segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dias de Sol

Como vocês já devem ter reparado, não há muita oportunidade de contemplar o sol, na Irlanda, porém este final de semana foi diferente. Mesmo com sol sempre devemos levar nossos casacos e blusas, o guarda-chuva, também parte fundamental do traje irlandês, estava presente.
A Irlanda é a terra mais fértil da Europa, mesmo assim, importa todos os produtos. A batata, maior fonte de alimento na Irlanda também é importada, assim como a energia elétrica, que vem da Rússia e muitos outros produtos. Qualquer um que olhe para este diagnóstico, concluirá que a Irlanda é um país pobre, sem futuro, não possui petróleo, não possui terras o suficiente para plantações e não possui energia elétrica, mas ao contrário disto a Irlanda é um país curioso, pois a maior parte da economia é gerada pelo setor de serviços, o que é um prato cheio para um estudante de marketing.
A mão-de-obra é cara e sinceramente eles não se ligam muito na qualificação profissional, em uma maneira geral não procuram evoluir, ou lutar para conseguir melhor emprego, afinal de contas eles falam inglês, e isto já basta para conseguir um emprego razoável.
Franquias de muitas lojas, tanto que trabalho em uma franquia de impressão, é impossível percorrer dois quarteirões sem encontrar uma loja “SPAR”, “Bagel Factory”, “O’Briens” e assim por diante, normalmente tendo como funcionários, imigrantes e na maioria dos casos poloneses.
A Polônia possui 40 milhões de habitantes, sei que em relação a Brasil é um pouco mais que a população do estado de São Paulo, porém, por se tratar de Europa, este número é gigantesco. Com a entrada da Polônia na União Européia, eles receberam livre acesso para qualquer outro país do bloco europeu e já representam 10% de toda a população na Irlanda, porém os países que mais sofrem com a imigração polonesa são: a Suíça, a Áustria e a Alemanha. Saindo um pouco da Europa, estimasse que 1/6 da população de Chicago nos Estados Unidos também sejam poloneses, alguns jornais tratam o assunto como “A Epidemia Polonesa”. Uma vez que eles não podem barrar um polonês na entrada de seu país com barram um brasileiro ou um maurício.
O salário mínimo por hora é €8,60 tendo um passaporte ou tendo visto de trabalho aqui, o limite de horas trabalhadas por semana são de 40, gerando um montante de €344,00 por semana, ou €1376,00 por mês. Dinheiro suficiente para pagar um aluguel, comprar comida e ainda juntar uns €300,00 em alguma aplicação. Um carro usado em bom estado custa na faixa de €1000,00, ou seja, juntado dinheiro uns 3 meses já conseguiria ter seu carro, uma realidade muito diferente do Brasil.
Creio que pela nossa economia ser tão predadora, nós brasileiros estamos acostumados a trabalhar e estudar, sempre, não importa o que aconteça, se você ficar seis meses sem estudar, será passado pra trás, se não tiver inglês, perderá uma vaga importante na empresa, se não tiver faculdade não conseguirá ganhar mais que R$ 1000,00 e se não tiver pós-graduação não terá chance de mostrar seus adjetivos, ou seja, lutamos uns contra os outros e muitas vezes contra si mesmo, para não sermos mais um no metrô, e se você quiser entrar neste vagão terá que empurrar alguém e diminuir seu espaço.
Mas este sábado fez sol, e eu continuo aqui correndo atrás do meu lugar nele.

6 comentários:

Unknown disse...

Quando penso em Batata, penso em Irlanda, mais precisamente da "fome da Batata". Ao ler seu texto me surpreendi, não sabia que os irlandeses importavam até Batata o "arroz com feijão" deles. Claro que sei que se compararmos a produção deles com a de outros paises europeus como a própria Polônia os números são bastante distantes, mas a Irlanda dispõe de uma tradição muito grande na produção de batata-semente e consumo. Então realmente me surpreendeu.

