quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Último Passo


Eu e a Clara não conseguimos pegar o mesmo vôo, ela foi doze horas depois de mim, fazendo escala por Frankfurt e eu fazendo escala em Amsterdam. Meu vôo foi super tranqüilo, e senti a diferença em poder me comunicar em inglês, pois fiquei nove horas conversando com um gringo sentado a meu lado.
Duas filas estavam formadas para o controle imigratório, e para minha surpresa a fila para brasileiros era muito menor, não tem como esconder, pela primeira vez senti um sorriso de vingança moldando meus lábios. Estava distraído quando ouço: - Próximo! Nossa fazia tempo que eu não ouvia português e este foi meu primeiro contato com o idioma, logo após suspirei e pensei: - Estou em casa.
O governo brasileiro nos manda uma ficha a ser preenchida ainda dentro do avião dizendo que você não possui nada a declarar, o máximo de mercadoria autorizado a entrar no Brasil é no valor de quinhentos dólares, ou seja, nada.
Passando pelo controle alfandegário, me dirigi a uma porta de vidro que de repente se abre e ouço um grito de comemoração, reconheço as vozes e vejo um punhado de pessoas familiares que minha lembrança ainda se recordava, fiquei anestesiado, sem reação, mas foi muito legal.
O carro era outro, algumas pessoas foram pegas por determinadas rugas nos cantos dos olhos, uns mais magros, outros mais gordos, e reparei que não foi só eu que havia mudado, o mundo ainda continuava girando do lado de cá do planeta.
Fui para casa, e ao entrar chorei muito, pois só quando pisei em casa é que me dei conta que havia voltado, o sonho acabou, agora eu tenho que ser forte. Comi pizza paulistana, dormi cerca de seis horas e me dirigi ao aeroporto para buscar a Clara, eu, minha mãe e o Marcelo fomos dar as primeiras boas vindas.
No sábado um churrasco já estava organizado para nossa recepção e este foi muito especial, costela de boi, picanha, contra-filé, frango, alcatra e claro muita cerveja. Uma roda de pagode “Simplisamba” dava um toque de Brasil a nossa festinha, farofa, arroz, feijão, capricho e muito amor, também fazia parte do cardápio. ( veja vídeo no youtube)
Assisti a vitória do São Paulo na casa do meu amigo Cleber como nos tempos de antes, e depois tratei de colocar material no carro e ir para o Rio de Janeiro.
Pouca coisa mudou por aqui, chegamos por volta das 3 da manhã domingo e o som do funk no morro do Turano ainda estava bem alto, ecoando como uma bomba, uma bomba de mal gosto e desrespeito, uma vez que as letras, bom você sabe. Passado alguns minutos o tiroteio começou e pronto, senti muita falta da Irlanda, onde o perigo é apenas tomar alguns bofetões de adolescentes vagabundos, mas que em qualquer favela do Rio não passa de uma moça indefesa.
A loja do Rio está muito bem, minha mãe muito feliz com seu namorado, meu pai aparentemente se estabilizou com a nova família dele, mas não esqueceu de nós, minha irmã indo bem de vida de casada com o Leco, minha sobrinha super linda e engraçada, ela não tem mais cara de neném, já possui cara de criança, meu irmão na faculdade e eu vendo o que perdi e o que ganhei com esta saída. Um passo muito importante da minha vida, cresci muito nestes últimos dez meses, vi paisagens fantásticas, aprendi um idioma, aprendi a me virar e aprendi a gostar de mim, de forma natural, nestas 77 postagens, que me esforcei para escrever e a transmitir para todos minhas dificuldades, sentimentos e etc. me serve de marca página, pois se algum dia eu estiver confuso com o próximo passo de minha vida, me lembrarei sempre do passo irlandês, me lembrarei sempre de vocês, me lembrarei de cada semana que passei do outro lado do Atlântico, me lembrarei de mim.
E este sim é um ponto final, pois toda história tem um começo, um meio e chegamos agora a um fim.
E esta foi minha declaração para o passoirlandes.blogspot, agora deixe a sua.
Vejo vocês em minha próxima aventura, até lá guardarei meu casaco.
Obrigado pela companhia
Tchau

