sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Acertando as contas

Eu jamais me imaginei dividindo um apartamento com um desconhecido no Brasil, porém aqui é a coisa mais normal. Nós imigrantes só podemos trabalhar 4 horas por dia, ou vinte horas semanais, com isto o máximo que você consegue receber aqui são 800,00 um valor totalmente fora para você alugar um apartamento sozinho, porém o suficiente para conseguir pagar suas contas. Normalmente o salário de um Irlandês é na casa de 2000,00 o que mostra que estamos muito a baixo da média salarial, o que é facilmente entendido, devido a dificuldade do inglês. Outro fator que me chamou muito atenção é a acessibilidade do maquinário e dos softwares, um corel draw aqui custa na faixa de 100,00 muito diferente dos 1200,00 cobrados no Brasil, talvez por isto aqui não haja pirateamento de softwares. Mas tudo bem, cheguei a conclusão que para o Brasil mudar, devemos mudar muita coisa, e não é só papel do presidente, por exemplo a visa (empresa administradora de cartões) no Brasil cobra um taxa de 3,4% por transação, já aqui esta taxa cai para 1,7% o porquê. Realmente eu não sei, mas a diferença é notória.
Com tantas diferenças entre caro e barato, onde um bom carro custa na faixa de 8000,00 (10 meses de trabalho) e um quilo de picanha custa 30,00 (um dia de trabalho) fica um pouco complicado para um brasileiro se balancear aqui, a noção de o que é caro e o que é barato é muito difícil de pegar, para isto vale a pena pesquisar blogs, sites e principalmente conhecer alguém aqui, para te passar os atalhos. Gasto na faixa de 100,00 por semana com alimentação e transporte, porém este valor seria muito maior senão estivesse dividindo o apartamento com mais 5 pessoas.
Durmo em uma cama de casal com um rapaz cabeludo e que tem um certo trauma de chuveiro, eu já tive alguns desentendimentos com ele, pois este possui uma preguiça sem tamanho para lavar a louça ou qualquer afazer doméstico, sem contar no chulé dele, que eventualmente penso que há algo morto na casa. Pago 275,00 por mês para passar por isto, acho que está caro demais perto do que tenho que agüentar. Apesar que tem melhorado muito, esta semana inteira ele tomou banho todos os dias, o tênis dele está proibido de entrar em casa e não isto é mentira, ele não lavou um prato se quer.
Aqui sou uma pessoa diferente, em verdade não tenho oportunidade para expressar minha inteligência até por que ninguém me entende, mas pelo incrível que pareça falar eu até falo bem, o problema é entender. Hoje de manhã meu chefe me olhou e disse:
- Microsoftchevroletburgerking? E eu respondi:
- Claro que tive um ótimo final de semana.
Isto é uma tática que venho usando com freqüência, mas na verdade não faço idéia se ele perguntou sobre meu final de semana, porém sei que é uma pergunta de praxe para um segunda feira de manhã. Aprendo muito mais em meu trabalho que em minha escola, eventualmente eu me pego sonhando em inglês, o que é muito curioso, pois é um outro sistema lingüístico. Uma coisa é certa: Se eu tivesse o inglês fluente eu iria me dar muito bem aqui na Europa.
Mas enquanto isto eu continuo sonhando, semana passada uma frontier da Nissan parou para eu atravessar e eu pensei: -Um dia eu terei uma dessa! Ironia? Não, apenas estou aprendendo a dar mais valor as coisas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Boteco

Recebi algumas críticas quanto o blog e realmente todas muito bem vindas, sendo positivas ou nem tanto. Mas em especial recebi uma crítica que fiquei muito feliz, pois é exatamente o que tento passar a você. “Paulo, você escreve como se estivesse sentado em um bar, tomando uma cerveja com o leitor”, portanto, sente-se, aprecie uma gelada e vamos conversar mais um pouco.
