segunda-feira, 30 de junho de 2008

O sabor da maçã

Hoje parece um dia típico de segunda-feira, se não fosse por um detalhe.
Acordo normalmente às 9h, faço uma hora para sair de minha convidativa cama, para enfrentar o frio que entra pela fresta da porta. Faço alguns exercícios, nada de mais, só quero evitar os comentários que deixam um gordinho frustrado, coisas do tipo: - Nossa você passou bem na Irlanda né! – Nossa Paulinho, você já está pronto pro abate! Coisas assim me deixam muito chateado, em verdade eu tenho tendência, e, ou passo minha vida inteira comendo alface, ou posso ser um gordinho feliz, e na verdade prefiro a segunda opção. É bem verdade que quando passo além da conta, trato de fechar a boca, até claro o primeiro churrasco, que no caso da minha família, o primeiro final de semana.
Logo após meus exercícios matinais, tomo um café da manhã e vou para o banho, passo minha camiseta, pego a Penélope e vamos para a Prontaprint.
Eu adoro meu trabalho, não sou tão rápido como o Tim ou o Dave, mas presto muita atenção nos trabalhos que faço, sendo assim dificilmente eu faço algo errado, nas vezes que ocorreram estas falhas, tive minha parcela de culpa, claro, mas não fui o principal culpado.
Estava fazendo encadernação wire-o como todo o santo dia e colocando as mesmas dentro de envelopes, etiquetando para mandarmos para o correio, quando meu chefe disse que estava do lado errado, eu não havia percebido que deveria colar a etiqueta atrás do envelope e não na frente, talvez coisas deste tipo justifiquem a informação a seguir.
No site da Prontaprint, existe um campo que diz: -Our team! Ou seja “nosso time” e nele descreve um pouco sobre cada um dos profissionais que lá trabalham, tendo seu nome e suas características, tanto quanto sua experiência no ramo. Já chegando em minha parte eles descrevem da seguinte maneira: -David Crosbie: faz todo tipo de acabamento sempre procurando o melhor, ele já trabalha conosco há um ano, e quando possui muito trabalho ele recebe a assistência de um auxiliar temporário. Bom esta última parte aí sou eu. Eu trabalho todos os dias, nunca chego atrasado, não falto, como é uma prática bastante comum aqui, e é assim que sou visto. (segue o link caso alguém queira comprovar http://www.leesonst.prontaprint.com/Pages/OurTeam.aspx)
Todos da área de produção haviam saído para fumar, e eu aproveitei o momento para comer minha maçã. Que por sinal é uma espécie de cigarro para mim, fico ali mordendo e pensando na vida. Deu uma saudade, uma vontade que voltar pra casa, ficava imaginando como estão todas as coisas? como estão todos? estou aqui à cinco meses, e agora a saudade realmente começa a apertar, não apenas de minha família, mas como do ambiente brasileiro em geral, sinto saudades de poder ir em um restaurante sem ser o Mc Donald’s, fico com saudades de poder pegar o carro só pra ir a esquina, uma vez que aqui eu ando para ir do norte ao sul da cidade. Saudade de comer, pão com manteiga, de tomar o café da minha mãe ou simplesmente comer um churrasquinho com o Victor, saudades de pular na piscina, tomar caipirinha, comer feijão, jogar futebol, saudades de fazer trabalhos escolares, ir à saraiva e ver que livro novo saiu, saudade de um bom chuveiro, com que eu consiga esfregar minhas costas sem encostar no azulejo, saudade de assistir o jornal nacional, ver uma partida do São Paulo, ir na locadora, ir ao cinema. Saudades de mim. Resumindo, não há no mundo alguém que sinta
mais falta de mim, do que eu mesmo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Onde Nasce a chuva parte dois

