segunda-feira, 19 de maio de 2008

Caminhos de Dublin



Muitas horas de caminhada, às vezes, fico imaginando como seria fazer o caminho de San Tiago de Compostela, um caminho de meditação e fé entre a França e a Espanha. Não muito distante de lá se encontra Dublin, uma terra explorada desde o início de seus dias. Os “Vikins” desembarcaram nas praias de Howth e assim começou o primeiro legado de invasões na Irlanda. Dublin por ser sua capital, também possui vestígios deste tempo. Abaixo de nossos pés há uma cidade “underground” (alternativo, submundo), nesta existem ao meio de fiações e encanamentos, antigos porões, tabernas e até mesmo moradia. Como a terra era freqüentemente atacada, o povo regional precisava de algum lugar para se esconder e abaixo do solo era a melhor opção, com o passar do tempo na idade média, existiram povoados completos subterrâneos. Em Dublin-Ground existiam suas próprias leis, cumpridas por pessoas que não ligavam para o significado da palavra “Lei”, uma vez que eram todos fugitivos dela. Depois deste período a Dublin-Ground só voltou a ter população durante as duas guerras, onde os homens não tinham escolha e deveriam combater os alemães, os que tinham dinheiro ou bons contatos conseguiam mandar seus filhos para os Estados Unidos, documentados como escravos. Já os que não proviam de tal honra ou benefício se escondiam na cidade subterrânea.
Meu chefe me chamou e perguntou: -Paulo, você pode trocar a lâmina da guilhotina? (Paulo, can you change the guillotine blade?
) Protamente respondi que sim. Ele me deu uma chave e me falou que as ferramentas ficavam depois de uma porta que na verdade nunca havia reparado que existia. Abri com cautela, procurando um interruptor e me deparo com um quarto que ia se afunilando e seu teto cada vez mais próximo do chão. Quando meus olhos se acostumaram com o escuro, pude reparar que não se tratava de um quarto e sim um corredor, talvez a entrada ou uma delas e cidade subterrânea. Abaixei dei dois passos a frente e senti uma corrente de ar vinda do corredor, pouco depois encontro a lâmina reserva e a chave de fenda jogadas ao chão. Na parede do corredor feito de pedra vi algumas escrituras, que sinceramente não consegui compreender, pois estava em gaélico (real idioma regional, porém sucumbida pela dominação inglesa e proibição de usar o idioma próprio do país). Fecho a porta e volto a civilização, troco a lâmina e fico intrigado com o que acabara de ver. Certamente esta cidade tem muito mais a mostrar do que meus olhos são capazes de ver.

5 comentários:

Anônimo disse...

uhhh que medo....ai, o que será que vai acontecer a seguir?? .... ansiosa para as cenas no próximo capitulo....

bjs....

Anônimo disse...

oiii Tioooo Pooolll!
Acabei de terminar uma prova ferrada de ADM e agora vim aqui na sala de informática da facul, pra ler seu blog e me distrair um pouco!
Eu realmente adorei as fotos das suas ultimas postagens. Elas estão lindas, parecem fotos profissionais!
Passei seu blog pra uma amiga q ja fez intercâmbio e ela gostou muito!

Um abração, estou com mtas saudades

De Geeeiseeeeeeeeeeeeee!

Paulo Eduardo disse...

Oi tia geise tudo bom? então minha linda, espero que tenha gostado mesmo e as fotos o crédito é todo da tia clara. Vc iria vai adorar aqui, espero que um dia vc possa vir, é um aprendizado muito maior que de idioma, é um aprendizado de vida. Um beijão pra todos vcs. Meus 4 tios (tio mané, tia elisete, tio murilo e tia geise).
Amo muito vcs.

Anônimo disse...

Caminhos de Dublin
Caminhos de nós
Caminhos de mim
Caminhos das aparências
Caminhos das essências
Estruturas que se superpõem
Camadas que se compõem
Caminhos do parcial
Caminhos do total
Do conhecido
E do escondido
Do que está em cima
E do que está embaixo
Da casca
E da polpa
Do corpo
E da mente
Do que vem atrás
E do que vai à frente
Daquilo que somos
E daquilo que supomos.

Para além da roupa e da pele
Do olhar e dum semblante qualquer
Há um mundo vasto e misterioso
Que habita em cada um de nós.

Os caminhos de Dublin
São a metáfora viva do homem
Esse ser complexo e fragmentado
Que reveste com uma película
Os mistérios do seu universo.

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Abraços do Tio Antônio.

Paulo Eduardo disse...

Poxa vida ficou ótimo este poema, creio que conseguiu em menos palavras descrever exatamente o que estou a fazer aqui. E fico muito agradecido de ver que os caminhos de dublin, também fazem parte dos caminhos dos outros, pois ao escrever qualquer texto minha vontade é esta.

Muito obrigado Tio, vc tem um talento muito especial, e espero que esteja gostando do blog.