Dublin possui um importante rio, que cruza o centro “Lifey” e é entorno dele que estão separados os bairros, é muito fácil de entender, número par, abaixo do rio e número ímpar acima do mesmo. Quanto maior o número, mais distante do centro esta área é. Eu irei morar em Dublin 1, como disse anteriormente, isto quer dizer que estarei bem onde “a Irlanda acontece”, e estarei dividindo o apartamento entre 5 pessoas, são elas: Síndico, Sushi, Léo, Guilherme, Carioca e eu. Nós todos somos muito parecidos em gostos e objetivos aqui, até para o mesmo time nós torcemos. Havia uma outra personagem também, a Iza, porém ela não aguentou a bronca, vivia chorando por causa de saudades e resolveu voltar, ninguém curtiu a idéia, porém ela é difícil de dobrar.
Saudades é algo que sinto a todo o momento, é claro que gostaria de ligar para o Victor, o Leco, o Denis e o Bitcho para organizarmos um churrasquinho no vim de semana. Tomar a famosa caipirinha do tio Mané, enquanto eu me entretia com os diálogos recheados de cultura com o tio Antônio. Mas tenho que aquentar, seis meses passam rápido, tanto é que completo um mês dia 28 de fevereiro. Nossa, parece tanto tempo. Aqui é batata, se eu quero chorar basta eu lembrar da minha família, da Tesouro que para mim é parte vital de minha família, da Clara, sei que o nome de vocês é muito para eu colocar aqui em um simples texto, mas tenham certeza que cada um de vocês tem um espaço enorme em meu coração. Quanta saudade eu não tenho da Monique? Como eu irei escrever, mensagens de paz se eu não tiver uma musa dígna de inspiração?
Aqui eu aprendo muito a cada instante, mas o que eu mais aprendo é sobre mim. Me lembro de uma frase do filme “Clube da Luta” “Você não é o que você veste, não é o seu cartão de crédito, você não é ninguém”.
Em meio a esta crise de identidade ligo para minha pequena que fizera aniversário ontem. E ela não me diz muitas palavras, pois o tempo é curto, porém ela me diz apenas uma coisa.
“Você é alguém, para um monte de gente daqui, te amo.”
Sim uma mesa de bar é assim mesmo, muitas vezes você ri, mas as vezes, você precisa de um companheiro para chorar junto com você.
“A família é o maior bem que um homem pode ter”- Vito Corleone.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mudanca de endereço

A partir do dia 20 de fevereiro, estarei em um novo endereço, este é bem no centro da cidade, à mais ou menos, uns 15 minutos de caminhada e à uns 25 minutos até o meu trabalho, sendo assim digo adeus ao Dart (uma espécie de metrô daqui) e também aos ônibus, mas em contra-partida, digo adeus a Gayle e ao John, meus pais irlandeses, que tem me tratado, realmente como filho, é impressionante o carinho que eles tem comigo e eu procuro retribuir da melhor forma possível. O falar inglês, é algo secundário aqui na casa, aprendo sim! Mas minha intenção é apenas agradecer a um gesto de carinho. Então família, se estou sentido saudades de vocês? Sim, estou. Mas sem estes dois, seria muito pior.
Os irlandeses à propósito é um povo muito receptivo, alegre por natureza e meio “deixa a vida me levar”, creio que eles sejam os brasileiros da Europa, pois assim como nós, a Irlanda encontra-se em franco crescimento, Dublin é uma cidade em busca de uma identidade, no cenário europeu. Porém descobri algo que realmente não me agradou. Algumas pessoas aqui na Irlanda não gostam do U2, levantando a bandeira do: -Quem ele pensa que é? –Ele possui milhões de dólares, mas quer o seu dinheiro para acabar com a pobreza.
Outros por sua vez: -O que você preferia? -Que ele cheirasse todo o dinheiro dele, ao invés de se preocupar com os outros?
Eu tenho minha opinião sobre o Bono. Para mim, ele é um ícone, um líder, e a função de um líder é causar polêmica. Uma coisa eu sei, ele nunca bateu em minha porta e me pediu dinheiro. Não o Bono não é assim, ele bate na porta do Bush, Blatter, Lula e etc...