Jantamos em um restaurante típico irlandês, e pedimos uma refeição realmente muito boa e feita com muito capricho. No bar, havia música irlandesa típica e o inglês pouco se ouvia daquelas pessoas, que tem como primeira língua o gaélico.
Fiquei conversando com o Paulo e cheguei uma conclusão, o Brasil é muito caro, tudo que consumimos aí é muito acima do custo que deveria ser. Aqui qualquer que seja seu emprego, você ganhará o mínimo para conseguir alugar um quarto e tocar sua vida, sem muito luxo é verdade, mas honestamente. Já o Brasil tudo é muito caro, pela realidade salarial do país, impulsionado com certeza pelo nosso imposto que foi feito por ignorante, ou seja, tudo que você ganhar, dê para o governo. Em outras palavras: “O Brasil é legal, mais é uma bosta, já aqui é uma bosta, mais é legal” afinal de contas estamos na Europa.
Acordamos às 7h e fomos tomar um café tipicamente irlandês na casa dos donos do B&B e claro devolver a chave. Corn flakes, leite, café aguado, pães, lingüiça, bacon e ovos. Com um café da manhã destes não tivemos escolha, tivemos que viajar com o vidro do carro aberto, isto é, molhados e com um frio do cace... Uma hora depois e muitas tentativas erradas, achamos os Cliffs.
Lá em cima, o vento age com violência sobre seus ouvidos, muitas vezes te impedindo de prosseguir o caminho. A chuva passa a vir de baixo para cima também, sendo assim, não adianta se proteger, e sinceramente, precisaríamos de um guarda-chuva de aço, se quiséssemos enfrentar aquele vento.
A força do vento é tão forte que quando estava descendo os Cliffs, estava com a gola de minha jaqueta de couro levantada, impedindo de entrar vento em minhas costas, porém, eu quase fui nocauteado, por uma seqüência de tapas de minha própria gola em meu rosto, e como ardeu. As pedrinhas voaram do chão e uma acertou meu supercílio que ficou inchado.
Ao entrarmos no carro, quase congelados, só conseguimos falar: -Hu, quentinho!
Continuamos em sentido a Limerick para almoçarmos e seguir nossa viagem de volta.
Aqui não tem o popular Self-service, a diferença de preço entre o fast-food e o a la carte é enorme, sendo assim, somos impulsionados a comer no Mc Donald’s e companhia, porém em Limerick, nós corremos a avenida principal atrás de algo diferente e acabamos comendo comida chinesa, resultado final: tivemos que voltar com o vidro aberto novamente.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Onde Nasce a Chuva

É muito complicado descrever em apenas um post um final de semana tão recheado quanto este ultimo que tive, de fato demorei um pouco para o outro texto, pois estive um pouco atarefado.
Combinamos de ir a Galway (cidade do oeste da Irlanda) para visitar os Cliffs of Moher, uma cordilheira que neste caso; uma foto fala mais do que mil palavras. Clara e eu estávamos querendo ir a este lugar já a um determinado tempo e encontramos os parceiros ideais. Tânira e Paulo um casal do Rio Grande do Sul que conhecemos aqui. Eles são muito inteligentes e conversam sobre tudo e em uma viagem de duas horas isto faz todo o diferencial. Combinamos tudo com nossos parceiros de aventura, entrei na Internet e procurei uma empresa de locação de carro. Após marcarmos tudo, Clara e eu fomos até o centro de Dublin de baixo de chuva para pegarmos o carro, porém após uma longa espera a menina que nos atendeu disse que não poderia alugar o carro para nós, uma vez que meu cartão não havia passado o valor de €900,00, solicitado como garantia, e após devolvermos o carro este valor seria estornado, sendo assim, mais chateado com a grosseria da atendente do que necessariamente por ter dado errado, encontramos Paulo e a Tânira e voltamos para casa. Entrei na net mais uma vez e achei uma empresa que não pedia depósito algum, porém ficava no aeroporto. Fomos até lá e exatamente às 15h do sábado conseguimos alugar o carro. Creio que qualquer pessoa poderia pensar que perdemos o final de semana, mas estava apenas começando.
Na Irlanda o tempo normal é a chuva, quando faz sol, isto muda totalmente o humor dos irlandeses, mas pode ter certeza, o tempo logo voltará ao normal, ou seja, chovendo. Desta vez a chuva não esboçou nenhum sinal de misericórdia, sobre nossos guarda-chuvas pouco eficientes, contra o vento forte.
Ao entrarmos no carro senti o primeiro baque e vi que aquela viagem seria mais um desafio do que propriamente um lazer. Alugamos o novo corsa, um carro muito bonito, mas pra quem está acostumado com caminhonete, ele realmente era lerdo. E por falar em costumes, vocês não fazem idéia como é difícil trocarmos a marcha com a esquerda, os pedais continuam na mesma ordem, ou seja, da esquerda para direita, embreagem, freio e acelerador (que no caso do corsa seria mais cabível como andador ao invés de acelerador) isto faz com que automaticamente você coloque a mão na porta ao invés de colocá-la no câmbio, mas isto não é o mais difícil. Difícil mesmo é achar o centro do carro, você fica sem saber se estar no centro da pista e em verdade perdi as contas de quantas vezes estava indo para o acostamento ou saindo da estrada.
Esfriou muito naquela tarde de sábado e a chuva tornou-se mais forte. Enfim chegamos a Galway e ao dar uma voltinha pela cidade as ruas começaram a transbordar e nossa procura por um Hostel ou alguma acomodação teria sido em vão, pois todos os Hosteis da cidade estavam cheios, por causa da apresentação de uma bandinha de músicas teen na cidade. Entrei no carro congelando e todo molhado e a única frase que consegui pronunciar me deparando com o calor do lado interno do carro foi: -Hu, quentinho!!!
Estávamos ficando preocupados em não encontrarmos local para dormir, e decidimos ir para outra cidade, mais próxima dos Cliffs. Encontramos um B&B (Bed and Breakfast- cama e café da manhã) este nos disse que nos deixaria em um Hotel, pelo preço do B&B, fechamos claro, mas quando chegamos no tal Hotel descobrimos que era uma casa, de 4 quartos toda novinha, porém ela estava sozinha, e seria toda nossa, pelo menos naquela noite.
Se tem uma coisa que sinto falta do Brasil é o chuveiro, aqui talvez como eles não são acostumados a tomar banho, o chuveiro faz uma economia de água. Sabe quando você tem um dia difícil e chega em casa só quer tomar um banho pra relaxar? Pois é eu não tenho esta opção aqui. Já aquele chuveiro era diferente, e pelo incrível que pareça possuía até banheira. Pronto é isto que eu quero da vida.
Final da parte 1