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Do lado esquerdo do peito

Este é meu ultimo post em Dublin, dentro de poucas horas estarei dentro de um avião com escala em Amsterdam e me dirigindo para Sao Paulo. Chegarei em Sampa por volta das seis da tarde, e lá eu sei que encontrarei minha família e amigos, que há muito tempo não vejo, por falar em família, tive ao todo 6 festas de despedida aqui em Dublin, desde que chegamos do mochilão, ainda não conseguimos parar e descançar, nossas malas estavam enormes, e muito mal distribuídas, não encontrava meu passaporte, e passei por um surto psicológico, mas enfim, acabou.
Será que eu quero mesmo que acabe. E impossivel escrever este texto sem lembrar de meus amigos e não me emocionar, como nós, estudantes, estamos longe de nossas famílias, nos apoiamos em pessoas que nem conhecemos, mas em um curto período de tempo se tornam fundamentais em nossa vida. Com uma certa frequencia não tinha lugar para dormir, e me sentia muito feliz ao ser convidado a dormir na casa de um dos meus novos irmãos e irmãs, ao sentir saudades de seus pais, ou de seu país, não há nenhum lugar mais confortável do que o ombro destes.
Recebemos um quadro, um troféu, neste continha a frase de adeus de alguns eternos amigos, a frase “SEE YOU” é súbitamente substituida pela palavra “Good Bye” e esta como é pesada.
Cruzei o oceano para aprender ingles, e o que eu aprendi na verdade é o valor de uma amizade, quanto custa um amigo?
E agora me sinto feliz, na verdade, me sinto aliviado, pois consegui chorar, consegui colocar pra fora tudo que eu sentia a cada adeus acumulado, consegui chorar, mas acima de tudo consegui pensar que este passo irlandes, foi o passo mais importante de minha vida.
Um lugar fantástico, de tradições fortes, de lendas e mitos, mas de pessoas acolhedoras.
Como dói voltar, e como dói ficar, deixo aqui a certeza que arranquei diversos sorrisos com meu senso de humor, portanto, não irei mais chorar, resta agora apenas, rezar para meus irmãos de Dublin.
Fábio, Bianca, Bruno, Tiago Baiano, Paulo, Tanira, Erick, Tarsila, Murilo, Juliana, Tiago, Maira, Vitor, Rafael, Ana, Elton, Marcelo, Deise, Michael, Joao, Sushi, Paula, Bruna
A lista é grande, portanto me recuso a exercer o poder do ponto final.
Devo partir o taxi chegou.

Ps. Espero que um dia minha familia do Brasil possa conhecer minha família de Dublin.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

