quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sonhos e Vertigens

A forma que se aprende inglês é muito importante, tenho visto muitas escolas de inglês que prometem rios e fundos, tendo um método diferenciado e etc. Tanto que no ramo de franquia não param de pipocar novas escolas, vendendo o nome e o know-how para que seus alunos se sintam confiante na maneira de aprendizado. Eu particularmente reparei na DCI (Dublin Cultural Institute) que cada professor tem sua maneira e seu know-how próprio, desta forma, desde que cheguei aprendi inglês de diversas maneiras. Minha primeira professora tinha um método tão quanto infantil, abusava de jogos, brincadeiras e desafios, para fazer te fazer decorar o texto. Na verdade muito usual, pois ela dá aula no Elementary, e normalmente as pessoas que estão nesta sala não tem muita noção de inglês. Eu ao fazer minha prova aqui, fui classificado neste level. A função da professora é fazer você ter o mínimo de vocabulário necessário para que o aluno comece a se comunicar, além disto, ela ensina os principais verbos e te faz decorar os verbos irregulares. Meu segundo professor foi o John, creio que o melhor professor da escola, ele é PHD em letras, portanto tem muita coisa a ensinar, neste level ele é responsável por fazer o aluno entender o idioma, ensina a usar o pronomes de maneira correta, e a identificar os substantivos, verbos e etc. da frase. Daí em diante o aluno já possui um nível razoável de idioma e portanto o aluno vai mais pra aula pra fazer exercício mesmo.
Farei neste final de semana minha primeira festinha de despedida, nela estarão presentes algumas pessoas de meu cotidiano aqui na Irlanda, com certeza algumas cervejinhas para comemorar e no próximo final de semana faremos uma festinha aqui em nossa casinha mesmo, com o objetivo de leiloarmos algumas coisas (na verdade vamos praticamente dar as coisas, só iremos arrecadar alguma coisinha pro mochilão também).
Vai dando um aperto no coração a cada dia que passa. Estes dois últimos meses, não venho praticando tanto meu inglês, como no começo, mas tenho me divertido muito. Descobri que gosto de cozinhar muito mais do que eu gosto de comer, e após muitos erros na cozinha, começo a fazer meus quitutes com mais qualidade. Tentei fazer alguns pratos irlandeses, mas creio que culinária não seja muito a área deles, temos uma variação de batatas com peixe, que na verdade não sei se é um prato típico irlandês ou inglês.
E por voltar a falar de inglês, a gramática é fácil e entre o falar e o falar bem, há uma diferença gigantesca. Neste momento eu falo inglês, mas ainda há muitos degraus para eu falar bem.
Se você quer aprender, comece de maneira simples, não assista filme dublado.
Agora se você tem o sonho de falar inglês, você precisa passar frio, quem sabe um pouco de necessidade, driblar seu orgulho, sentir saudades e depois de um tempo você irá olhar pra trás e só assim verá se valeu a pena.
Aqui não se aprende inglês, se aprende a viver.

English Version
The way to learn English is very important, I have seem a lot of school with so many promises, like a different way to teach or something like this. For example in franchising business of English school develop very fast, and this promise a different know-how, and this way you can pay for a book and is not guaranteed, honestly, you pay for a brand or a book with pictures. My school I learn with a lot of teacher and honestly, a lot of different meaning. My first teacher she was a little bit stupid, actually, I was feel like a child in her class. The objective of this level is teaching a necessary vocabulary to talk to someone and help you with irregular and regular verbs. The next stage is teach the grammar, this level, you start to understand, what is a noun, what is a subject and something bored things.
Now here in Ireland I discovery a important thing in my life. I love cook, honestly, I prefer cook then eat and I’m a little bit fat to have this impression. The reason is when you don’t have anyone to cook to you, you start to learn how, and because this I have a new passion in my life. I was trying cook a Irish food, but I did not find something interesting and fast as well to cook, because this, I tried the traditional fish & chips, but I am not sure it was a good idea. I don’t know if this food is really Irish or English.
And to comeback to talk about English. The grammar is easy, if you compare with any latin-language, but have a giant bridge between, speak English and speak good English. And I just speak English at the moment.
And if you want to learn any language, you must to rent some movies, but if you have a dream to speak another language, you must have problem with a different culture or weather, you must miss you family and go away to another country, and after some years, you can look to the past and see if was good or not.
Because there, you will not learn just another language, you will learn how you can live.
This was my first text in English I hope you like, and understand me as well.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Insônia