domingo, 15 de junho de 2008

Uma gota no Oceano

A vida nos prega muitas peças ao longo de seu trajeto e como cristão-católico me recuso a acreditar em coincidências, acredito sim em vontade de Deus, tudo tem uma resposta, só que muitas vezes não temos sabedoria para interpretarmos o por quê.
Encontrei aqui dois vizinhos meus do Brasil, Thiago e Maíra, ambos moravam na Rua ao lado da Rua A. Minha mãe era muito amiga da mãe da Maíra, o que nos faz conhecer desde criança, até porque o bairro em que cresci, era novo, com novos casais e lógico, crianças.
Quando cheguei em Dublin e ainda estava perdido, minha mother-host (a mãe da Host-family) Gayle, chamou alguns brasileiros para um jantar, a fim que eu conhecesse mais pessoas em Dublin, e para minha surpresa Thiago e Maíra entraram pela porta. Eu nem sabia que ambos estavam fora do país e de repente me deparo com eles do outro lado do Atlântico, muito improvável, mas acontece. Perdi as contas de quantas partidas de futebol já havia jogado com ou contra o Thiago e também quantas vezes eu encontrava a Maíra em festas de escola e em comemorações familiares, uma vez que o primo dela (Gabriel) era baixista da minha ex-banda.
Após mais uma partida de futebol, perguntei se eles pretendiam morar em Dublin. O Thiago foi categórico ao responder:
-Aqui, se tem uma vida boa sem muito esforço, o custo de vida é muito mais baixo, mas se ficarmos, estaríamos confinados a viver no submundo e a saudade pesa muito.
-Mas e aí planos para o final de semana?
-Claro que não!
Dublin não é nem de perto uma cidade com opções de entretenimento, tanto é que a maior parte da diversão da cidade fica confinada aos pubs, desta forma



, nós como cidadãos de uma realidade paralela, procuramos brechas em nossos momentos de lazer, para desfrutarmos de passeios a determinados bairros.
Com a falta do poder aquisitivo, para podermos desfrutar de tantas outras modalidades de diversão como: cinema, restaurantes, viagens e etc. nós nos contentamos em tomarmos um ônibus e sairmos em busca de um determinado parque, castelo, ou qualquer outro ponto de visita e desta vez a nossa escolha foi o jardim botânico.
A chegada foi muito mais rápida do que o previsto, e a entrada é franca. Nos encontramos na frente da escola, ao meio dia em ponto e não houve nenhum atraso, mas desta vez os personagens de nossa busca cultural mudou um pouco, fomos: Clara, Deise, Angélica, Thiago e eu. Uma tarde muito agradável, pela companhia e conversas que o caminho se encarregava de conduzir, de acordo com a nossa rota, nós íamos mudando também o assunto da conversa. Demos comidas aos esquilos e vimos muitas plantas, mas que sinceramente você meu querido leitor deve cuidar melhor da sua plantinha de escritório do que as que estavam no jardim. Algumas partes do parque estava abandonada, e em verdade não vi o mesmo capricho com a jardinagem, quanto vejo no parque Stephens Green, isto me deixou muito decepcionado, e para terminarmos nossa aventura fomos até o super mercado e compramos pães, salsichas, maionese e etc, para fazermos uma reuniãozinha aqui em casa. Sinceramente, estava muito melhor.

