quinta-feira, 3 de abril de 2008

No hall do Aeroporto

Poucos lugares no mundo passam uma mistura tão grande de sentimentos e desejos, poucos lugares nos proporcionam a forma de aprender com nós mesmos como em um aeroporto.
Quando recebi o ticket de passagem para a Alemanha em janeiro de 2005, este não havia especificações, apenas alguns números jogados, 2210 e 0715 ainda me lembro dos números, sendo assim cheguei ao aeroporto de Guarulhos, muito cedo, por volta de umas 5h da manhã, para fazer o check-in, após ficar na fila por muito tempo finalmente chegou minha vez. Entreguei minha passagem e a moça me dissera que não pudera fazer o check-in de minha bagagem, pois meu vôo ainda não havia aberto. Achei estranho e questionei:
-Ué, mas não é pra fazer o check-in duas horas antes?
-Sim duas horas antes, mas o senhor está muito cedo.
Então reparei que havia confundido o número do vôo com o horário, e só iria embarcar às 22h10 minutos, nossa, foi cansativo. Então sai da fila com cara de ... e procurei um lugar mais confortável e algum passatempo à fazer, em verdade aquele aeroporto é muito pequeno. Fato: o principal passatempo do gordo é comer, e não estou falando do gordo convencional, e sim do gordo de cabeça, como realmente era muito nesta época. Fui procurar um lugar pra tomar um café da manhã, e logo terminado, não havia mais nada para eu fazer, a não ser esperar. Sento-me na poltrona, olho para o relógio 8h30, e vagarosamente pego no sono, neste durmo aproximadamente umas duas horas em minha imaginação, porém quando olho no relógio novamente, 8h40, nossa que tédio. Comprei algumas revistas e fiquei lá na minha sentadinho lendo. Até que me bate o desespero.
-Aí meu Deus, preciso ir ao banheiro!
Mas o que fazer com as minhas malas? Elas não cabiam no banheiro normal, foi quando eu avistei o banheiro de deficiente. Todo grande, cabendo eu e minhas duas malas, sem pestanejar disfarcei e entrei com o carrinho da bagagem dentro do banheiro. Começo o serviço e ouço um rapaz com um sotaque mais pra cima de nosso país dizendo:
-Ei! Menino, eu vi que você entrou aí. Você não é aleijado não vamos, sai daí logo que eu tenho que trabalhar!
Cara eu não sabia o que fazer, o maluco gritando na porta do banheiro e eu lá dentro pensando em sair pela descarga de vergonha. Deixei o indivíduo parar de falar, ouvi o silêncio na parte de fora e saí com a cara mais amarela do mundo.
Como não tinha mais o que fazer, sentei-me próximo a parte de desembarque de vôo internacional, e fiquei reparando nas pessoas que chegavam e na expressão das mesmas, os que ficavam com papelzinho na mão normalmente davam apenas um aperto de mão, porém o emocionante era ver as pessoas mais velhas ou as crianças na espera de alguém. Muitos não continham a ansiedade e entravam na área dos passageiros, principalmente as crianças, o abraço era a coisa mais sincera que tem, pois só vai te levar ou te buscar no aeroporto quem está contando os segundos pra ficar com você. Foi assim com algumas pessoas da minha família que foram me acompanhar só para ficar mais uns 30 minutinhos comigo. Parece idiota? Mas creio que na verdade seja a coisa mais sábia a fazer, tanto que os mais velhos (mais sábios) e as crianças (mais sábias ainda) é que sentem esta força. Portanto se você ama alguém, deve lutar pra ficar próximo desta pessoa o máximo possível, e seja um dos primeiros a lhe mostrar um abraço (pois quando se está abraçado, é a menor distancia que pode ocorrer entre o coração de duas pessoas), que neste caso significa: aqui você tem um Lar.
Sábado, pontualmente ao meio dia lá estará eu, no Hall do Aeroporto, sem papelzinho, sem aperto de mão, mas com um grande abraço a esperar. Sei que minha casinha aqui não é grande coisa, mas é a maior que eu posso ter, e sendo “pequena” é um lar.
Obs. Alguém já disse que te ama hoje?

Paulinho
paulo.e.lopes@globo.com

9 comentários:

Unknown disse...
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Unknown disse...

Nao, ninguem me disse, mas nao precisa, pq sei q no meu coracao esse amor existe com uma forca que nao consigo simplificar em palavras, as vezes tao poderosas para quem tem a habilidade de usa-las com sabedoria, como vc.
Nao consegui conter as lagrimas de emocao, ansiedade mesmo, e ate pela espera desse abraco tao especial. Li enquanto estava em compania da Re, da tia Lurdes e da Momo, ficou olhando pra mim com aquele olharzinho assustado, e preocupado pelo fato de estar chorando, quando, mostrando a sabedoria inocente....me questiona: - tiia, poque vc ta choiando? Q pergunta dificil, e até contraditorio. Respondi: -To chorando Momo, pq estou muito, mas muito feliz.
Obrigada Du, por tudo, principalmente de me proporcionar uma familia tao divina (em todos sentidos, e com toda força que a palavra DIVINDADE possa ter).

Se ninguem tb nao te disse, aqui vai: Eu te amo!!!

Anônimo disse...

Paulo, estou feliz por vc, porque vc vai ter companhia aí!!!!
Pelo visto não vai voltar, né? rs
a gente se vê!

Fernanda (BBC

Unknown disse...

Sim, e eu tambem já disse estas palavrinhas mágicas hoje!

É sempre bom falar o quanto uma pessoa é importante para nós(em todos os sentidos da palavra).

Cara,

Como sempre um texto engraçado, inteligente, sensivel e amavel...


"Às vezes a distância, a ausência e a saudade tornam a amizade e o amor mais doces e mais profundos do qualquer outra coisa."

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Paulo Eduardo disse...

Pessoal, estou muito feliz com os comentarios, muito obrigado e espero que um dia possamos realmente sertarmos em uma mesa de bar e trocarmos ideia, sobre varios assuntos. Beijo pras duas de baixo (no rosto e clara, te vejo em pouco tempo)

Paulo disse...

Cara to super feliz por essa historia torço por vcs 2...fikei emocionado lendo isso lembrei do meu tempo claro a distancia era menor rio e são paulo mais a melhor forma de mostrar esse sentimento de saudade e um abraço bem apertado...
Abração


Bolinho

Anônimo disse...

CLAUDIA DISSE: OOOOOOOOOIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Estou com muitas saudades de ti, e tbm da tia Clara, mas quando apareço aqui me sinto mais próxima e eu já estava com o coração apertado de não ter te deixado mais um "OI"! Ler suas histórias, me faz pensar como muitas vezes somos egoístas e pedimos muita coisa a Deus, pois às vezes o que mais necessitamos já estão conosco, que é um ao outro!
Eu amo muito vc! E todos aqui estam morrendo de saudades tanto quanto eu, a Momo fala com vc no aparador todos os dias!
Vê se vcs casam por aqui, pois eu quero ver a noiva entrar! rsrs...
Ah! postei como anônimo pois a Clara sabe pq, eu não consigo postar, fica voltando 1000 vezes, meu micro é um coco!
Super beijos pros 2!

Paulo Eduardo disse...

vc eh muito engracada claudia!!!