Por falar em dinheiro, aqui na Irlanda vejo que é muito melhor, tanto para o empresário, quanto para o funcionário. Aqui não tem décimo terceiro, o empresário, não paga a condução da galera, e não existe as leis, hora extra noturna, passando de determinado horário, seguro desemprego só para quem tem carteira assinada á mais de 3 anos, o famoso atestado médico, por estar com dor de cabelo ou na gengiva aqui também não existe. Simples, foi trabalhar, recebe. Não foi, que pena né. Com isto o empresário paga melhor seus funcionários, e a conta de trabalho é feita por hora, em meu caso 10 euros por hora trabalhada. E recebo toda a sexta-feira. Assim eu consigo ao invés de gastar 17 euros por semana com transporte, morar perto do trabalho e ter o valor a mais na carteira. O Brazil é o brasil que conhecemos, por querer dar coisas de graça aos outros, gerando em nosso povo uma mentalidade “pedinte”.
O transporte daqui é algo muito bom, e justo ao meu ponto de vista, pois você paga de acordo com o que você anda, de 3 a 10 pontos é um valor de 11 a 25 pontos é outro e assim por diante, e foi em um transporte público que aconteceu uma cena comigo um tanto quanto engraçada, para não dizer, chata.
Pois bem, eu sou branquelo, cabelo escuro liso, e olhos castanhos, ou seja: Um gringo.
Estava no Dart, voltando para minha ex-casa em Sutton, Dublin 13 (no próximo texto eu explico como funciona estes números) quando entra um casal brasileiro e sentou no banco ao lado, o trem estava vazio, pois volto da escola às 22h, o casal começou a se beijar, só que o rapaz segurou um pouco a onda, reparei que os dois estavam a flor da pele, querendo se comer ali mesmo. O rapaz fala calmamente no ouvido da menina: (proibido para menores)
-Quero, pegar você! Te ...
E ela começou a responder:
-Quando eu chegar em casa eu vou ...
E claro eu fingindo que estava lendo o meu livrinho (em inglês, claro) assim o casal nem desconfiou que eu estava compreendendo o diálogo, e olha que as coisas eram meio pesadas. Eis que chega minha estação, espero o trem parar, abro a porta e digo:
-Até mais!!!
Em alto e bom som.
Não sei como ficou a cara deles, mas certamente agora eles irão tomar mais cuidado em lugares públicos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Sorvete Italiano

Está história aconteceu em minha viagem para a Itália.
Quando fui para a Itália, em meados de 2007, o meu primo estava acabando de acertar sua transferência para o Torino, então como já estava do outro lado do oceano, resolvi checar a cidade que ele iria morar. Foi difícil, mas consegui convencer a Elisandra e o Gilbert a darem uma passadinha em Turin, no norte da Itália.
A Itália é um país maravilhoso, muito hospitaleiro, porém com o típico jeitinho italiano desta forma o país fica muito parecido com o nosso, em geral comesse muito bem nesta região, mas esta possui um horário, um pouco diferente do nosso. As lojas pelo que percebi no dia em que fui, abre apenas as 15h na segunda feira, isto faz o centro da cidade ficar vazio, neste dia, mas nos outros dias os horários são normais. Talvez meu primo possa ajudar sobre esta questão em algum comentário.
O culto pelo italianos ao futebol e ao automobilismo, é notório, a febre entre a velha senhora e o Torino, deixa a cidade com um aspécto mais de Buenos Aires que de Europa, em certas partes, as mulheres são lindas, e segundo minhas acompanhantes mulheres os homens também. Mas também né, tendo eu como base de comparação, qualquer um, fica bonito. Mas vamos ao que interessa.
Quem já ouviu falar do “sorvete italiano?
Pois é, estavamos, Gilbert, Elisandra, Clara e eu, vagando pelas ruas italianas, quando avisto uma sorveteria. Ainda me lembro do nome: Tutti Gellato (acho que é assim que se escreve).
Olhei a vitrine inteira, e como brasileiro, não iria pagar o mico de pedir um pouquinho para experimentar. Não, brasileiro paga outro tipo de mico.
Vi uma cor fantástica, era lilás, bem clarinho, tipo a cor de um anoitecer, algo magico, o nome?
Viola, (lê-se viôla, e não vióla, tipo o instrumento)
Não exitei:
-Eu quero este.
A Clara também namorou a vitrine toda, muito bem decorada e escolheu de “Nutella”, a minha prima, foi um pouco mais conservadora e pediu o “Creme” e o Giby o tradicional “Chocolate”.