Gostaria agora de mandar os parabéns para minha amiga Vá. Por todo este tempo que te conheço vejo que está moldando um caminho muito longo e lindo a sua frente, não desista de seu ideal. Cléber e Léo, muito obrigado pelo carinho, em ter ligado e realmente se importado com seu irmão caçula e em especial para meu pai. Porque este final de semana foi dia dos país aqui, e meu deu vontade de te abraçar.

See you soon



segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sunday Bloody Sunday

A briga entre as Irlandas é muito antiga, por um lado temos a Irlanda do Norte aliada ao Reino Unido e do outro os Irlandeses coloniais. Esta briga deu origem nos anos 20, desde que ingleses e residentes locais pregaram sua separação do resto da ilha, porém este movimento ganhou muito mais força no período pós-primeira guerra, onde a Irlanda do Norte começou a ter auxílio da Inglaterra para a evolução fabril, principalmente na área têxtil. Enquanto a Irlanda do Norte se desenvolvia economicamente a República da Irlanda continuava a viver de cultivos agrícolas, e mesmo tendo um dos solos mais férteis da Europa, sua imagem era não muito melhor que escravos. Esta evolução na parte norte da ilha fez com que milhares de irlandeses do sul migrassem para o norte em busca de maior desenvolvimento e oportunidades de trabalho. O parlamento norte irlandês tratou de fazer uma estratégia para que conservar sua supremacia, retirando o direito de voto do povo do sul em suas terras, não permitindo que católicos irlandeses morassem em determinados bairros das cidades, não dando oportunidades de estudo e etc. Durante a segunda guerra mundial a Inglaterra passou toda sua produção para a Irlanda do Norte, sendo assim aumentando a oferta de trabalho. Um número maior de irlandeses migraram para Belfast e seus arredores, que nos anos 60 chegaram a representar 35% da população da região e impulsionado pelo movimento de igualdade implantada nos Estados Unidos pelo Dr. Martin Luther King, os irlandeses repararam que sua discriminação no território, não era diferente da mesma pelos negros americanos, começou então as passeatas ativistas pró-liberdade.
A primeira passeata a ser violentamente atacada pelos protestantes foi no dia, 1 de janeiro de 1969 que ia de Belfast (capital da Irlanda do Norte) até Londonderry (pólo industrial) esta estava desarmada e foi massacrada por armas de fogo.
O ressurgimento do I.R.A. (irish republican army - grupo católico) veio para combater o Death Squad (esquadrão da morte - grupo protestante) e no dia 30 de janeiro de 1972, aconteceu a maior chacina contra irlandeses. Pára-quedistas ingleses dispararam contra uma passeata desarmada, matando 13 pessoas e ferindo centenas, este foi o estopim da batalha entre o norte e o sul da Irlanda, este ato ocorreu durante um domingo, por isto a expressão Sunday Bloody Sunday, que ficou mundialmente conhecida na voz de Bono Vox, que por sinal é protestante.
Hoje em dia a República da Irlanda tem se organizado, reduzindo os impostos e se tornando mais atrativa para diversas empresas, desenvolvendo assim o comercio, a educação e etc. Porém agora de povo que sempre migrou em busca de novas oportunidades agora se vê na contra-mão de sua história, tendo que solucionar e conter o problema da migração para seu país.
Eu particularmente acredito que em menos de 15 anos todas as pessoas que entrarem na Europa deverão se cadastrar, mantendo sempre seus dados atualizados, e a concessão de vistos será ainda mais difícil.
O Brasil, um dos países que produz mais imigrantes, terá que pensar em algo para que assim como a Irlanda, se torne mais atrativo para empresas. Cerca de 45.000 brasileiros estão em Dublin atualmente, 1.300.000 estão nos Estados Unidos, e assim por diante. Vale frisar que as pessoas que saem do Brasil em busca de menores taxas, maior valorização profissional ou educação, são em sua maioria, as mesmas que possuem força para mudar nosso país.
Fico chateado de ver o potencial que nosso país tem e como deixamos a corrupção e as taxas absurdas ganharem.
Se todos os brasileiros não pagassem impostos durante apenas dois meses, a reforma tributária aconteceria. Eu não quero que meus heróis morram de overdose, quero que eles estejam no poder, mas infelizmente não estão.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Duas rodas e uma lembrança


