Acordo normalmente às 9h, faço uma hora para sair de minha convidativa cama, para enfrentar o frio que entra pela fresta da porta. Faço alguns exercícios, nada de mais, só quero evitar os comentários que deixam um gordinho frustrado, coisas do tipo: - Nossa você passou bem na Irlanda né! – Nossa Paulinho, você já está pronto pro abate! Coisas assim me deixam muito chateado, em verdade eu tenho tendência, e, ou passo minha vida inteira comendo alface, ou posso ser um gordinho feliz, e na verdade prefiro a segunda opção. É bem verdade que quando passo além da conta, trato de fechar a boca, até claro o primeiro churrasco, que no caso da minha família, o primeiro final de semana.
Logo após meus exercícios matinais, tomo um café da manhã e vou para o banho, passo minha camiseta, pego a Penélope e vamos para a Prontaprint.
Eu adoro meu trabalho, não sou tão rápido como o Tim ou o Dave, mas presto muita atenção nos trabalhos que faço, sendo assim dificilmente eu faço algo errado, nas vezes que ocorreram estas falhas, tive minha parcela de culpa, claro, mas não fui o principal culpado.
Estava fazendo encadernação wire-o como todo o santo dia e colocando as mesmas dentro de envelopes, etiquetando para mandarmos para o correio, quando meu chefe disse que estava do lado errado, eu não havia percebido que deveria colar a etiqueta atrás do envelope e não na frente, talvez coisas deste tipo justifiquem a informação a seguir.
No site da Prontaprint, existe um campo que diz: -Our team! Ou seja “nosso time” e nele descreve um pouco sobre cada um dos profissionais que lá trabalham, tendo seu nome e suas características, tanto quanto sua experiência no ramo. Já chegando em minha parte eles descrevem da seguinte maneira: -David Crosbie: faz todo tipo de acabamento sempre procurando o melhor, ele já trabalha conosco há um ano, e quando possui muito trabalho ele recebe a assistência de um auxiliar temporário. Bom esta última parte aí sou eu. Eu trabalho todos os dias, nunca chego atrasado, não falto, como é uma prática bastante comum aqui, e é assim que sou visto. (segue o link caso alguém queira comprovar http://www.leesonst.prontaprint.com/Pages/OurTeam.aspx)
Todos da área de produção haviam saído para fumar, e eu aproveitei o momento para comer minha maçã. Que por sinal é uma espécie de cigarro para mim, fico ali mordendo e pensando na vida. Deu uma saudade, uma vontade que voltar pra casa, ficava imaginando como estão todas as coisas? como estão todos? estou aqui à cinco meses, e agora a saudade realmente começa a apertar, não apenas de minha família, mas como do ambiente brasileiro em geral, sinto saudades de poder ir em um restaurante sem ser o Mc Donald’s, fico com saudades de poder pegar o carro só pra ir a esquina, uma vez que aqui eu ando para ir do norte ao sul da cidade. Saudade de comer, pão com manteiga, de tomar o café da minha mãe ou simplesmente comer um churrasquinho com o Victor, saudades de pular na piscina, tomar caipirinha, comer feijão, jogar futebol, saudades de fazer trabalhos escolares, ir à saraiva e ver que livro novo saiu, saudade de um bom chuveiro, com que eu consiga esfregar minhas costas sem encostar no azulejo, saudade de assistir o jornal nacional, ver uma partida do São Paulo, ir na locadora, ir ao cinema. Saudades de mim. Resumindo, não há no mundo alguém que sinta mais falta de mim, do que eu mesmo.