No meio da cruz

Já estive em Zurich algumas vezes, porém, cada vez de forma diferente, muito diferente da outra.
Chegamos à cidade de trem, preferimos passar 12 horas dentro da locomotiva a ter que ficar se preocupando com peso de bagagem e com o stress do aeroporto. Uma das grandes vantagens ao chegar de trem é que ao desembarcar nós já estamos no centro da cidade sendo assim o tempo até achar a acomodação é menor, mas neste caso, nossa acomodação era cinco estrelas, pois estávamos em uma casa de família e o que é melhor, da minha família. Já fazia um tempo que eu não sentia cheiro de amaciante, que usava uma toalha real sem ser toalha de camping ou papel toalha, mas foi na cozinha que tivemos nossa forra, pois apreciamos um belo e farto prato de, arroz, feijão e frango.
O Gilbert e a Elisandra são pessoas fantásticas, eles me incentivam bastante com relação a minha profissão e também em aspectos pessoais, sinto que a Elisandra tem muita saudade da sua família, mas realmente já é uma cidadã suíça, não só pelo passaporte, mas também nos trejeitos do dia-a-dia.
Como nós já estamos safos em viagens, resolvemos pegar um dia para fazermos um “tour free-yourself” pelo centro da cidade, este local é magnífico, pois o contraste do avançado com o contemporâneo, nos convida a ficar alguns instantes sentados em um banco, apenas olhando o desenrolar da cidade.
A Banhof strasse, ou a rua da estação de trem em português, no centro de Zurich, é a mais movimentada rua da cidade em trafego pedestre, esta rua é repleta de lojas de todos os tipos de grifes em seu térreo, tais como, Hugo Boss, Louis Vuitton, que sinceramente não sei o que as mulheres vêem nesta loja, Swarovski, várias joalherias e claro bancos, muitos bancos. Já na parte de cima dos edifícios, que não são muito altos por sinal, existem vários escritórios, um mais bonito que o outro, pelo que eu pude ver pela janela. Em seus afluentes, cheios de restaurantes bons, onde uma água é na faixa de 5,00 francos suíços, ou o equivalente a uns 9 reais, mas é melhor não pensar nisto, pois se pensar você não sai de casa. As pessoas que transitam pela rua, são de classe, tanto os homens quanto as mulheres, todos muito bem vestidos, creio que deixaria a Berrini ou a Paulista com inveja, mas enfim, estamos na Suíça, na mera rua da estação do trem.
Continuando a Banhof strasse, sentido o lago, achamos vilarejos, lindos, casinhas super pequenas e aconchegantes, restaurantes mais modestos, porém mais convidativos e em minha opinião mais charmosos, neste dia como estamos já sem grana almoçamos um sanduíche de uma loja de conveniência, próximo a uma igreja no alto de um monte, com vista para o lago, em um dia de sol, acho que Deus deve gostar muito da Suíça, pois foram uma das melhores paisagens que meus olhos já viram.
Todos falam inglês, principalmente jovens, com isto fica muito fácil fazer compras e perguntar quando se tem alguma duvida, as pessoas são bem amistosas, porém a Suíça está sofrendo com os imigrantes, embora aprender a falar alemão não é pra qualquer um, o pais possui quase 20% de imigrantes entre sua população e mais 15% de pessoas que nasceram em outro local e agora possuem passaporte suíço, muitos judeus pela sua cidade até porque a cidade respira dinheiro, e quem entende mais de dinheiro no mundo do que os judeus, estes por sinal possuem um bairro próximo do centro de Zurich e no sábado é proibido entrar de carro por suas intermediações, sendo assim os suíços tem que dar um baita role para chegar em outros bairros, os ex-iugoslávos, também escolheram Zurich como seu local de recomeço e também adotando sua cultura pela cidade, sei lá acho isto meio agressivo, se eu viajar para a China eu tirarei meus sapatos ao entrar em uma casa, e creio que a pessoa visitante ou forasteira deve se enquadrar a cultura local, não ficar impondo seus costumes aos outros, mas isto é apenas a minha opinião.
Agora uma coisa é muito chata na Suíça, no domingo não há nada a fazer, e isto é depressivo, os shoppings não abrem, as lojas todas fechadas e não tem uma partida de futebol passando na tevê, talvez por isto também seja o maior índice de suicídio da Europa, ou talvez os assassinos lá devam ser realmente muito bons.

Estava com saudade de Dublin, acabei de chegar e agora já tenho que partir, sei lá estou estranho, as vezes quero que o tempo passe, mas as vezes quero que demore.
Bom até mais.