O trânsito possui mão invertida, isto é, a famosa mão inglesa, desta forma fica muito difícil guiarmos um veículo aqui, até porque se ultrapassa pela direita e todos os nossos reflexos tendem a ir para este lado. O volante do carro fica do lado direito do veículo e para usar o câmbio utiliza-se a mão esquerda, em verdade morro de medo de ir trocar de marcha e acabar abrindo a porta, mas não corro este perigo, até porque o mais próximo que chego de um veículo motorizado é quando pego ônibus, e normalmente não sou o motorista.
Estávamos indo ao centro por Rathmines, quando a Clara reparou uma bicicleta deitada na rua, sem ninguém por perto. Logo pensei: -Bom deve ser de algum destes garotinhos que estão jogando futebol. Porém a Clara me disse: - Vamos pegar a bicicleta? - Imagina, deve ser de algum destes garotinhos! Enquanto acabava de falar me dei conta que todos já haviam entrado e deixaram a bicicleta, para trás. – Du, se nós não pegarmos outra pessoa irá pegar! Analisei os fatos e entendi que tinha razão. Subi na bicicleta “rosa” e sai a pedalar muito rápido imaginando que alguém pudesse me alcançar. Durante o caminho, reparei que a mesma estava com o guidão (guidão, guidon é muito feio) solto e muito provavelmente havia sido abandonada, pois estava muito judiada. Cheguei em casa em apenas 5 minutos, caminho este que demorei vinte minutos a pé. Deste dia em diante comecei a ter que pagar o IPVA irlandês, uma vez que uso a “Penélope” para tudo. Compramos também uma outra bicicleta, menorzinha, afinal de contas a Clara precisa encostar o pé no chão, e eu suei para consegui convencê-la a não levar um velotrol ou uma tonquinha.
Começamos agora a enfrentar um outro problema: A segurança de nossas bicicletas. A grande maioria das bicicletas em utilização na cidade, pertencem a imigrantes, devemos ressaltar também que o número de imigrantes em Dublin é altíssimo, dando espaço para o surgimento de grupos, contra-imigrações ou o que é pior neo-nazistas. As bicicletas são alvos fáceis de grupos de adolescentes revoltados e porque a nossa seria uma exceção?
Andar de bicicleta vale este esforço, fora a praticidade de transporte, pois antes, íamos para o centro em 25 minutos e agora apenas oito, sentimos a sensação que apaixonam os motoqueiros do mundo todo, o vento no rosto, o se sentir livre, até o próximo veículo jogar uma possa de água em você.
O governo estimula o uso das bicicletas, criando muitas ciclovias e fazendo muitos lugares como estacionamento das mesmas. Não tenho este número exato, mas creio que em Dublin exista mais bicicletas em uso diário, do que motos. Muitos bike-boys fazem o setor de entrega, até mesmo na prontaprint.
Por falar em Prontaprint, eu não sei em verdade quando irei embora, mas irei sentir uma falta tremenda dos meus amigos de trabalho, eles me ajudam muito aqui, e já estamos fazendo eventos da empresa. Marquei um futebol, e estamos jogando todo sábado, como a maioria dos jogadores são brasileiros, os irishes já estão aprendendo um monte de palavras em português, tais como: Ladrão, Toca, Aqui, Atrasa, no meio, escanteio, falta, aperta, filho da p.... e assim por diante.
Mas o melhor de tudo isto é, voltar de bicicleta e pensar nas histórias de segunda feira.
Portanto tenho um pedido a fazer. Este final de semana, de uma olhada para sua “magrela” e tire a poeira de cima dela e se rolar o clima, dê uma voltinha. Sua infância irá agradecer, porque é impossível andar sem se lembrar desta fase.