Quando era criança tinha dificuldade de dormir, estranho, pois sinto esta mesma dificuldade hoje, às vezes, no cair da noite aqui na Irlanda me sinto um intruso aqui em minha casa, não posso ler ou escrever no quarto, pois a Clara tem que acordar cedo no outro dia e também não posso ficar na sala, pois o Marcelo reserva este tempo para falar com sua família, portanto muitas vezes fico apenas deitado pensando na vida, mas hoje decidi mudar, por isso, escrevo este texto no banheiro (mas eu não estou fazendo nada relaxa) pois é o terceiro cômodo da minha casa.
Passei minha infância inteira e parte de minha adolescência na Rua A, nesta encontrei meus dois primeiros e grandes amigos. Normalmente nós nos lembramos de quando conhecemos pessoas que se tornaram importantes em nossas vidas, nós nos lembramos de cenas e acho muito importante recordá-las eventualmente, mas estes dois amigos, já estavam lá quando eu consigo obter minha primeira lembrança. A Vila Suissa (eu não sei o por quê mas é escrito com dois ésses) era para ser um condomínio fechado de casas, algo chique, mas por algum motivo que desconheço as casas viraram populares e o valor de venda desceu muito, o que tenho a impressão que tenha favorecido minha ida para esta rua. Portanto muitos jovens casais se mudaram para estas ruas e “nós” crianças, crescemos juntos e muitas vezes brincávamos com fulano ou beltrano, porque nossas mães tinham afinidades. Vai ver por isto eu o Léo e o Cleber sejamos tão próximos.
Outras cenas ainda estão em minha memória, e esta muito a ver com um herói nacional, ou melhor, internacional, Airton Senna. Quando eu tinha por volta de 8 anos, nós acordávamos bem cedo no sábado de manhã para assistirmos a corrida, muitos torciam para o Piquet, mas eu torcia muito para o Senna, e logo que acabava a corrida todas as crianças pegavam seus skates e desciam a rua, pulando as lombadas, para desespero das mães. Elas não entendiam, ninguém iria brecar com medo de cair e isto me custou um perna quebrada, mas não importa eu ganhei a corrida.
Outra coisa de garotos era o futebol, a maioria das crianças da minha rua torciam para o São Paulo Futebol Clube, claro que devido a grande fase que o São Paulo estava, não poderia se esperar outra coisa, os que eram Palmeirenses ou Corinthianos eram por obrigação, já que o pai era, mas o filho morria de vontade de torcer para o São Paulo. A minha história com meu time foi um pouco incomum, meus pais não gostavam de futebol, mas adoravam viajar, especialmente para outros estados, como Goiás (na pousada do Rio Quente, que na verdade ficávamos apenas no camping). Ao jogar futebol com as outras crianças elas me perguntavam: - Você é mineiro ou Goiano? Eu na esperança de dizer: Sou paulistano, me confundi dizendo: -Sou São Paulino. Pronto estava decidido meu time, para a tristeza dos meus tios corinthianos e palmeirenses e para a felicidade do meu tio por parte de pai o Kleber.
Aqui, neste lugar gelado, começo a me lembrar disto, da minha infância, da casa da rua A, de minhas corridas de skate, das partidas de futebol e dos primeiros e agora com mais de 25 anos de existência e eternos amigos. Às vezes ficar na cama deitado sem fazer nada, apenas pensando pode ser divertido. Boa Noite.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cacos e fiapos

Começo agora a vender ou dar as coisas que consegui aqui na Irlanda, deixando pra trás alguns amigos, muitos colegas e muitas histórias. Meu retrospecto em relação a minha vinda foi muito positivo, creio que o nível de meu idioma é satisfatório, claro que não tenho fluência, mas oito meses era todo o tempo que eu tinha disponível e creio que cumpri bem a missão. Começo a preparar para meu retorno ao Brasil onde realmente estou adquirindo mais conhecimento para desenvolver meu trabalho, meu real trabalho.
Dublin ficou muito marcado em minha vida, e com certeza terei muitas saudades da época que dividia uma casa com mais cinco brasileiros, (Léo, Antônio, Sushi, Guilherme e Síndico) também sentirei muita falta da turma da Prontaprint do Tim, Marcelo, Dave, Davinho, Sean, Catriona e Gayle e onde descobri um cara fora de série que me ajudava muito, não tanto com dicas profissionais, mas no sentido pessoal, pois me dava muitos conselhos sobre o que eu deveria fazer e como superar determinados problemas, infelizmente só me aproximei do Ronan nos últimos dois meses que antecederam minha saída da loja. Das partidas de futebol que eu organizava para os sábados à tarde, dos jantares e almoços na casa da Bianca e do Bruno, onde o Tiago Baiano sempre aparecia na hora que a comida estava pronta, partidas de baralho na casa do Paulo e da Tânira, que por sinal irão passar meu aniversário conosco em Roma, das voltas de bicicleta pela George Street, dos churrascos e reuniões na casa da Maíra e do Thiago, resumindo: consegui muitas coisas que não posso vender, mas conheço muitas pessoas que pagariam um preço muito alto para ter apenas um amigo.
Faltando um pouco mais de 20 dias para o início de nossa viagem, me deparo com um sentimento que mescla ansiedade com saudades, parece estranho, mas eu nem saí daqui ainda e já estou sentindo falta, a cada passo que dou próximo ao Trinity College, a cada vez que cruzo o Liffey, olho para eles e procuro ao máximo gravar o que estou vendo, creio que mais que isto, procuro gravar o que estou vivendo. Para isto serve esta página de Internet, uma memória de um rapaz de 25 anos, que largou sua família, seu trabalho, simplesmente para correr atrás de algo que ele mesmo não consegue explicar, mas uma coisa eu posso afirmar: Ele encontrou.