domingo, 9 de novembro de 2008

A Terra do Nunca

Chegamos em Amsterdam e nossa amiga Bianca já estava nos esperando, porém como toda a mulher, ela tem um problema com pontos de referência. Mandei uma mensagem a ela dizendo: Ao chegar procure um local de ponto de referencia e nos mande um SMS de onde você está!
Para minha surpresa a próxima mensagem que recebi dizia: Estou comendo pizza no único lugar tem! Fiquei puto, como eu poderia achar um local que vende pizza na estação¿ Todos os restaurantes que perguntei também vendiam pizza, e pra variar, a estação de trem era muito maior que eu havia imaginado, consegui ligar com os 0,32 que ainda me restavam de crédito e dizer: -Vem pro Burger King. Passado alguns minutos lá estava ela.
A Bianca é muito animada, adora uma boa conversa, bom pra falar a verdade um bom ouvido, pois você não precisa falar muito, e o alto-astral dela é contagiante, é impossível ficar mal-humorado ao lado de pessoas assim, mesmo quando se acaba de chegar de viagem e ela não consegue marcar um ponto de referência.
Nos dirigimos até o hostel bem rápido e todos na cidade se mostram bem prestativos a ajudar, sem contar que todos falam inglês e um inglês muito bom.
Resolvemos sair para ver a famosa noite de Amsterdam, mas em uma segunda feira, isto não é uma boa idéia, mesmo assim, o que eu poderia fazer¿
Minha namorada adora conversar, e quando junta com a Bianca eu passo a ser um mero coadjuvante de segunda, as duas conversando sobre perfumes, sapatos, bolsas e eu querendo um revolver para me matar. Imagina estar em uma cidade fanática por futebol, com maconha liberada e com um monte de mulheres em vitrines e só ter sua namorada e a amiga para tecer meus comentários¿ Olha, de repente senti muita saudade do meu amigo Paulo.
Ficamos em um Pub e eu me encarreguei de entender o mapa, enquanto as duas tagarelavam, enfim achei o hostel e dobrei a direita, porém, mais do que depressa a Bianca diz: -Aqui eu já sei como fazer para ir pro hostel! – Como assim Bianca olha o nome da rua, é esta aqui! Exclamei. – Não, eu tenho certeza, vem comigo! Bom na verdade eu tive muitos pontos de dúvida durante o caminho, mas esta não era uma delas, fiquei, porém a Clara resolveu seguir sua amiga. Dei mais uns 20 passos e cheguei até a porta de nosso hostel, então fiquei lá esperando que as duas voltassem e nada, passado um determinado tempo resolvi ver o que acontecera. Ao dobrar a esquina vejo as duas e uma delas sentada ao chão. Já fazia tempo que a Clara não caia, creio que por volta de umas duas semanas, e desta vez ela caiu e torceu o tornozelo, e ainda ela vem me falar que andava de patins, com a coordenação motora que ela possui, precisaria de uma armadura.