Recebi meu sorvete, e senti o seu perfume, este tinha cheiro de lavanda, dos alpes franceses, um cheiro de perfume maravilhoso, mas quando senti seu gosto.
-Caraca!!! Isto aqui tem gosto de perfume também.
-Moça do que é este sorvete? Rexona?
O fato que o sorvete era tão cheiroso, que eu estava quase passando de baixo do braço, e o sabor também era similar a uma lambida no suvaco. O coisa ruim.
Passado dois minutos e a clara recebe o sorvete dela:
-Nossa mor, acho que o meu está estragado.
-Imagina, Nutella, não tem erro.
-Mor o meu está com gosto de remédio.
Nossa na hora que eu provei o sorvete dela, me lembrei da minha infância, quando dona Regina, me empurrava guela a baixo 34 gotinhas de Novalgina, era definitivamente um sorvete fabricado pela Bayer, Pfizer, mas nunca pela Kibon.
-Mor, veja pelo lado bom. Ao menos você não terá febre.
Um instante depois e vejo a Li olhando para o lado e perguntando:
-Du, o seu sorvete está bom? (não sou eu, é forma carinhosa de chamar você, só que em Alemão, e eles se tratam assim)
-Du, o meu é de chocolate. Sempre está bom.
-Du, o meu está com gosto de ovo.
Caramba, eu não podia perder esta. Provei o dela, e realmente, se você estiver desanimado, precisando de uma gemada, tome o sorvete de creme. Era um gosto de ovo, do começo ao fim, ovo cru ainda por cima.
Resumindo, nunca, peça algo que você não provou, ou não conheçe o gosto, você pode acabar sentindo gosto de suvaco, de novalgina ou de gemada.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

First Week

É estranho, mas eu reconheço um brasileiro só de olhar. Como nós somos? Está é fácil. Um brasileiro anda olhando para tudo que é canto, não traça uma meta e vai em frente desconciderando o que há em seu periférico, como o europeu, creio que isto se dê pelo nosso habitat natural, ou seja, estamos sempre espertos com algo hostil, que possa acontecer, principalmente nos grandes centros, somos criados desde criança à tomar cuidado pra ver se não está sendo seguido, olharmos dos dois lado antes de atravessar a rua e assim por diante. Por falar em atravessar a rua, tenho um sério problema com este quesito, aqui é mão inglesa, sendo assim o carro possui volante do outro lado, e todos andam pela esquerda. Sempre que eu vou atravessar a rua, olho para o lado errado, já duas vezes xingaram a dona Regina por conta disto. (desculpa mãe, o segundo era polonês e eu não entendi, mas acho que ele quis te ofender também) Bom mas voltando ao assunto, este erro é tão frequente na Irlanda, que toda a esquina possui uma frase escrita “Look Right or Look Left” mas pra dizer a verdade creio que eles deveriam escrever em português, porque só brasileiro comete este erro. De tanto errar, agora aprendi a olhar para o outro lado, sempre, não importa se esteja tranquilo.
Trabalho, a maioria dos brasileiros aqui passam um perrengue desgraçado, pois eles não se preparam pra vir pra cá, e chegam sem saber o mínimo do inglês pensando: Lá eu aprendo! Bom não é assim não, vocês precisa ter pelo menos uma base boa, algo como uns 4 anos de estudo por escolas normais, ou uns 6 meses se dedicando muito ao idioma. Sem isto, na boa você vai ser apenas mais um na multidão, e esta multidão é bem grande. Com um inglês precário você só consegue emprego de 20 horas semanais, e a média salarial é na casa de uns 7 euros a hora. A maioria das pessoas conseguem fazer um acerto e trabalhar full-time, mas grande parte, fica nas 20 horas semanais, eu por exemplo.
