domingo, 9 de novembro de 2008

A Terra do Nunca

Chegamos em Amsterdam e nossa amiga Bianca já estava nos esperando, porém como toda a mulher, ela tem um problema com pontos de referência. Mandei uma mensagem a ela dizendo: Ao chegar procure um local de ponto de referencia e nos mande um SMS de onde você está!
Para minha surpresa a próxima mensagem que recebi dizia: Estou comendo pizza no único lugar tem! Fiquei puto, como eu poderia achar um local que vende pizza na estação¿ Todos os restaurantes que perguntei também vendiam pizza, e pra variar, a estação de trem era muito maior que eu havia imaginado, consegui ligar com os 0,32 que ainda me restavam de crédito e dizer: -Vem pro Burger King. Passado alguns minutos lá estava ela.
A Bianca é muito animada, adora uma boa conversa, bom pra falar a verdade um bom ouvido, pois você não precisa falar muito, e o alto-astral dela é contagiante, é impossível ficar mal-humorado ao lado de pessoas assim, mesmo quando se acaba de chegar de viagem e ela não consegue marcar um ponto de referência.
Nos dirigimos até o hostel bem rápido e todos na cidade se mostram bem prestativos a ajudar, sem contar que todos falam inglês e um inglês muito bom.
Resolvemos sair para ver a famosa noite de Amsterdam, mas em uma segunda feira, isto não é uma boa idéia, mesmo assim, o que eu poderia fazer¿
Minha namorada adora conversar, e quando junta com a Bianca eu passo a ser um mero coadjuvante de segunda, as duas conversando sobre perfumes, sapatos, bolsas e eu querendo um revolver para me matar. Imagina estar em uma cidade fanática por futebol, com maconha liberada e com um monte de mulheres em vitrines e só ter sua namorada e a amiga para tecer meus comentários¿ Olha, de repente senti muita saudade do meu amigo Paulo.
Ficamos em um Pub e eu me encarreguei de entender o mapa, enquanto as duas tagarelavam, enfim achei o hostel e dobrei a direita, porém, mais do que depressa a Bianca diz: -Aqui eu já sei como fazer para ir pro hostel! – Como assim Bianca olha o nome da rua, é esta aqui! Exclamei. – Não, eu tenho certeza, vem comigo! Bom na verdade eu tive muitos pontos de dúvida durante o caminho, mas esta não era uma delas, fiquei, porém a Clara resolveu seguir sua amiga. Dei mais uns 20 passos e cheguei até a porta de nosso hostel, então fiquei lá esperando que as duas voltassem e nada, passado um determinado tempo resolvi ver o que acontecera. Ao dobrar a esquina vejo as duas e uma delas sentada ao chão. Já fazia tempo que a Clara não caia, creio que por volta de umas duas semanas, e desta vez ela caiu e torceu o tornozelo, e ainda ela vem me falar que andava de patins, com a coordenação motora que ela possui, precisaria de uma armadura.
Amsterdam é conhecida internacionalmente por sua tolerância. Seu povo é constituído de pessoas que não ligam muito para o que você faz da vida, mais ou menos, como uma idéia de cada um se importando com seu cada um, desta forma, sobra espaço para exercer seja qual for seu hábito. A primeira “tolerância” tomada na cidade foi a liberdade religiosa, portanto, muitos judeus de Portugal e Espanha, ou pessoas que sofriam discriminação religiosa fugiram para a cidade, e estas “tolerâncias” foram ficando cada vez mais intensas.
Todas as cidades que visitei possuem uma praça bem no centro da cidade e uma igreja, normalmente muito grande, esta foi diferente aqui em Amsterdam, as igrejas que conheci são protestantes, e o povo não me parece ter uma religião que realmente exerce, há apenas cinco igrejas católicas na cidade sendo uma delas no terceiro andar de um modesto prediozinho. Acontece que durante um determinado período o catolicismo era proibido na cidade. Por ter sua maioria protestante, e ainda por cima, tolerante a diversos assuntos, que a igreja católica condenava ou ainda condena, eles chegaram a conclusão de proibir a igreja em seu perímetro, claro que não é crime hoje em dia ser católico, mas este deve andar na surdina.
A legalização da prostituição não é plena, existem lugares onde elas podem exercer a profissão, e este virou um ponto turístico da cidade, é muito comum ver turistas andando por seus becos, onde há todo o tipo de mulheres, lindas, feias, gordas, magras, e outras não tão mulheres assim. O preço pra quem tiver interessado é na casa de €40,00 uma mina a pampa, mais ou menos uns R$ 120,00. As mulheres ficam em uma vitrine e chamando sua clientela, este entra, acerta os detalhes e fecha-se a cortina.
Outro tema bem polêmico são os Coffee Shops, estes são pubs que possuem licença para a comercialização de maconha, haxixe e chá de cogumelo, nestes pubs não são vendidas bebidas alcoólicas, até porque duas drogas juntas não dá certo. Este é mais um ponto turístico, do que realmente algo que faz parte do dia-a-dia de seus habitantes, entrei em alguns para saber como é, e tudo que posso dizer é que o rapaz que estava dividindo a mesa conosco era o Marcelo D2 em uma versão australiana, o som preferido destes era o reggae, creio que Bob Marley era como um hino. O fato é que gostando ou não à de se respeitar a coragem deste país, e seu resultado de liberar parcialmente o uso de substâncias tidas como ilegais no resto do mundo, ajudando assim a combater o crime organizado, o número de pessoas que experimentam a droga no país é altíssimo, porém o número de dependentes é muito baixo, reduzindo também o numero de dependentes de outras substâncias tóxicas que normalmente são taxadas da mesma forma.
Portanto, Amsterdam é uma cidade de contraste, e o maior contraste que podemos ver é o interno, onde a noção do certo e errado é vista por um outro ponto de vista, este ponto de vista que legaliza, relações sexuais nos parques, maconha e prostituição, também é o mesmo ponto de vista que proíbe uma religião, por ser contra à coisas que eles legalizaram, Amsterdam é como uma imagem no espelho, é o que é, mas do lado invertido.





2 comentários:

Regina disse...

Oi crianças,

Tudo bem por ai?
E o pé da CLara, é grave?

Estava olhando as fotos da Clara e achei Amsterdam linda.

Curtam bastante pq tá acabando...

Beijos
da "Bella Regina"

Paulo Eduardo disse...

Oi Mae, nao ela jah estah melhor, acabamos de chegar em Dublin novamente, nossos amigos nos entregaram um quadro de muito bom gosto para guardarmos nosso momento aqui na irlanda.