senna. Quando eu tinha por volta de 8 anos, nós acordávamos bem cedo no sábado de manhã para assistirmos a corrida, muitos torciam para o Piquet, mas eu torcia muito para o Senna, e logo que acabava a corrida todas as crianças pegavam seus skates e desciam a rua, pulando as lombadas, para desespero das mães. Elas não entendiam, ninguém iria brecar com medo de cair e isto me custou um perna quebrada, mas não importa eu ganhei a corrida.
Outra coisa de garotos era o futebol, a maioria das crianças da minha rua torciam para o São Paulo Futebol Clube, claro que devido a grande fase que o São Paulo estava, não poderia se esperar outra coisa, os que eram Palmeirenses ou Corinthianos eram por obrigação, já que o pai era, mas o filho morria de vontade de torcer para o São Paulo. A minha história com meu time foi um pouco incomum, meus pais não gostavam de futebol, mas adoravam viajar, especialmente para outros estados, como Goiás (na pousada do Rio Quente, que na verdade ficávamos apenas no camping). Ao jogar futebol com as outras crianças elas me perguntavam: - Você é mineiro ou Goiano? Eu na esperança de dizer: Sou paulistano, me confundi dizendo: -Sou São Paulino. Pronto estava decidido meu time, para a tristeza dos meus tios corinthianos e palmeirenses e para a felicidade do meu tio por parte de pai o Kleber.
Aqui, neste lugar gelado, começo a me lembrar disto, da minha infância, da casa da rua A, de minhas corridas de skate, das partidas de futebol e dos primeiros e agora com mais de 25 anos de existência e eternos amigos. Às vezes ficar na cama deitado sem fazer nada, apenas pensando pode ser divertido. Boa Noite.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cacos e fiapos

Começo agora a vender ou dar as coisas que consegui aqui na Irlanda, deixando pra trás alguns amigos, muitos colegas e muitas histórias. Meu retrospecto em relação a minha vinda foi muito positivo, creio que o nível de meu idioma é satisfatório, claro que não tenho fluência, mas oito meses era todo o tempo que eu tinha disponível e creio que cumpri bem a missão. Começo a preparar para meu retorno ao Brasil onde realmente estou adquirindo mais conhecimento para desenvolver meu trabalho, meu real trabalho.
Dublin ficou muito marcado em minha vida, e com certeza terei muitas saudades da época que dividia uma casa com mais cinco brasileiros, (Léo, Antônio, Sushi, Guilherme e Síndico) também sentirei muita falta da turma da Prontaprint do Tim, Marcelo, Dave, Davinho, Sean, Catriona e Gayle e onde descobri um cara fora de série que me ajudava muito, não tanto com dicas profissionais, mas no sentido pessoal, pois me dava muitos conselhos sobre o que eu deveria fazer e como superar determinados problemas, infelizmente só me aproximei do Ronan nos últimos dois meses que antecederam minha saída da loja. Das partidas de futebol que eu organizava para os sábados à tarde, dos jantares e almoços na casa da Bianca e do Bruno, onde o Tiago Baiano sempre aparecia na hora que a comida estava pronta, partidas de baralho na casa do Paulo e da Tânira, que por sinal irão passar meu aniversário conosco em Roma, das voltas de bicicleta pela George Street, dos churrascos e reuniões na casa da Maíra e do Thiago, resumindo: consegui muitas coisas que não posso vender, mas conheço muitas pessoas que pagariam um preço muito alto para ter apenas um amigo.
Faltando um pouco mais de 20 dias para o início de nossa viagem, me deparo com um sentimento que mescla ansiedade com saudades, parece estranho, mas eu nem saí daqui ainda e já estou sentindo falta, a cada passo que dou próximo ao Trinity College, a cada vez que cruzo o Liffey, olho para eles e procuro ao máximo gravar o que estou vendo, creio que mais que isto, procuro gravar o que estou vivendo. Para isto serve esta página de Internet, uma memória de um rapaz de 25 anos, que largou sua família, seu trabalho, simplesmente para correr atrás de algo que ele mesmo não consegue explicar, mas uma coisa eu posso afirmar: Ele encontrou.