Em meu trabalho estou me dando muito bem, tem um brasileiro lá também que me ajuda muito, é o Marcelo, ele é de Curitiba, e fala inglês muito bem, porém ele não gosta de falar português, creio que seja até melhor assim, pois posso aprender mais, o Hom é tipo o Sr. Elias da prontaprint, isto é impressor de off-set, tem um ótimo conhecimento na área também, porém tenho uma certa dificuldade de entender o sotaque dele, o Dave, é um típico irlandes, loiro, baixo, olhos azuis, ele é meu companheiro de setor, cuidamos do “finish” ou acabamento se preferir, o Tim é um cara muito bacana, ele fica só me ensinando o que não presta e gírias, conhece bastante da área, ele opera a DocuColor 6060, a Nuvera e a DocuColor 250 (minha favorita) ele fala muito rápido, imagina o Fernando mineiro falando inglês com você! (pra quem não sabe o Mineiro é um amigo meu lá da loja Rio, que fala como o Enêas).
Tá bom está faltando minha trapalhada da semana, desculpe ser insistente neste assunto mais, segundo dia de trabalho, isto é na terça feira, eu estava com a barriga borbulhando então pensei: Bom, estou na minha hora do almoço e ninguém irá sentir minha falta se eu sumir por uns 20 minutos. Mais que depressa entrei no banheiro, e fiz o que havia de fazer, porém na hora de dar descarga.
-Droga! Eu não acredito, está merda está enxendo!
-Meu isto não desce.
Sim, sim, havia feito o famoso cocô Isopor, e nada de ir embora, depois de cinco tentativas eu desisti. Sai do banheiro com a cara mais amarela do mundo, e fiquei a sala ao lado, dobrando uns folders, quando entra o próximo coidado no banheiro pra ver o presentinho que eu havia deixado no banheiro pra ele, e só escuto:
-Crap!!!
-Whos the son of a bi…! (sim mãe te xingaram de novo)
Sorry!!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Pinimba

É estranho escrever sobre, pinimba, até porque não estou. Mas aqui, para você se manter com uma certa quantia, você deve ser muito “murrinha”, por exemplo: nós brasileiros todos temos o telefone da operadora “vodafone”, que é parecido com a Tim, aí no Brasil, mas porque temos este aparelho, é o mais curioso. Nesta operadora a mensagem de voz é gratuita, ou seja, nós ficamos um, deixando mensagem na caixa postal do outro. Com isto demoramos uns 10 minutos para concluirmos um local de encontro por exemplo; que normalmente é a “spire” (um porte bem alto no meio da cidade), mas a econimia não para por aí, também almoçamos um hamburger sapeca em uma travessa da O’Connell street, que custa 1€ (vocês repararam que agora eu coloquei o sinal do €uro né) e a coca-cola de 600ml por €1,40 que normalmente é dividida por 3 pessoas, sendo assim você almoça e gasta no máximo umas 3 pratas. Brasileiro adora farra, onde tem uma balada, tem brasileiro, então como economizar na balada? Simples, entre nos bares antes das 8h30 alguns e outros antes das 10h, fique um tempo lá dentro e depois saia, para tomar uma ar ou encontrar alguém, sei lá! E então o porteiro irá carimbar sua mão, para que você ao voltar não precise pagar a entrada. E acredite, duas mãos para carimbar, às vezes não dá.
Eu particularmente arrumei um emprego muito rápido como eu havia dito no texto abaixo, e virei um case para emprego aqui, agendei uma entrevista um amigo, mas para quem não tem bom inglês o negócio é se contentar em limpeza e entrega de jornal.
Um mundo à parte, se é que podemos falar isto, aqui em Dublin, existe algo novo, uma das cidades que mais cresce no ano, ela está formando seu carácter agora, uma mistura de chinês, polonês, africano, irlandeses, mexicanos, ilhas maurício e brasileiros. Mas os brasileiros até que são bem vistos, porque a maioria vem pra cá, estuda e depois volta, já os poloneses, mexicanos ... não. E para combater esta imigração em massa que recebe Dublin, todos os dias, existem um grupo meio Neo-nazista mas dúvido que eles saibam disto que brigam, atacam coisas, trombam e roubam pessoas nas ruas. São os chamado Naker’s, normalmente usam tenis branco e calça de moleton ou agasalho esportivo. E eu já fui trombado na rua por um, e olha que muitas vezes as pessoas acham que eu sou local.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cagado

Você já deve ter ouvido a expressão “cagado”, pois bem: trata-se do ato de ter sorte, muita sorte.
Como minha primeira história na Irlanda creio que é um bom título, afinal de contas todos nós temos nosso dia de sorte ou de azar, e considero muita sorte tudo que vem acontecendo comigo em minha nova jornada.