Os. A cinqüenta posts atrás você não me conhecia tão bem, e pra falar a verdade nem eu.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O Gigante


Esta semana recebi em minha casa meu amigo do Rio de Janeiro, Marcelo. Este ainda está deslocado, perante as tantas mudanças, culturais, climáticas e comportamentais.
Durante um passeio ao centro de Dublin, nos encontramos com a Fernanda, uma menina bem alto astral, mas que estava meio sumida de nosso cotidiano. Esta nos comentou que precisava de mais três pessoas para fechar um carro e ir a Belfast, capital da Irlanda do Norte, o valor era convidativo, e as três vagas ela conseguiu antes mesmo que pudesse terminar sua frase.
Nos organizamos para nos encontrar no sábado de manhã às 7h e este foi quase seguido a risca. O veiculo que viajaríamos seria uma “van” da Mercedes Benz, muito espaçosa por sinal.
Belfast na Irlanda do Norte é a cidade que mais sofreu com o conflito entre protestantes e católicos, sendo muito interessante conhecer, até porque temos apenas o ponto de vista dos Irlandeses do Sul e não sabemos como pensa os seus irmãos Irlandeses do Norte. Estes por sua vez pintam a idéia que o I.R.A (Irish republican Army) era um grupo terrorista católico, que atacava sem dó nem piedade civis. Claro que não é bem assim.
Eu sempre pensei que os Irlandeses do Norte não gostavam de ser representantes da Grã-bretanha, pois eles foram a moeda de troca que a Irlanda do Sul conseguiu por sua independência, mas não foi isso que vi assim que cruzei a fronteira.
Bandeiras da Grã-Bretanha por todos os lados, creio eu que até de forma cansativa, e claramente a Irlanda do Norte é a fazenda da Inglaterra, pois o solo irlandês é o mais fértil da Europa e o cheiro de estrume toma conta dos arredores de Belfast.
O que uma cidade precisa ter para ser considerado uma cidade? Pois bem, no Brasil qualquer cidade que se preze tem uma praça, um coreto e uma igreja católica ao meio da praça, mas esta idéia embora muito válida no Brasil, aqui não vale de nada. Não vi igreja alguma o tempo que fiquei em Belfast, as que vi, eram protestantes, assim como não vejo muitas igrejas protestantes aqui em Dublin (Protestante não tem nada a ver com o popular evangélico brasileiro que fique bem claro, eles não se dedicam a religião e em verdade não vão muito aos cultos e etc. creio que deva ter o protestante praticante e o não-praticante assim como alguns falsos católicos cismam em se rotular) Mas certamente há, eu apenas não as vi.
Eu imaginava que o conflito entre a separação da ilha fosse algo recente, mas este conflito já dura anos, sendo que por diversas vezes os irlandeses tentavam sua independência, um dos muros havia uma frase muito forte pra não dizer ofensiva contra o catolicismo de Robson Crusoé em mil seiscentos e lá vai fumaça. Muitas pinturas nas paredes sobre o conflito, e certamente estava pisando em um solo regado á muitos anos com sangue.
Depois deste baque cultural e histórico, onde você se encontra com cenários que você via no domingo a noite no fantástico, não há muito tempo atrás, fomos a um lugar mágico, algo tão grandioso como a história de Belfast, algo digno de Irlanda, trata-se dos Giants Cause Way.
Várias rochas parecem ser esculpidas a mão em forma de colméia, uma se encaixando perfeitamente a outra. Algo maravilhoso assim infelizmente só conseguirei te mostrar por foto, mas espero que um dia você tenha a oportunidade de tocá-la, de sentar em seu topo e ficar admirando o pôr-do-sol.
Diz à lenda que um Gigante construiu o caminho e cravou as rochas no chão, próximo a sua casa e também próximo ao mar, e por sua fama se espalhar por toda ilha, um outro Gigante veio querer derrotá-lo para ficar com sua fama, ao saber da notícia o Gigante Cause Way, fingiu estar dormindo e passou determinadas instruções à sua esposa. Ao chegar à casa do Gigante o outro perguntou sobre o Gigante de Cause Way, sua esposa disse: - Ele saiu para caçar. Aquele que está dormindo é o filho dele!
O Gigante vendo o tamanho do suposto filho ficou com medo e saiu às pressas antes que seu pai voltasse da caçada.
Sem nenhum propósito a lenda do Gigante de Cause Way, se encaixa perfeitamente com a história do conflito onde o I.R.A saiu vitorioso, a Irlanda não conseguia recrutar um exército para combater a Inglaterra, e seus soltados eram em sua maioria estudantes, católicos que sonhavam com a independência, então suas ações eram classificadas como atos de terrorismo, mas foi uma luta inteligente, talvez uma das mais difíceis que a Inglaterra já se deparou, pois lutava contra um adversário fantasma, lutava contra um espírito, o espírito dos irlandeses. Portanto não importa o tamanho, precisamos aprender a combater com inteligência e sobre tudo fé em nosso ideal.