A Irlanda sofreu muito com a emigração fato este que se refletiu quando sua economia voltou a crescer (faltou mão de obra), acho que por isto agora haja esta invasão de trabalhadores de outras nacionalidades.

Li uma noticia há alguns meses atrás, que dizia que em uma cidade na Irlanda 40% da população eram brasileiros, e que a maior parte trabalhava em frigoríficos, como açougueiros. Um empresário informava que nenhum trabalhador irlandês se comparava a um brasileiro na excelência de cortes de carne. Acho que o Brasil deveria se especializar em "exportar cérebros" e não apenas mão de obra barata e de qualidade, não desmerecendo profissões que não exijam diplomas universitários, mas pensando de uma maneira mais ampla, acredito que nossa economia ganharia muito mais em termos de retorno em dinheiro e reconhecimento para nossos profissionais se importássemos empresários, diretores comerciais, cientistas, médicos. Mas para isto acontecer o Brasil (governo e empresas privadas) precisaria investir em pesquisas cientificas em universidades de qualidade.

Para onde vai o dinheiro dos nossos impostos? Trabalhamos durante 4 meses por ano só para pagar impostos, mas cadê o retorno?
Ao comprar um forno microondas pagamos 52% de impostos ou seja: compramos 2 fornos um fica com a gente outro fica com o governo. Uma vergonha, mas não adianta só reclamar a população tem que agir, enquanto só ficarmos na reclamação nada irá mudar. Um exemplo disto é o que ocorre em algumas cidades brasileiras, como por exemplo o caso de Governadores Valadares (MG). Lá a emigração dá se por motivos culturais: As pessoas acham que só vão conseguir vencer na vida se forem para o exterior, à vezes chegam até a cursar uma universidade, mas jogam seus diplomas numa gaveta e vão tentar a vida por exemplo nos Estados Unidos como garçons, cozinheiros, etc. Será que realmente é verdade? Será que um brasileiro só consegue mostrar seu valor se for para o exterior? Se for verdade o que eu estou fazendo aqui?

Unknown disse...

Adorei seu texto. A cidade que você mencionou é Gork (não confunda com Cork, que é uma cidade grande) esta cidade funciona em função dos frigoríficos. Agora com relação a mostrar valor? olha tenho que te dizer, se tem um lugar no mundo que um brasileiro pode mostrar seu valor é o Brasil. Ter um carro, um apartamento alugado e etc, é muito fácil aqui, mas para conseguir manter estes atributos, é complicado e de uma hora pra outra pode-se simplesmente perder o trabalho, assim sem mais nem menos, e isto atrapalha todo o planejamento, porque você precisa de visto pra ter trabalho, mas também precisa de trabalho pra ter visto.

Unknown disse...

So uma pequena correcao a cidade se chama Gort e so tem um frigorifico nela, a uns cinco anos atras os brasileiros vinham para a Irlanda para trabalhar em frigorifico mas hoje em dia eles estao fazendo de tudo mesmo, desde construcao a lojas, fabricas abrindo seu proprio negocio, a grande maioria faz servico pesado, mas nao so aqui mas em todo pais desenvolvido eles precisam de mao de obra qualificada ou seja pessoas que tenham diploma e so ter corajem dominar a lingua local e sair dai...

Paulo Eduardo disse...

eh isto mesmo Rogerio, muito obrigado pela correção e a participação no blog tb.

Anônimo disse...

Olá tudo bem?
Meu nome é Valdirene Alves e trabalho para uma revista brasileira que circula na Irlanda, a Brasil Etc.Gostei muito do seu seu diário. Caso tenha interesse em transformar alguns textos do seu blog em materia por favor me procure. O meu e-mail é redacao@brasil.com.
Um abraço

Unknown disse...

oi paulo tudo bem?
gostaria de saber amigo sou casado com uma polonesa ,sera que posso trabalhar ai tbm?sem problemas?
um abracao adorei seu blog.