Peguei um voô tranquilo, por sinal viajei de KLM, é uma ótima companhia aérea, eles servem até sorvete, o problema é que não falam nada de português. Sentei na Janela, porém uma moça me pediu para trocar de assento com a filha dela de 5 anos, fiquei com dó e aceitei. Ferro!!! Eu fiquei no corredor do meio, entre duas poltronas e o pior de tudo é que os apoios de braço já estavam ocupados, a minha acompanhante da esquerda era uma senhora de mais ou menos uns 60 anos, muito bem disposta e engraçada também, ela havia pedido para trocar de lugar, devido a uma hérnia de disco mas tudo bem, a minha acompanhante da direita era uma jovem, muito bonita, porém ela não conversava direito comigo, é estranho mas as mulheres possuem uma defesa, ela fica achando que todo mundo vai dar idéia nela, aí fica retraída, meio querendo conversar para passar o tempo e meio querendo me mandar ir a merda, mas não tem problema eu estava indo pra irlanda mesmo. Passado um determinado tempo a aeromoça disse a senhora da minha esquerda que havia conseguido um lugar, aí saiu minha companheira de assunto e chegou um “china” muito do chato. A loira ao meu lado pediu para ele trocar de lugar com a amiga dela em umas 4 línguas, sem sucesso, aí o “china” resmungou: - O caralho! – Você fala portugues? – Então você não quer trocar com a minha amiga? – Denovo eu quero ficar parado em um lugar. – Ok!!! E eu no meio sendo alvo dos perdigotos, o estranho é que quando eu estava sentado no corredor ela queria trocar comigo, depois que eu fui para o lado não, ou seja ela queria que ficasse ela e a amiga dela ocupando três lugares; mas vai ser folgada assim. O pior de tudo é que de tanto ela insistir ela consegui, um lugar para mim no corredor e um para o china também no corredor. Ao lado da minha companheira de viagem que falei acima.
Logo pensei:- Nossa me dei bem! Mas não foi bem assim, do meu lado direito agora havia um casal de velhinhos, aparentemente holandeses, os véios se drogaram e foram dormindo o caminho inteiro, mas babar no meu ombro não é o problema. Passado uns 40 minutos de voô, a véia vira para o lado e solta uma bufa que foi complicado. Mais uns 30 minutos veio outra. TRUMMMM!!! E a cadeira mexendo, se não fosse pelo fedô até dava pra disfarçar dizendo que era a turbulência. Mais uns 25 minutos outra. BRAUMMMM!!! –Porra está véia vai cagar na minha cara deste jeito. E assim foi minha viagem por longas e dolorosas 11 horas. O cheiro está impregnado na minha roupa até agora, acho que terei que atear fogo.
Quando achei que minha experiência com merda havia acabado eis que surge. Tanã!!!
Bem hoje de manhã fui na prontaprint, local onde arrumei trabalho pela internet, embora a moça tenha me dito que não precisava me preocupar, que já estava dentro eu fiquei muito preocupado, com a entrevista, cheguei uma hora mais cedo que o combinado, fui me apresentar e o atendente me pediu para que voltasse dalí meia hora, então fui até o Mc Café, pedi um capuccino e fiquei rezendo e pedindo a unção do Espírito Santo, depois tentei ler o jornal na praça Stephen Green (um lugar lindo digasse de passagem), quando:
Ploft! -O meu Deus, era só o que me faltava.
Um pombo acabara de acertar em cheio o meu jornal, e aquela coisa mole manchou o meu casaco.
-Droga como eu irei para a entrevista assim?
Peguei o casaco e limpei a merda com o verso da merda no jornal, resumindo era uma merda frente e verso agora. Pensei que o máximo que poderia acontecer na entrevista era ela me dizer “não”. De fato havia pedido a unção do Espírito Santo e sei também que ele se apresenta em forma de pombo, mas não precisava cagar em mim né!
Entrei na entrevista e foi um sucesso, as máquinas que eles trabalham são as mesmas da Tesouro, a equipe é super legal e já até me apelidaram. Quem advinhar ganha um doce. Kaká, mas hoje mais do que nunca Kokô (o irmão dele).