Amsterdam é conhecida internacionalmente por sua tolerância. Seu povo é constituído de pessoas que não ligam muito para o que você faz da vida, mais ou menos, como uma idéia de cada um se importando com seu cada um, desta forma, sobra espaço para exercer seja qual for seu hábito. A primeira “tolerância” tomada na cidade foi a liberdade religiosa, portanto, muitos judeus de Portugal e Espanha, ou pessoas que sofriam discriminação religiosa fugiram para a cidade, e estas “tolerâncias” foram ficando cada vez mais intensas.
Todas as cidades que visitei possuem uma praça bem no centro da cidade e uma igreja, normalmente muito grande, esta foi diferente aqui em Amsterdam, as igrejas que conheci são protestantes, e o povo não me parece ter uma religião que realmente exerce, há apenas cinco igrejas católicas na cidade sendo uma delas no terceiro andar de um modesto prediozinho. Acontece que durante um determinado período o catolicismo era proibido na cidade. Por ter sua maioria protestante, e ainda por cima, tolerante a diversos assuntos, que a igreja católica condenava ou ainda condena, eles chegaram a conclusão de proibir a igreja em seu perímetro, claro que não é crime hoje em dia ser católico, mas este deve andar na surdina.
A legalização da prostituição não é plena, existem lugares onde elas podem exercer a profissão, e este virou um ponto turístico da cidade, é muito comum ver turistas andando por seus becos, onde há todo o tipo de mulheres, lindas, feias, gordas, magras, e outras não tão mulheres assim. O preço pra quem tiver interessado é na casa de €40,00 uma mina a pampa, mais ou menos uns R$ 120,00. As mulheres ficam em uma vitrine e chamando sua clientela, este entra, acerta os detalhes e fecha-se a cortina.
Outro tema bem polêmico são os Coffee Shops, estes são pubs que possuem licença para a comercialização de maconha, haxixe e chá de cogumelo, nestes pubs não são vendidas bebidas alcoólicas, até porque duas drogas juntas não dá certo. Este é mais um ponto turístico, do que realmente algo que faz parte do dia-a-dia de seus habitantes, entrei em alguns para saber como é, e tudo que posso dizer é que o rapaz que estava dividindo a mesa conosco era o Marcelo D2 em uma versão australiana, o som preferido destes era o reggae, creio que Bob Marley era como um hino. O fato é que gostando ou não à de se respeitar a coragem deste país, e seu resultado de liberar parcialmente o uso de substâncias tidas como ilegais no resto do mundo, ajudando assim a combater o crime organizado, o número de pessoas que experimentam a droga no país é altíssimo, porém o número de dependentes é muito baixo, reduzindo também o numero de dependentes de outras substâncias tóxicas que normalmente são taxadas da mesma forma.
Portanto, Amsterdam é uma cidade de contraste, e o maior contraste que podemos ver é o interno, onde a noção do certo e errado é vista por um outro ponto de vista, este ponto de vista que legaliza, relações sexuais nos parques, maconha e prostituição, também é o mesmo ponto de vista que proíbe uma religião, por ser contra à coisas que eles legalizaram, Amsterdam é como uma imagem no espelho, é o que é, mas do lado invertido.





quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Do outro lado do muro

Chegamos em Berlin e nunca foi tão fácil se localizar, normalmente o que mais sofremos é para achar o Hotel e não tivemos este problema, pois Berlin possui um metrô do aeroporto até o centro, o que não acontece com freqüência na maioria das cidades.
Recebemos um SMS do hostel dizendo exatamente qual caminho deveríamos fazer para encontrá-los, e em 20 minutos já estávamos em nosso quarto. O quarto era muito bom, em verdade este foi o melhor Hostel que ficamos “Pégasus” para os interessados, o quarto e banheiro era muito limpo, e o melhor, chuveiro quentinho, até porque com um frio de três graus é impossível ficar sem água quente.
Berlin é uma cidade fascinante, muito acessível, onde uma boa refeição em um restaurante bom custa na faixa de €12,00 por pessoa, não possui muito brasileiro, sendo assim, não acho vantagem vir para Berlin sem inglês, ou ao menos noção do idioma.
Nosso primeiro dia tiramos para descanso pois o stress da viagem começa a bater com mais força e eventualmente temos que parar, e ter um tempo para si próprio. Acho totalmente loucura pessoas que fazem mochilão de 20 dias e conhecem 10 países, isto sinceramente não dá, pois nós ficamos cerca de 4 a 5 noites em cada lugar e confesso que me sinto muito cansado, parece que não, mas rotina as vezes é bom, e tenho saudades de muitas coisas como já disse diversas vezes, mas a saudade do meu travesseiro é cruel, e minha nuca que a diga.
No segundo dia saímos para o “city tour”, aqui na Europa uma prática muito comum é o Free-tour, com isto um estudante nos apresenta a parte histórica da cidade e nos passa um pouco da cultura local, particularmente é a melhor introdução que podemos ter sobre a cidade, o nome é Free, mas é claro que você tem que dar um agradinho, pois andar e explicar sobre os monumentos 3h30 é muito, €5,00 por pessoa acho uma caixinha legal.
Berlin como a maioria das cidades européias possui um portão de entrada, e este é um dos principais cartões postais da cidade, mas para tudo. Você consegue imaginar a Alemanha a mais ou menos 70 anos atrás¿
Berlin é especial por isto, pois nós diretamente ou indiretamente presenciamos sua história, sabemos o que ocorreu e que proporção tomou, e isto realmente é fascinante.
Após a quebra da bolsa de Nova York no começo do século passado à Alemanha passou por sérias dificuldades, seu dinheiro inflacionou muito (quando o governo emite mais notas em papel do que o país pode agüentar, por exemplo: imagine que o Brasil duplique a quantidade de notas que ele emite, sendo assim, o que antes você comprava com 0,50 agora você terá que pagar 1,00 é mais ou menos por aí) sendo assim, ela teve duas opções ou apostava na nacionalização ou no socialismo, e neste período um jovem militar que estava cumprindo pena em Munique capital da Bavária, escreveu um livro que foi sucesso de venda e este tinha a receita para que a Alemanha despontasse, seu nome, Adolf Hitler. Hitler foi nomeado então chanceler da Alemanha e começou sua política nacionalista. Para entender o que é o nacionalismo é mais ou menos como um patriotismo extremo, desta forma, todos no país dão preferência a marca nacional deixando de lado as marcas de outros países e isto feito com radicalismo tem um outro nome: Nazismo, então primeiro começaram a catalogar os imigrantes, ou pessoas de outra doutrina, mais tarde a perseguir os formadores de opinião, professores, líderes estudantis, jornalistas e etc. desta forma, Albert Einstein que além de ser pesquisador ainda era judeu seria uma presa fácil, ele então fugiu como tantos outros. Bibliotecas eram esvaziadas e seus livros queimados.
Primeiro queimando livros e depois pessoas, aí o resto vocês já sabem.
Após a queda de Hitler, onde a Alemanha foi derrotada pelos aliados, estes ficaram responsáveis por restabelecer o país, então o território foi dividido entre 4 países, Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e União Soviética. Começa então outro sofrimento do povo Alemão, como os três primeiros países citados acima eram de regime capitalista, eles mantinham sua fronteira aberta, mas como a União Soviética era socialista, eles resolveram marcar seu território, e não há forma melhor de fazer isto do que cercar seu território com um muro. Como Berlin era a capital da Alemanha acreditava-se que quem dominasse Berlin dominaria a Alemanha e quem dominasse a Alemanha conquistaria a Europa, desta maneira, a URSS não abriu mão de seu pedaço, nem que seja pequeno de Berlin, dividindo a cidade entre Oeste e Leste onde o Leste era socialista e o Oeste capitalista.
Muitas pessoas tentavam cruzar o muro, para o lado capitalista, e os soldados soviéticos recebiam promoção por cada um que eles matassem tentando cruzar o muro, mas com a queda da URSS a Alemanha voltou a ser um país unificado, eu ainda me lembro de quando vi está notícia no fantástico, eu tinha apenas 7 anos, não entendia o que aconteceu naquele momento, só agora é que entendo o que isto significou.
Particularmente eu sempre tive um pézinho no socialismo, imaginava algo mais justo, com maior distribuição de renda e etc, mas não sabia que estava vendo apenas o lado bonito da coisa. Conheci em Dublin um polonês, Michel, e este não quer nunca mais ouvir esta palavra, pois pra ele socialista é como escravo do governo, em Londres conheci um alemão da parte comunista e a idéia é a mesma, claro que cada um tem uma interpretação, mas eu prefiro a interpretação de quem viveu este regime.
A Alemanha é curiosa, pois a pessoa que nomeou o capitalismo Adam Smith e o que inventou o comunismo Karl Marx eram alemães, e sempre deixou a opinião das pessoas divididas, tão divididas que precisou de um muro pra isto. 1989 à apenas 18 anos a Alemanha é um país unificado e eu vi isto.
Agora pensando bem, onde você estava no 11 de setembro? Creio que será a próxima data que falaremos a nossos filhos.