Os. A cinqüenta posts atrás você não me conhecia tão bem, e pra falar a verdade nem eu.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O Gigante


Esta semana recebi em minha casa meu amigo do Rio de Janeiro, Marcelo. Este ainda está deslocado, perante as tantas mudanças, culturais, climáticas e comportamentais.
Durante um passeio ao centro de Dublin, nos encontramos com a Fernanda, uma menina bem alto astral, mas que estava meio sumida de nosso cotidiano. Esta nos comentou que precisava de mais três pessoas para fechar um carro e ir a Belfast, capital da Irlanda do Norte, o valor era convidativo, e as três vagas ela conseguiu antes mesmo que pudesse terminar sua frase.
Nos organizamos para nos encontrar no sábado de manhã às 7h e este foi quase seguido a risca. O veiculo que viajaríamos seria uma “van” da Mercedes Benz, muito espaçosa por sinal.
Belfast na Irlanda do Norte é a cidade que mais sofreu com o conflito entre protestantes e católicos, sendo muito interessante conhecer, até porque temos apenas o ponto de vista dos Irlandeses do Sul e não sabemos como pensa os seus irmãos Irlandeses do Norte. Estes por sua vez pintam a idéia que o I.R.A (Irish republican Army) era um grupo terrorista católico, que atacava sem dó nem piedade civis. Claro que não é bem assim.
Eu sempre pensei que os Irlandeses do Norte não gostavam de ser representantes da Grã-bretanha, pois eles foram a moeda de troca que a Irlanda do Sul conseguiu por sua independência, mas não foi isso que vi assim que cruzei a fronteira.
Bandeiras da Grã-Bretanha por todos os lados, creio eu que até de forma cansativa, e claramente a Irlanda do Norte é a fazenda da Inglaterra, pois o solo irlandês é o mais fértil da Europa e o cheiro de estrume toma conta dos arredores de Belfast.
O que uma cidade precisa ter para ser considerado uma cidade? Pois bem, no Brasil qualquer cidade que se preze tem uma praça, um coreto e uma igreja católica ao meio da praça, mas esta idéia embora muito válida no Brasil, aqui não vale de nada. Não vi igreja alguma o tempo que fiquei em Belfast, as que vi, eram protestantes, assim como não vejo muitas igrejas protestantes aqui em Dublin (Protestante não tem nada a ver com o popular evangélico brasileiro que fique bem claro, eles não se dedicam a religião e em verdade não vão muito aos cultos e etc. creio que deva ter o protestante praticante e o não-praticante assim como alguns falsos católicos cismam em se rotular) Mas certamente há, eu apenas não as vi.
Eu imaginava que o conflito entre a separação da ilha fosse algo recente, mas este conflito já dura anos, sendo que por diversas vezes os irlandeses tentavam sua independência, um dos muros havia uma frase muito forte pra não dizer ofensiva contra o catolicismo de Robson Crusoé em mil seiscentos e lá vai fumaça. Muitas pinturas nas paredes sobre o conflito, e certamente estava pisando em um solo regado á muitos anos com sangue.
Depois deste baque cultural e histórico, onde você se encontra com cenários que você via no domingo a noite no fantástico, não há muito tempo atrás, fomos a um lugar mágico, algo tão grandioso como a história de Belfast, algo digno de Irlanda, trata-se dos Giants Cause Way.
Várias rochas parecem ser esculpidas a mão em forma de colméia, uma se encaixando perfeitamente a outra. Algo maravilhoso assim infelizmente só conseguirei te mostrar por foto, mas espero que um dia você tenha a oportunidade de tocá-la, de sentar em seu topo e ficar admirando o pôr-do-sol.
Diz à lenda que um Gigante construiu o caminho e cravou as rochas no chão, próximo a sua casa e também próximo ao mar, e por sua fama se espalhar por toda ilha, um outro Gigante veio querer derrotá-lo para ficar com sua fama, ao saber da notícia o Gigante Cause Way, fingiu estar dormindo e passou determinadas instruções à sua esposa. Ao chegar à casa do Gigante o outro perguntou sobre o Gigante de Cause Way, sua esposa disse: - Ele saiu para caçar. Aquele que está dormindo é o filho dele!
O Gigante vendo o tamanho do suposto filho ficou com medo e saiu às pressas antes que seu pai voltasse da caçada.
Sem nenhum propósito a lenda do Gigante de Cause Way, se encaixa perfeitamente com a história do conflito onde o I.R.A saiu vitorioso, a Irlanda não conseguia recrutar um exército para combater a Inglaterra, e seus soltados eram em sua maioria estudantes, católicos que sonhavam com a independência, então suas ações eram classificadas como atos de terrorismo, mas foi uma luta inteligente, talvez uma das mais difíceis que a Inglaterra já se deparou, pois lutava contra um adversário fantasma, lutava contra um espírito, o espírito dos irlandeses. Portanto não importa o tamanho, precisamos aprender a combater com inteligência e sobre tudo fé em nosso ideal.