sábado, 1 de novembro de 2008

A ilha de lost

Após nossa aventura no terminal ferroviário, chegamos em Veneza quebrados, como não podia ser de outra forma. A cidade é cara, talvez a mais cara que já tenha visitado, mas uma coisa é certa, a mais confusa.
Ao chegarmos de trem na estação Santa Lucia, já vimos do lado de fora da estação um rio, aquilo mexeu com minha cabeça e pensei: - Caramba, estou aqui mesmo!
Saímos então em busca de um bar ou restaurante que tivesse Internet, mas isto aqui em Veneza é uma iguaria muito rara, então recorremos ao bom e velho Mc Donald’s, pois aqui na Europa todas as lojas já tem a tecnologia, só tinha um problema. Não sabíamos onde procurar e em verdade não sabíamos nem o nome da rua que era nosso Hotel, então apelei, liguei para meu primo e pedi que pegasse o endereço para mim, e logo depois disso, saímos em busca do Hotel.
Os italianos não curtem muito dar informações, e em especial, os habitantes de Veneza, até porque, se eles ficarem dando informações, ficarão o dia todo respondendo os turistas e não irão fazer mais nada, pois Veneza é muito confusa, as ruas do mapa que comprei não correspondiam com os nomes das placas, na verdade, havia tantas placas que eu nem sequer sabia o nome das ruas. Larguei mão do mapa, e resolvi pedir informação, aí foi um mais grosso que o outro comigo, mas na verdade, talvez eu que estava sendo grosso de tão nervoso que estava, e eles só me respondia do mesmo modo. Após muito insistir, resolvi recorrer ao mapa novamente, mas não pelo nome das ruas, mas sim, pelo caminho que as ruas faziam, e reparei então que havia acabado de encontrar a rua do Hotel no mapa, agora seguir até ela foi outros quinhentos, demorou, mas chegamos.
O hotel tudo de bom, banheiro limpinho, um bom chuveiro, quarto limpo e etc, a localização também era muito boa, já que estávamos em Santa Lucia e não precisávamos ir para Mestre (condado próximo) para dormir.
A gastronomia na Itália é algo muito bom, em geral, não é um preço muito alto e para ser cheff de qualquer restaurante aqui precisa ter diploma na área, o problema é que o tratamento geral que se dá aos turistas na Itália é muito parecido com o tratamento que damos aos turistas dentro de nosso país. Tenta-se arrancar dinheiro deles de qualquer forma, seja pedindo esmolas ou gorjetas, até colocando coisas a mais em sua conta no final da refeição, e esta prática é horrível, mas todos os restaurantes em Veneza fazem. Eles cobram uma taxa chamada de “Coperti” que seria relativo ao uso da mesa do restaurante, talheres e etc, e depois ainda cobram 10% relativo ao atendimento, e o que é pior 10% acima do “coperti” então isto toma uma proporção ainda maior.
As ruas da cidade são muito estreitas e cheia de escadas, uma vez que temos que cruzar pontes a todo instante, e isto torna Veneza um lugar temível para alguém que possui dificuldade de locomoção, agora, o mais impressionante é que a maioria de seus visitantes são idosos. No lugar onde em uma cidade normal temos avenidas, nesta são rios tendo o “canal grande” como seu maior rio e rodeado de outros afluentes, toda a água dos rios é salgada, pois Veneza é um conjunto de ilhas, ligadas umas as outras por pontes.
A cidade é muito antiga, creio que não se pode mais construir em Veneza, porém muitas casas estão em reforma, mas nunca foi tão bonito ver casas sem reboco, este combina com o ar da cidade e os rios bem verdes cortando a terra formam um intenso contraste entre o belo e o feio e este resultado é algo único.
Muitas casas tem sua saída somente pelo rio, e as gôndolas que hoje em dia é artigo para turista rico, no passado era usado em massa pela sua população local que vivia da pesca. Hoje em dia um simples passeio de gôndola custa um valor de aproximadamente €60,00 desculpe, mas pra mim isso é muito grana.
Uma festa muito tradicional em Veneza é o baile de máscaras, estas os convidados se caracterizam com uma túnica cobrindo dos pés a cabeça e apenas uma máscara é vista, por este motivo todas as lojas de souvenir vendem estes artigos (que pra falar a verdade é uma coisa que você nunca irá usar em sua casa, ou seja só tem finalidade em veneza).
O turismo é a atividade econômica mais forte em Veneza, algo que acho completamente compreensivo, uma cidade pequena, porém com muito charme, uma cidade que é impossível não se apaixonar por sua simplicidade, de não se perder no brilho de suas águas ou de suas ruas, e minha bússola que a diga, pois ela não se achou até hoje.

Ps. Gostaria de dedicar este post a meu irmão Denis aniversariante do dia, espero que você acerte mais do que erre, mas quando errar saiba olhar pra trás e aprender com ele e reconhecer seu erro, espero que você ganhe mais do que perca, mas quando perder, saiba dar o crédito ao vencedor, espero que você ame mais do que odeie, mas quando odiar saiba perdoar.
Vejo vocês dia 20 de novembro.
para ver o videozinho de Veneza acesse: http://ie.youtube.com/watch?v=F8x6mkZzhHY